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O que mudou no ES desde o início do isolamento imposto pela pandemia

O que mudou no ES desde o início do isolamento imposto pela pandemia

Comércio funcionando em dias alternados, escolas e shoppings fechados, redução da circulação de pessoas são algumas das consequências da crise na saúde

Publicado em 29 de maio de 2020 às 10:54

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Vitória - ES - Abertura do comércio na avenida Jerônimo Monteiro no Centro de Vitória.
Vitória - ES - Abertura do comércio na avenida Jerônimo Monteiro no Centro de Vitória. (Vitor Jubini)

O isolamento social determinado pelo governo do Estado devido à pandemia do novo coronavírus mudou a rotina no Espírito Santo, com a suspensão de atividades, limitação da circulação de pessoas e a restrição à realização de encontros e eventos. Já são mais de dois meses desde que as primeiras medidas foram anunciadas, mas a evolução da Covid-19 em território capixaba ainda deixa a população sem perspectiva de volta à normalidade. 

As escolas, cujo fechamento começou gradativamente a partir de 17 de março, ainda estão com as atividades presenciais suspensas até o final de maio, porém não está descartada a possibilidade de a medida se estender por mais um período. O secretário estadual da Educação, Vitor de Angelo, já mencionou que o segmento deve ser um dos últimos a ser totalmente restabelecido.  Mesmo nos municípios em que o risco de transmissão da doença é baixo, já que as redes precisam ter unidade no calendário escolar.

Nos shoppings, as restrições começaram de maneira mais branda, com redução do horário de atendimento, mas logo a decisão pelo fechamento total foi adotada. A princípio, o fechamento seria por 15 dias, porém já dura mais de 60. O governo do Estado propôs a retomada com dias alternados de funcionamento, assim como tem ocorrido com o comércio de rua nas cidades de risco alto de transmissão, mas o setor considerou a alternativa inviável. 

A mesma avaliação tem os representantes das grandes academias de ginástica, cuja liberação de funcionamento foi concedida nesta semana, desde que respeitadas as recomendações como, por exemplo, limite de frequentadores por horário. 

Bares e restaurantes puderam ficar de portas abertas, mas com o horário limite para fechar, às 16h. As restrições impulsionaram os serviços de entrega de produtos desde comida pronta até alimentos da feira. Atividades consideradas essenciais, como a de supermercados e farmácias, foram mantidas, mas obedecendo a critérios de segurança para evitar aglomeração: o número de clientes passou a ser limitado e o uso de máscaras obrigatório.   

TERMÔMETRO

O funcionamento do comércio, por sua vez, é um termômetro de marcador bem à mostra das cidades capixabas. Se os indicadores estão desfavoráveis, com nível de transmissão alto, logo os comerciantes precisam respeitar a determinação de abrir em dias alternados, e somente de segunda a sexta. Atualmente, em Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Fundão, Boa Esperança, Presidente Kennedy, Marataízes, Alfredo Chaves e Afonso Cláudio há essa restrição.

Também houve determinação para que as igrejas não realizassem celebrações com mais de 50 pessoas e que fosse respeitado o distanciamento social. Boa parte optou por suspender as atividades presenciais, e tem realizado encontros virtuais. Até o maior evento religioso do Estado, a Festa da Penha, adotou o novo formato neste ano. Por outro lado, algumas denominações já foram denunciadas por descumprir as normas.

As restrições e as medidas de proteção foram sendo incorporadas à medida da evolução da Covid-19 no Estado, e conforme a incidência da doença nos municípios. Num primeiro momento, por exemplo, as máscaras eram recomendadas somente para os profissionais da saúde e para as pessoas que estivessem com sintomas gripais. Contudo, desde que o Espírito Santo passou a ter transmissão comunitária, quando não é mais possível identificar a origem da contaminação, não se deve mais sair às ruas sem o equipamento

LEITOS

O governo ressalta que as ações que limitam as atividades e a circulação de pessoas foram importantes desde o início, em particular o distanciamento social, para que houvesse um controle maior da curva de crescimento da Covid no Estado, e assim fosse possível preparar melhor o sistema de saúde para atendimento aos pacientes graves, que necessitam de internação. Para os leitos de UTI, por exemplo, a ampliação da oferta depende da aquisição de respiradores, cuja demanda mundial compromete o processo de compra. 

Em 13 de março, o governador Renato Casagrande anunciou a reserva de 120 leitos na rede pública para assistência das pessoas que desenvolvessem o quadro mais crítico da Covid-19. Nesta quinta-feira (28), já são 1.085, contando intervenções em hospitais estaduais para expansão das vagas e as unidades contratadas em filantrópicos e particulares. Apenas na terapia intensiva, há 507 leitos, com taxa de ocupação em 77,12%.

O percentual de utilização das vagas de UTI é um dos indicadores que também determina a adoção de medidas mais restritivas, ou a flexibilização. Se a taxa chegar a 91%, somada à alta incidência de casos no município, número de pessoas com mais de 60 anos e baixo nível de isolamento social, o próximo passo será o lockdown, ou seja, o bloqueio total de atividades. 

Os quatro indicadores formam a nova matriz de risco implantada no Espírito Santo esta semana. Por esse novo modelo de análise de dados, mais municípios entraram nos riscos alto e moderado de transmissão. Na classificação, ainda há risco extremo, que obrigaria o governo a ações mais severas.

A grande dificuldade que o Estado tem enfrentado é o desrespeito à determinação de distanciamento social, cuja taxa mínima deveria ser de 55%, porém nos dias de semana fica sempre abaixo dos 50%.

O melhor desempenho desde que o governo passou a fazer o monitoramento em abril, em parceria com as operadoras de telefonia celular, foi no dia 17 de maio, um domingo, quando a taxa ficou em 57%. O distanciamento social tem um peso importante para uma eventual decisão pelo bloqueio total. 

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