Exames feitos após a morte da baleia orca que foi avistada no mar da Serra mostraram que ela possuía quase um metro de material plástico no estômago. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (21) pelo Instituto Orca.
O animal foi visto vivo por três amigos mergulhadores na tarde de segunda-feira (19), momento registrado em um vídeo (veja abaixo). Na terça-feira (20), a orca apareceu morta. O trabalho de necropsia no animal começou ainda na terça-feira, após a chegada da carcaça ao instituto.
Segundo o gestor ambiental do Instituto Orca, João Marcelo Ramos, um material rígido, de 80 centímetros, foi encontrado dentro do animal. Além disso, a orca tinha sacolas e outros materiais plásticos no estômago.
"Encontramos algo como se fosse um tapete de carro, um plástico duro. Também tinha tampa de vasilha plástica, vários tipos de plástico. Não encontramos mais nada dentro do animal além desse material, o que significa que ele não estava conseguindo se alimentar", disse o gestor.
Lupércio Barbosa, diretor do Instituto Orca, explicou que o volume de sacolas dentro do animal pode ter sido a causa da morte da orca.
"Essa grande quantidade de sacolas plásticas dentro da orca, sacolas pretas, significa que esse animal já não vinha conseguindo se alimentar há bastante tempo. O que pode justificar o estado de letargia e o fato dela estar mais magra", destacou o diretor.
Lupércio contou que animais marinhos têm sido encontrados com frequência com excesso de macroplásticos, como sacolas e microplásticos (pedaços pequenos de sacolas).
"É uma coisa que vem nos preocupando há algum tempo, não só a questão de macroplásticos, mas principalmente o microplástico. Mesmo que não cause diretamente a morte do animal, esse material pode desencadear vários problemas que levam a morte dos animais. O plástico inteiro, uma grande quantidade de material plástico, pode ocasionar uma obstrução digestiva", explicou o diretor.
O diretor apontou que é possível salvar animais com plástico no estômago, mas que é um processo delicado e que não existe ainda em centros de reabilitação do Espírito Santo.
"Em situações como essa, precisaria ter capturado o animal com vida, e ele teria que ser levado para algum centro de reabilitação fora do Estado para fazer um ultrassom. Depois seria feita uma endoscopia e depois a retirada do material no estômago e daria uma grande chance para o animal poder se recuperar", descreveu Lupércio.
Com informações do g1 ES
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