O Espírito Santo atingiu nesta quarta-feira (10) a marca de 80% de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados a pacientes com complicações decorrentes da Covid-19. Este nível de uso impacta diretamente na matriz de risco estadual — ferramenta com diretrizes e ações de combate à doença em território capixaba, além de ser gatilho para interromper a ajuda a pacientes que precisam ser transferidos de outros Estados para cá devido à crise sanitária.
Os dados são do Painel de Ocupação de Leitos Hospitalares, atualizado diariamente pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Nele são considerados os leitos que fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS) e que estão sendo destinados ao atendimento exclusivo de pacientes com o novo coronavírus.
Apesar da maior pressão hospitalar, a Sesa reforça que em momento algum o Estado colapsou e enfatiza o plano de expansão de leitos de UTI já anunciado pelo governador Renato Casagrande: serão abertos 158 leitos até o final de abril. A maioria deve ficar disponível ainda neste mês de março, e dez já foram entregues no último sábado (6), em Vitória.
70 leitos até o dia 15 de março
• 10 no Hospital de Vitória (já entregues)
• 20 no Hospital Santa Mônica
• 18 no Hospital Dório Silva
• 22 no Hospital Estadual de São José do Calçado
48 leitos até o final de março
• 30 no Hospital Estadual de Urgência e Emergência
• Dez no Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares
• Oito no Hospital Estadual de Vila Velha
40 leitos até o final de abril
• 20 no Hospital Materno Infantil da Serra
• Dez no Hospital Geral de Linhares
• Dez no Hospital Estadual de Vila Velha
Com a segunda fase de expansão, o Estado deve ofertar 900 leitos de UTI para a Covid-19 até o fim de abril. Nesta quarta-feira, 580 pacientes estavam internados com sintomas graves da doença.
Ainda assim, se o índice chegar a 81% crescem as chances dos municípios serem classificados como de risco moderado ou alto para a transmissão da Covid-19. Ou seja, de voltarem a conviver com restrições mais rígidas em atividades socioeconômicas, definidas pela matriz de risco estadual.
No último pronunciamento, o secretário da Saúde, Nésio Fernandes, adiantou que as regras estabelecidas no final do ano passado podem sofrer mudanças nas próximas semanas, a fim de tentar conter o avanço da pandemia. A expectativa é que o 48º mapa de risco seja divulgado nesta sexta-feira (12).
Eixo vulnerabilidade
• Formado pela taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), considerando o total de vagas ocupadas atualmente, diante de todas as disponibilizadas durante o período de maior expansão da rede do estado.
Eixo ameaça
• Composto pelo coeficiente de casos ativos nos últimos 28 dias, pela quantidade de testes realizada a cada mil habitantes e pela média móvel de mortes dos últimos 14 dias. Todos são indicadores particulares a cada município.
Desde que o Espírito Santo tem ofertado ajuda a pacientes de outros Estados do Brasil, as autoridades deixaram claro que esse ato não geraria prejuízo aos capixabas e estabeleceram que a ocupação de 80% das UTIs serviria como parâmetro para interromper tal assistência.
Apesar de ter atingido a marca de 80% nesta quarta-feira (10), a Sesa explicou que é necessário que o índice de ocupação se mantenha "em um comportamento sustentado" para que então alguma decisão sobre as transferências de pacientes de outros Estados seja tomada. A pasta, no entanto, não esclareceu quantos dias com a taxa neste nível seriam necessários para que houvesse a interrupção.
Ainda de acordo com a Sesa, o Espírito Santo recebeu mais um paciente de Santa Catarina nessa terça-feira (9), totalizando cinco pacientes". Até o momento, já foram disponibilizados 81 leitos de UTI para o recebimento de pacientes de outros Estados, incluindo também os de Amazonas e Rondônia, em uma rede de solidariedade em meio à crise sanitária que atinge boa parte do país.
Referência para o tratamento de Covid-19 no Espírito Santo, o Hospital Estadual Jayme Santos Neves, na Serra, registrou fila de ambulâncias nesta quarta-feira (10). Um vídeo enviado para a reportagem de A Gazeta mostra alguns veículos e pacientes na entrada do local. A Sesa esclarece que o registro não tem relação com falta de vagas, uma vez que o Estado não colapsou e ainda há previsão de expansão de leitos. Nesta quarta-feira (10), o Estado contava com 724 leitos de UTI disponíveis para pacientes com a Covid-19, dos quais 580 estavam ocupados.
A direção do hospital informou que foram admitidos 15 pacientes ao longo do dia. "Todos, após chegarem ao hospital, são cadastrados e classificados antes de serem encaminhados para os leitos, o que faz parte da rotina de transferência", esclareceu. A gestão ainda afirmou que "como a admissão dos pacientes não ocorre com hora marcada, pode haver coincidência da chegada de mais de uma ambulância no mesmo horário", mas que "mesmo dentro da ambulância, os pacientes continuam sendo assistidos por profissionais".
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