Com mais de 600 mil idosos, o Espírito Santo não conta ainda com dados específicos sobre a população diagnosticada com doenças como Alzheimer e Parkinson, que tendem a atingir, especialmente, pessoas acima dos 60 anos. A porta de entrada para o tratamento dos distúrbios de forma gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), porém, está na atenção primária, cuja responsabilidade é dos municípios.
Atualmente, as Farmácias Cidadãs do Espírito Santo atendem 2.643 pacientes ativos com medicamentos para tratamento de Alzheimer e 1.709 pacientes ativos com medicamentos para tratamento de Parkinson, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Os números dizem respeito somente aos pacientes que receberam medicamento nos últimos 6 meses, mas a quantidade real de pessoas diagnosticadas pode ser ainda maior. Inclusive porque os distúrbios não têm notificação obrigatória.
A Sesa explicou, em nota, que os pacientes diagnosticados com Alzheimer e Parkinson no Estado recebem assistência na atenção primária e, quando necessário, são encaminhados, por meio da Central de Regulação Estadual, para especialistas.
“O cidadão também pode buscar orientações no Centro de Referência de Atendimento ao Idoso (CRAI), em seu município de referência. Esse serviço oferece acompanhamento especializado em geriatria e gerontologia à pessoa idosa com agravos de saúde ou comprometimento de sua capacidade funcional ou funcionalidade global (autonomia e independência)”, aponta a Sesa.
Em Vitória, para ter acesso ao CRAI, é preciso haver encaminhamento feito pelo médico na unidade básica de saúde do território onde a pessoa idosa reside, sendo precedido de avaliação clínico-funcional pela equipe da atenção básica responsável por seu acompanhamento. Isso porque o serviço funciona como retaguarda especializada para os casos de maior complexidade.
Segundo informações da Secretaria de Saúde do município, o serviço é destinado a pessoas com idade a partir de 60 anos, moradoras da Capital, com agravos de saúde e comprometimento da capacidade funcional (autonomia e independência) por doenças incapacitantes comuns no envelhecimento, tais como Parkinson, demências, AVC, entre outras.
“No CRAI, o tratamento é realizado por equipe multiprofissional e interdisciplinar composta por: geriatras, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionista, fonoaudiólogo, terapeutas ocupacionais, auxiliares e técnicos de enfermagem. Após melhora ou estabilização do quadro clínico, a pessoa idosa recebe alta do serviço, retornando à Unidade Básica de Saúde de origem para continuidade do acompanhamento.”
Os serviços do Centro de Referência de Atenção ao Idoso (CRAI) também estão disponíveis em Vila Velha, onde é oferecido acompanhamento ao idoso com comorbidade, como Alzheimer, Parkinson, sequela de AVC, diabetes e desnutrição funcional.
Para os usuários idosos já diagnosticados, a Secretaria de Saúde de Vila Velha também oferece, através do Centro Municipal de Atenção Secundária (Cemas) e do CRAI, acompanhamento ambulatorial com geriatras e psicólogos, além de grupos terapêuticos, como a Oficina da Memória.
O tratamento para Alzheimer e Parkinson é conduzido ainda por neurologista da rede estadual, ao qual os usuários são encaminhados pelos médicos da Unidade de Saúde, se houver necessidade.
Em Cariacica, o paciente com Alzheimer e Parkinson recebe o primeiro atendimento por médicos do Programa Saúde da Família e, se necessário, é encaminhado para as especialidades médicas oferecidas pelo Estado, via regulação.
Além disso, segundo a Secretaria de Saúde do município, Cariacica dispõe de 30 Unidades Básicas de Saúde, que realizam atendimentos à população de um modo geral.
“Nas unidades são realizadas ações de promoção, prevenção, proteção e reabilitação através de consultas com médicos clínicos gerais, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, equipes psicossociais, educador físico, além da realização de visitas domiciliares a doentes acamados que necessitam de atenção especializada através das Equipes de Saúde da Família.”
As unidades também realizam campanhas específicas de promoção e prevenção à saúde do idoso, como Dia da Pessoa Idosa, Dia Mundial da Osteoporose, Dia Mundial da Conscientização da Doença de Alzheimer, Alimentação e Nutrição, dentre outras.
Na Serra, o teste VES-13 (protocolo de Identificação do Idoso Vulnerável) em pessoas com mais de 60 anos é realizado duas vezes por ano, para rastreamento das doenças, durante o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
“O próprio município também oferta atendimento com especialistas no Ambulatório Municipal de Especialidades (AMES), com geriatra e neurologista, além de fisioterapia para pacientes com Alzheimer e Parkinson”, informa a Prefeitura.
Por meio de encaminhamento, os pacientes também podem receber atendimento gratuito no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), da Universidade Federal do Espírito Santo.
Conforme explicou o neurologista do Hucam, Raphael Doyle Maia, o Hucam conta com um ambulatório de Parkinson e Alzheimer há cerca de 20 anos, e pacientes de todo o Estado são atendidos para diagnóstico e acompanhamento.
“A porta de entrada é via regulação do Estado. Ele vai ao posto de saúde e é encaminhado se necessário. Temos uma equipe multidisciplinar com serviços de fisioterapia, enfermagem, fonoaudiologia e terapia e ocupacional, então são é só o atendimento médico. É um serviço de qualidade, oferecido de forma gratuita em um hospital-escola.”
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