Famílias que procuraram a ala pediátrica do Pronto Atendimento (PA) de São Pedro, em Vitória, precisaram enfrentar uma longa fila de espera na noite desta quarta-feira (5). Segundo pais e mães que foram ao local em busca de atendimento para seus filhos, a demora chegou a ser de até cinco horas – o que foi negado pela prefeitura da Capital. A administração municipal alegou que a alta demanda provocou o atraso, mas que disse que a espera teria durado, no máximo, duas horas.
A reportagem da TV Gazeta esteve no local, mas não teve autorização para fazer filmagens e entrevistas. Vídeos enviados por moradores mostram pessoas esperando tanto do lado de fora do PA, quanto de dentro.
O gari Daniel Pereira, que buscava atendimento para o filho de cinco anos, contou que chegou ao local por volta das 15h e só conseguiu ir embora às 20h. "Dá até uma revolta, para falar a verdade. Está lotado lá. Cerca de 40, 45 crianças, esperando mais de 4, 6 horas. Tem gente que chegou meio-dia", afirmou.
Quem desistiu de atendimento após tantas horas de espera foi o frentista Márcio Silva, que estava filha de nove anos – menina tem asma e apresentava tosse intensa. "É um descaso. Isso é brincar com a população", criticou.
Questionada sobre a situação, a Prefeitura de Vitória se pronunciou em entrevista nesta quinta-feira (6). A secretária de Saúde do município, Joanna de Jaegher, informou que a quantidade de consultas foi estendida nos últimos meses. De acordo com ela, a capacidade aumentou de 200 para 500 atendimentos a cada 12 horas.
"É uma pressão muito grande, principalmente das crianças e da parte clínica também, às vezes com os adultos. Mas fundamentalmente pelas crianças, por causa de síndromes respiratórias agudas e a própria dengue, já que nós estamos em um momento de epidemia severa. O manejo clínico da dengue é muito complexo. Mas independente disso, quando eles chegam na unidade, o primeiro contato médico que eles têm é entre uma hora e meia e duas, no máximo. Não está maior do que isso", justificou.
Joanna de Jaegher destacou também que outros procedimentos médicos podem ocasionar a espera, mas que não necessariamente dizem respeito ao atendimento.
"Muitas vezes ele [paciente] fica lá porque precisa de um novo retorno. Os exames são encaminhados e vem rapidamente também. Não temos problemas de espera excessiva dos exames chegarem. Mas são necessários, porque precisa de um atendimento completo", afirmou.
Pais enfrentaram mais de 12h de espera e passaram a noite sem dormir em busca de médico especialista para os filhos, principalmente neuropediatra, entre os dias 7 e 8 de março, no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, na Grande Vitória.
Segundo as famílias, o horário de atendimento começa às 7h, mas chegar pela manhã e até de madrugada não garante o agendamento da consulta com o médico especialista. Muitos dormiram no local para conseguir a tão esperada vaga.
Após a repercussão, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que o agendamento começaria a ser feito por telefone e que teleconsultas também seriam oferecidas.
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