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O que precisa ser feito para Vitória não ficar alagada após chuvas

O que precisa ser feito para Vitória não ficar alagada após chuvas

Especialistas afirmam que precipitações intensas têm se tornado cada vez mais comuns e apontam possíveis soluções para a cidade combater alagamentos

Publicado em 7 de abril de 2025 às 17:19- Atualizado há 10 dias

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Mais uma vez diversas ruas e avenidas de Vitória ficaram alagadas após a cidade ser atingida por chuvas, levantando dúvidas sobre o que teria provocado os alagamentos desta vez. Especialistas ouvidos por A Gazeta avaliam que tem chovido mais em um curto espaço de tempo em função das mudanças climáticas. Por isso, avaliam ser necessário pensar na reestruturação das estações de bombeamento e criar mais mecanismos para permitir a água permear no solo.

Segundo a Defesa Civil da Capital, foram 73,5 mm de chuva em 24 horas. Na avaliação do doutor e mestre em Ciência Florestal e Ambiental Luiz Fernando Schettino, o volume é realmente alto e deve se tornar cada vez mais comum em função do aquecimento global. Dessa forma, ele entende ser necessário debater algumas técnicas de drenagem, como a capacidade das estações de bombeamento de água.

"Eu não sei o dimensionamento do sistema de bombas, a eficiência e a funcionalidade dele. Acho que é uma questão que tem que ser muito debatida. O sistema precisa ser redimensionado ou reavaliado, verificar a eficiência, a funcionalidade."

Na mesma linha, o engenheiro civil Luciano Motta entende que estações de bombeamento como a de Bento Ferreira, em Vitória, que chegou a ficar sem energia durante a madrugada, precisam ser modernizadas.

"A estação de bombeamento tem o objetivo de tirar a influência da maré. Então, coloca-se uma comporta e toda drenagem que vem com a chuva vai ser bombeada. Essa estação é muito antiga, talvez tenha que ser modernizada. Hoje em dia você já tem estações automatizadas. Locais com esse nível de importância têm a obrigatoriedade de ter geradores, caso aconteça interrupção de energia", reflete.

"Dependendo do tipo de chuva, alaga mesmo e alaga em qualquer cidade do mundo. Não tem como dimensionar a fórmula de tempo de retorno, que usamos para calcular a capacidade da drenagem para uma chuva muito intensa. Senão teríamos que instalar muitas galerias na cidade e não haveria espaço", contextualiza.

Luciano Motta entende que drenagem é um tema complexo e não há solução única e mágica, mas avalia que os municípios capixabas podem adotar medidas para permitir que a água permeie no solo e não chegue tão rapidamente aos canais e galerias.

"Definir áreas que podem servir de reservatórios, áreas em que se use outro tipo de pavimento e não asfalto, investir em drenagem sustentável, que são diversos tipos de dispositivos que você pode captar água, é o que grandes cidades do mundo estão fazendo. Na China, existe até o termo 'Cidade Esponja'. Muitos reservatórios, captação, pavimento permeável, porque os canais e as galerias não aguentam essa quantidade de água tão rápido."

Avenida Carlos Moreira Lima, em Bento Ferreira, completamente alagada
Avenida Carlos Moreira Lima, em Bento Ferreira, ficou alagada após chuva. (Fernando Madeira)

Luiz Fernando Schettino, por sua vez, chama a atenção para um estudo que leve em consideração a influência do nível da maré na cidade e para a necessidade de cuidar do lixo jogado nas ruas.

"Também aqui na Grande Vitória tem um problema recorrente que é lixo, o que leva ao entupimento de muitos bueiros, de locais em que a água deveria escoar. Mas o importante para mim é que precisa ser feito um estudo muito robusto, envolver vários segmentos que entendem dessa matéria para que se tenha um plano efetivo, eficaz, de mitigação dos efeitos do aquecimento global."

Nesta segunda-feira (7), o impacto foi maior em ruas e avenidas dos bairros Bento Ferreira, Monte Belo e Praia do Suá. Situações semelhantes foram registradas em 23 de dezembro de 2024 e em 9 de janeiro deste ano, quando a água tomou conta de vias e impediu o fluxo de pedestres em outras cidades, como Vila Velha, Cariacica e Serra.

Prefeitura promete soluções

Através da Secretaria da Central de Serviços, a Prefeitura de Vitória salientou que as estações de bombeamento de águas pluviais estão em funcionamento, enquanto realiza análise técnica para instalação de geradores de energia nas estruturas.

Através de nota, a gestão municipal pontuou que “reconhece a importância estratégica desses equipamentos para garantir a continuidade dos serviços essenciais durante eventuais interrupções no fornecimento de energia elétrica pela concessionária EDP, como ocorreu nesta madrugada".

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