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'Nunca perdi a esperança', diz pai de jovem do ES raptada pelo tio há 9 anos

'Nunca perdi a esperança', diz pai de jovem do ES raptada pelo tio há 9 anos

Vítima, hoje com 25 anos, foi sequestrada aos 15 anos, em Rio Bananal, no Norte capixaba, e mantida em cárcere privado por quase 10 anos em cidade da Bahia

Publicado em 23 de setembro de 2024 às 07:52

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Jovem foi resgatada em cativeiro na cidade de cidade de Jucuruçu, na Bahia
Jovem foi resgatada em cativeiro na cidade de cidade de Jucuruçu, na Bahia. (Divulgação | Polícia Civil)

O pai da jovem de 25 anos, libertada após ser raptada e mantida em cárcere privado pelo tio por quase dez anos, falou pela primeira vez após reencontrar a filha e disse que a família nunca perdeu a esperança de encontrá-la. A vítima é de Rio Bananal, no Norte do Espírito Santo, e foi resgatada em Jucuruçu, no extremo sul da Bahia, em uma operação policial realizada entre quinta (19) e sexta-feira (20).

Desaparecida desde 2015, ela foi encontrada em um cativeiro localizado em uma área de difícil acesso. Durante todo o tempo em que foi mantida em cativeiro, a jovem sofreu diversas agressões físicas e verbais, e chegou até a engravidar do tio.

Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público do Espírito Santo, que lideraram a operação, há oito meses o suspeito de 43 anos teria dado um celular à vítima e, pelo aparelho, ela solicitou o resgate. Apesar da operação policial, o suspeito conseguiu fugir para a mata ao notar a chegada dos agentes. As buscas pelo homem continuam.

Emocionado, o pai comentou que toda a família ficou empenhada em procurar pela filha.

"Minha filha ficou 10 anos fora de mim. Foram 10 anos de sofrimento, a gente aqui preocupado, lutando, pedindo ajuda. E quando a gente conseguiu, a gente fica sem chão. Alguns dias eram mais difíceis que os outros. Mas eu nunca perdi a esperança, sempre acreditei", relatou.

Investigação

A operação começou na madrugada dessa quinta-feira (19), quando os policiais civis, acompanhados pelo pai da vítima, seguiram de Rio Bananal, no norte do estado do Espírito Santo, com destino à Jucuruçu, na Bahia, num trajeto de 450 Km de distância.

As equipes realizaram campanas para identificar o cativeiro e, na manhã desta sexta-feira (20), cercaram o local.

"O criminoso conhecia muito bem a área e, apesar de ser perseguido pelos policiais por um longo período, conseguiu evadir. Continuamos as buscas para capturá-lo", explicou o delegado Fabrício Lucindo, chefe da 16ª Delegacia Regional de Linhares, no Espírito Santo.

De acordo com os autos do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES), o tio passou a coagir a vítima em 2014, quando residiam no município de Rio Bananal, e cometeu o primeiro abuso sexual contra ela ao descobrir que mantinha “paqueras” na escola.

O reencontro

Um vídeo mostra o momento emocionante do reencontro da moça com o pai após o resgate. As imagens foram registradas pela Polícia Civil do Espírito Santo. O pai detalhou como foi esse reencontro.

"Foi muito bom. Eu não sabia se chorava de felicidade por estar abraçando ela ou tristeza de ver ela naquela situação precária. Pelo o que eu vi lá, era uma situação difícil, não era isso que eu queria para a minha filha", disse.

Além de libertar a vítima, a polícia apreendeu no local usado como cativeiro três armas de fogo de fabricação caseira, incluindo uma calibre 12 e um revólver calibre 38, além de munições e documentos falsos. As armas não possuem autorização legal. Agora, a família pensa em buscar ajuda psicológica para tentar recomeçar.

"Ela está muito abalada, está sofrendo psicologicamente, muito deprimida. Vamos tentar buscar algum tratamento para ela e pra gente também. Tem que dar um jeito de prender esse cara, se não a gente não vai ter sossego. Um cara que faz uma coisa dessas com a sobrinha, não é homem. Queremos justiça", pontuou o pai.

Relatos de violência

A jovem teria começado a ser coagida em 2014, quando o suspeito cometeu o primeiro abuso sexual contra ela ao descobrir que mantinha “paqueras” na escola. Ela foi sequestrada aos 15 anos em Rio Bananal, no Norte do Espírito Santo, e levada para Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia. Na época, a jovem deixou uma carta para a família.

"Ele a vigiava o tempo todo e nunca permitiu que ela frequentasse a escola. A vida dela era completamente controlada por ele. A vítima passou por vários locais, incluindo a capital Vitória, onde viveu por três anos, antes de ser levada para Jucuruçu. Durante todo o tempo, ela foi obrigada a trabalhar na roça e recebia apenas R$ 100,00 por mês”, afirmou o delegado Fabrício Lucindo.

Ao chegar a Bahia, passou a ser deixada trancada em casa. O suspeito dizia que se ela tentasse fugir, mataria ela e a família. Desde então, só saía de casa acompanhada do suspeito e era vigiada todo o tempo e não permitia que ela fosse à escola e era constantemente agredida fisicamente.

O suspeito monitorava conversas ocasionais dela com outras pessoas. Tio e sobrinha viajavam apenas de carro, nunca de ônibus. Por conta dos abusos sexuais, ela engravidou dele, mas o bebê morreu 21 dias após o nascimento.

Ela foi levada pelo suspeito para outras cidades, como Vitória, no Espírito Santo, e depois para Jucuruçu, onde chegou com 18 anos. Era obrigada a trabalhar na roça e o suspeito lhe dava R$ 100.

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*Com informações do g1ES e da TV Gazeta Norte

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