Após passar pelo pesadelo de perder o bebê em um acidente na madrugada do último dia 28, a caminho de Santa Maria de Jetibá, Luciana Casarotto Pontiari, de 35 anos, contou que o sofrimento não é somente dela e do marido. "Difícil, bastante difícil para nós. Não só para a gente enquanto casal, mas para toda a família também. Está todo mundo sofrendo, seria nosso primeiro filho", disse, em entrevista à repórter Carol Monteiro, da TV Gazeta.
Luciana, que estava grávida de nove meses, entrou em trabalho de parto e o acidente ocorreu no trajeto para o hospital. O marido dela, o pedreiro Luan Jonas Chiabai, de 30 anos, não conseguiu desviar de um buraco na estrada que liga o distrito de Caramuru ao centro de Santa Maria de Jetibá, e o carro acabou saindo da pista e capotando. O bebê nasceu dentro de um veículo que parou para ajudar o casal, mas não resistiu e morreu antes mesmo de chegar à unidade hospitalar.
Segundo Luciana, o filho Luiz Antônio – nome em homenagem ao avô da criança – nasceu com 52 cm e 3,7 kg, dentro dos parâmetros considerados saudáveis e adequados. Ela lembra que, pouco antes da tragédia, estava em Caramuru aproveitando os dias de carnaval com sua família, quando a bolsa estourou e o casal precisou sair de casa às pressas.
Segundo o pedreiro Luan Jonas Chiabai, o que teria sido um sonho realizado foi interrompido por uma estrada escura, sinuosa, e com muitos buracos.
O percurso que seria feito até o hospital duraria cerca de meia hora. Mas, para dificultar a chegada, nos postes da estrada não há iluminação nenhuma, de acordo com Luan . Como tudo aconteceu de madrugada, estava tudo escuro. "A única coisa que iluminava um pouco era o farol do carro. Quando minha esposa saiu, falou que o neném estava nascendo. Eu me lembro que entrei umas três vezes no carro, revirei tudo e não achei nossos celulares. Fiquei em dúvida se saía para procurar ajuda e a deixava sozinha", relatou.
O pedreiro disse que queria procurar ajuda, mas não queria largar Luciana sozinha, sob o risco de que algo pior acontecesse. "Perguntei se ela aguentava subir o morro, ela disse que sim. Subimos para pedir ajuda. A primeira pessoa encontrada, um caminhoneiro que saía de uma granja, não quis ajudar. Pensei que ele ajudaria, pedi socorro, gritando. Ele olhou e virou para o outro lado e foi embora", lamentou.
Inicialmente, sem conseguir ajuda, Luan e Luciana caminharam cerca de 400 metros, com o desespero aumentando na proporção da dor. Finalmente, um casal se solidarizou aos gritos de socorro e foi ajudar.
À reportagem da TV Gazeta, Luciana afirmou que não se lembra de quase nada da tragédia e que foi o marido quem contou como tudo aconteceu. Ela demorou vários dias para conseguir mexer no enxoval da criança.
Segundo apuração da repórter Carol Monteiro, da TV Gazeta, ainda nesta semana era possível ver pedaços do carro no meio do mato. Enquanto a equipe de reportagem passava na estrada para chegar ao local do acidente, foram encontrados trabalhadores da prefeitura de Santa Maria de Jetibá fazendo reparos e consertando outros buracos. E não eram poucos.
O sentimento para Luan é de total indignação. "É uma vergonha o conserto que estão fazendo, uma vergonha para a prefeitura. A gente paga imposto caro para ter um asfalto daquele e é uma estrada muito movimentada, em um distrito que gera muito dinheiro. Muita vergonha", ressaltou.
À reportagem da TV Gazeta, a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) informou, em nota, que o trecho da estrada citado faz parte do programa "Caminhos do campo" e que lá foram realizados os serviços de tapa-buraco e limpeza em fevereiro deste ano, além de já ter sido solicitado um novo serviço de pavimentação. A pasta também afirmou que o trecho contém curvas acentuadas e características que exigem que o usuário transite em velocidades baixas, de no máximo 40km/h.
Também demandada, a Prefeitura de Santa Maria de Jetibá informou que está realizando um serviço de tapa-buracos, ativo em todas as vias de responsabilidade municipal. Segundo o órgão, o trabalho tem sido desenvolvido por localidade. Além dele, já foram pavimentados mais de 10 km das vias do interior e asfaltados 35 km do município, tudo isso para garantir a trafegabilidade, segurança e escoamento de produtos.
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