A dor de um divórcio pode ser comparada à de um luto, porque um relacionamento também tem uma vida e, quando ele termina, é preciso lidar com o mesmo tipo de situação: a perda de alguém que por muito tempo esteve presente. Mas como lidar com as emoções e encontrar caminhos para recomeçar?
Em entrevista à CBN Vitória, o comentarista do quadro Questões de Família, José Eduardo Coelho Dias, e a advogada especialista em Família e Sucessões, Alliny Burich, explicam que os indivíduos não são “naturalmente treinados” para rupturas e projetam, muitas vezes, as suas expectativas a outra pessoa. “Infelizmente, as rupturas são existentes por inúmeros motivos e cada indivíduo vai reagir de uma maneira ao término. Mesmo assim, são presentes as fases do luto”, explica Eduardo.
De acordo com Alliny, o sofrimento e as fases do luto são vividas tanto pela pessoa que pede o divórcio quanto pela que recebe a notícia da separação. “Alguns especialistas e autores falam de ‘passos’, mas prefiro trabalhar com fases, catalogadas como: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação”, destaca.
A advogada ressalta que os comportamentos podem ser apresentados por alguns indivíduos em ordem, entretanto, não precisam surgir na mesma disposição, momento e intensidade para todos. “Cabe lembrar que todas as emoções são perfeitamente normais. Devemos considerar que, diante da separação de um casal, o luto aparece se houver sentimentos muito fortes. Por isso é preciso entender em que cada fase consiste. Isso pode aliviar significativamente a dor”, destaca.
Segundo a advogada, no caso das separações, a pessoa afetada não consegue acreditar que o relacionamento acabou. Portanto, continua a agir como se a qualquer momento a outra pessoa fosse voltar, não alterando sua rotina nem sentimentos em relação ao que aconteceu.
Durante esse momento, o indivíduo fica inconformado e revoltado com a situação, sentindo muito desgosto, ressentimento e dor. No processo, é comum sentir falta de apetite, alterações no sono e no humor.
No momento da barganha — também identificada como a negociação — o indivíduo tenta reverter a situação, podendo ir até mesmo atrás do outro para reconquistá-lo. Algumas pessoas podem apresentar chantagens emocionais e súplicas de amor.
Durante essa fase, a pessoa já começa a aceitar que o outro não irá mais retomar para a sua vida. Entretanto, acredita que não sairá do estado de tristeza após o término. É comum se sentir sem esperança e não acreditar em outro amor, pensar que sua vida não voltará mais a ser prazerosa.
A última etapa do luto ocorre quando a nova realidade é, finalmente, aceita. O indivíduo entende que o processo aconteceu e que não precisa do outro para a sua felicidade. A partir desse momento, é preciso reorganizar as ideias e fazer novos projetos. Gradualmente, a pessoa adormece o sentimento de luto.
Os especialistas também destacam que o tempo em cada fase do luto depende de cada pessoa, não devendo ser apressado ou comparado ao ocorrido em outros términos. "O mais importante é que a pessoa seja paciente consigo mesma e tenha em mente que a situação não é fácil, é necessário avançar, aos poucos, na recuperação, contando sempre com a ajuda de profissionais especializados em saúde mental. O apoio da família e dos amigos", explica a advogada.
Além disso, é necessário ter atenção não apenas aos sentimentos do casal, mas dos filhos, que vão sentir com a nova configuração familiar. "Os filhos vão passar de uma maneira mais simples pelo processo de divórcio se os pais forem maduros o suficiente para deixá-los de fora de assuntos muito íntimos e pessoais do casal. Dependendo da idade, eles não precisam entender todos os motivos pelos quais os pais estão se separando. Além disso, também vão precisar de um amplo acompanhamento psicológico, escolar e familiar nesse momento tão delicado", finaliza Alliny.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta