A obra em que o trabalhador Paulino Tomé, de 73 anos, morreu soterrado na segunda-feira (23), às margens da BR 101, no Centro de Fundão, não tinha autorização para ser realizada, segundo informou a Eco101, concessionária que administra a rodovia federal no Espírito Santo. O idoso era funcionário da Fortaleza Ambiental Gerenciamento de Resíduos, empresa terceirizada que presta serviços para a prefeitura. Em nota enviada nesta terça-feira (24), a Eco detalhou que notificou os responsáveis pela obra.
Ainda segundo a concessionária, a empresa não realizou qualquer pedido de autorização. Portanto, não houve liberação para que a obra fosse feita naquele trecho.
De acordo com a Defesa Civil de Fundão, o corpo do idoso foi encontrado dentro de uma vala. Paulino estava com parte da perna soterrada e há indícios, segundo a Defesa Civil, que ele tenha sofrido uma pancada na cabeça.
Paulino Tomé morreu soterrado no mesmo dia em que a obra começou a ser realizada no local. A intervenção tem como objetivo melhorar a drenagem pluvial - processo de controle e armazenamento da água da chuva.
De acordo com o Centro de Controle Operacional da Eco101, equipes da concessionária foram acionadas na segunda-feira (23), às 13h11, para atenderem uma ocorrência em uma obra próxima ao km 230 da BR 101, em Fundão. Recursos da concessionária, como ambulância e viatura de inspeção, além de Corpo de Bombeiros, Samu, Polícia Militar e Polícia Civil estiveram no local.
A obra é da Prefeitura de Fundão, que contratou a empresa terceirizada. A Eco101 é responsável por autorizar qualquer reparo ou mudança no trecho da rodovia, por isso foi procurada pela reportagem.
A reportagem procurou a Fortaleza Ambiental, empresa para a qual Paulino Tomé trabalhava. Por meio de um comunicado, a companhia informou que as causas do acidente continuam sendo apuradas e serão apontadas após a realização de um laudo pericial.
A Fortaleza Ambiental lamentou o acidente ocorrido na segunda-feira (23) e afirmou que tem compromisso com as normas de segurança. "Toda assistência necessária está sendo ofertada à família. A empresa reitera suas condolências aos amigos e familiares do sr. Paulino Tomé", informou em nota.
Após a Eco informar que a empresa não tinha autorização para realizar a obra, A Gazeta voltou a procurar a Fortaleza Ambiental para entender por qual motivo a obra estava sendo realizada sem a devida permissão. Assim que um posicionamento for enviado esta matéria será atualizada.
Procurada, a Polícia Civil informou que a perícia da corporação foi acionada na tarde de segunda-feira (23) para uma ocorrência de acidente de trabalho no Centro de Fundão. O caso segue em investigação. O corpo da vítima foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para ser necropsiado e, depois, liberado para os familiares.
A Gazeta perguntou à Polícia Civil se houve algum erro humano ou falta de equipamento de proteção individual. Também perguntou se Paulino Tomé foi atingido por algum equipamento. Em nota, a corporação informou apenas que "as diligências e as investigações estão em andamento na Delegacia de Polícia de Fundão e outros detalhes não serão repassados".
Após a morte do trabalhador, a Prefeitura de Fundão se manifestou nas redes sociais se solidarizando com o ocorrido. "Sua partida deixa um legado de carinho, amizades e muitas saudades a todos. Neste momento de profunda dor e pesar, a administração municipal manifesta aos familiares e amigos as mais sinceras condolências", diz a nota da prefeitura.
Nesta terça-feira (24), a reportagem voltou a procurar a administração municipal para entender por qual motivo a obra começou a ser realizada sem autorização da Eco101. A prefeitura ainda não respondeu e o conteúdo será atualizado quando um posicionamento for enviado.
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