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Os itens de petshop que humanizam e trazem riscos à saúde do animal

Os itens de petshop que humanizam e trazem riscos à saúde do animal

Médicos veterinários explicam que excesso de mimos pode causar transtornos físicos e psicológicos, além de problemas de comportamento e de saúde, como obesidade

Publicado em 29 de julho de 2022 às 17:21

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Mariana Lopes
Estagiária / [email protected]

Ter um pet em casa promove uma série de benefícios à saúde e à qualidade de vida dos seres humanos. Segundo pesquisas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e do Instituto Nacional de Saúde (NIH), a convivência com os animais de estimação pode diminuir os riscos de colesterol, ajudar na pressão sanguínea e, consequentemente, contribuir para a prevenção de ataques cardíacos e outras doenças cardiovasculares.

Esse vínculo faz com que os bichinhos, cada vez mais, sejam tratados como membros da família. Devido a isso, é comum que os tutores enxerguem esses animais a partir da perspectiva humana. Festas de aniversário, coloração de pelagem, roupas de grife e rações veganas são alguns dos itens disponíveis no mercado pet. No entanto, de acordo com especialistas, alguns desses itens e serviços que humanizam o pet trazem riscos à saúde do animal.

A médica veterinária Tatiana Sacchi destaca que esse processo, conhecido como antropomorfismo, acontece quando são atribuídos aos animais sentimentos, características e até necessidades que não são deles, mas sim, dos seres humanos. Ela ainda acrescenta que o ato de humanizar ocorre, principalmente, com cães e gatos, atingindo as esferas físicas e psicológicas do animal.

Cachorrinho usando óculos de sol
Cachorrinho usando óculos de sol. (Pexels)

“A humanização física ocorre quando se oferece ‘mimos’ ou ‘coisas’ as quais o animal não tem e nunca terá necessidade. Pode ser um carrinho de bebê, uma jóia, tratamentos estéticos desnecessários, fraldas, guarda-roupa completo ou festas de aniversário. Já a humanização psicológica se refere ao excesso de atenção e apego, e às permissões para que o animal faça tudo o que desejar”, comentou a veterinária em entrevista ao jornalista Mário Bonela, apresentador do CBN Cotidiano, da CBN Vitória.

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RISCOS À SAÚDE ANIMAL

Tatiana Sacchi alerta para os perigos da humanização dos animais, tirando deles o instinto natural, gerando desde problemas de saúde a transtornos comportamentais.

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A humanização excessiva é prejudicial aos animais, gerando transtornos físicos e psicológicos à medida que descaracteriza a espécie e a personalidade do animal, desrespeitando, muitas vezes, as suas necessidades básicas. Ela também causa problemas de comportamento, criando animais dependentes, mimados, agressivos, antissociais, além de problemas de saúde, como obesidade

Tatiana Sacchi 
Médica veterinária
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Segundo Marcelo Carvalho, médico veterinário e doutor em reprodução canina e felina, utilizar vestimentas e objetos que são próprios do ser humano pode causar prejuízos físicos aos pets.

“Os coxins - nome dado às ‘almofadinhas’ localizadas na parte de baixo das patas dos cães e gatos - são um importante local de troca de calor. É lá onde também estão localizadas as glândulas sudoríparas do animal. Por isso, quando se usa um calçado no pet, é criada uma espécie de isolante térmico em uma área de troca de temperatura”, explica o veterinário.

Ele ainda defende que o uso de carrinhos deve ser feito apenas em situações em que o animal possui problemas de locomoção. Caso contrário, o uso do objeto é prejudicial, já que impede que o pet se exercite.

Além dos itens de bem-estar, os veterinários também alertam para o fornecimento excessivo de alimentos como petiscos, chocolates e ração vegana aos animais de estimação. O “osso tipo nó”, por exemplo, além de possuir conservantes químicos, quando ingeridos em grandes pedaços, não são digeridos pelo organismo do animal, o que pode obstruir o estômago.

Alimentação pet: o que nao oferecer para cães e gatos
Fornecimento excessivo de alimentos ultraprocessados pode causar problemas de saúde ao animal, como obesidade.  . (Anastasiia Rozumna/Unsplash)

Veja alguns itens de pet shop que podem trazer riscos à saúde animal

 RESPEITE O INSTINTO NATURAL DO SEU PET

Para ser feliz e saudável, um animal precisa, primeiramente, ter as suas necessidades básicas atendidas: boa alimentação, ambiente propício para a convivência, atividades físicas e visitas regulares ao veterinário são alguns dos cuidados que não devem faltar para o bem-estar do pet.

De acordo com Laís Cunha, médica veterinária especialista em felinos, os gatos, por exemplo, quando tratados fora do instinto, tendem a manifestar comportamentos compulsivos, como arrancamento de pelos e lambedura excessiva. Ela acrescenta que é necessário dar condições para que o animal possa se desenvolver no ambiente conforme suas necessidades.

“Gatos precisam ter estímulos de caça, brincadeiras, locais para afiar e demarcar o território, além de alimento de qualidade, sempre respeitando a necessidade nutricional dele. É preciso que o dono tenha consciência de que o gato vai ser mais feliz em um ambiente onde ele possa agir de acordo com a ancestralidade dele”, afirma a especialista.

Com os cães, não é diferente. Assim como os gatos, eles precisam viver com dignidade, seguindo sempre as características da espécie. Afinal, o que um animal de estimação realmente quer é ser companheiro e fiel, ao lado do seu tutor.

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