> >
Pacientes assintomáticos transmitem coronavírus? Médicos explicam que sim

Pacientes assintomáticos transmitem coronavírus? Médicos explicam que sim

Declaração da OMS sobre disseminação do vírus por pacientes sem sintomas causou dúvidas entre as pessoas; entenda a diferença entre os tipos de doentes

Publicado em 9 de junho de 2020 às 16:17

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Teste rápido de coronavírus
Teste rápido para detectar coronavírus. (Prefeitura de Jundiaí/Divulgação)

Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgar na última segunda-feira (8) que pessoas sem sintomas do coronavírus, os chamados assintomáticos, não seriam grandes disseminadores do vírus, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o fim do isolamento e a volta à normalidade no Brasil, inclusive com a reabertura das escolas

No entanto, a entidade esclareceu nesta terça-feira (9) que a frase da infectologista e chefe do departamento de doenças emergentes, Maria Van Kerkhove, foi tirada de contexto e que os assintomáticos podem, sim, transmitir a doença, porém ainda não se sabe em que nível a contaminação pode ocorrer. "Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto", disse o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan.

Infectologistas ouvidos pela reportagem explicam como é possível a disseminação da doença por pacientes assintomáticos e os cuidados necessários para barrar o avanço da doença. 

O infectologista Carlos Urbano Gonçalves Ferreira Junior reforça que as declarações da OMS não mudam em nada em relação aos cuidados da doença. Isso porque, até mesmo os doentes sintomáticos só manifestam os primeiros sintomas alguns dias após o contágio. 

“O infectado demora de um a dois dias para apresentar sintomas da doença, por isso os cuidados precisam ser mantidos. Não sabemos quem vai apresentar o sintoma ou não. O indivíduo pode estar infectado e ainda não sabe que está doente, é o paciente chamado de pré-sintomático. A regra de isolamento social não muda em nada com a declaração da OMS, pois cada indivíduo tem uma forma de apresentar o sintoma. Alguns não vão sentir nada e outros podem adoecer de forma grave. Tudo vai depender da interação do vírus com o hospedeiro”, explica.

A infectologista Rúbia Miossi explica que a Covid-19 é uma doença infecciosa respiratória, que a maior parte dos sintomas tem caráter respiratório, mas que algumas pessoas não apresentam nenhum sintoma, enquanto outras desenvolvem reações diferentes como diarreia e vômito. 

Pacientes assintomáticos transmitem coronavírus? Médicos explicam que sim

Segundo a infectologista, uma pessoa infectada que não apresenta nenhum sintoma pode transmitir a doença para outras, embora a chance de transmissão seja pequena. “A chance de assintomático transmitir a doença para outras é muito pequena, porque a Covid-19 é uma doença transmitida por secreção respiratória. Se a pessoa não tem sintoma, ela também não tem essas secreções, as gotículas, que vão fazer com que outra pessoa adoeça. Isso não é novidade, era uma coisa que a gente já pensava ser verdade a respeito do coronavírus desde o início da pandemia”, comenta.

O que muda agora, segundo Rúbia, é que a OMS começa a dizer que tem evidências a respeito da transmissão ou não por assintomáticos, mas a conclusão dessa pesquisa ainda não foi divulgada. “Então, não sabemos ao certo o que diz o estudo, como ele foi feito. Precisamos ver de onde saiu essa conclusão, mas já era esperado que não houvesse ampla disseminação por assintomáticos”, ressalta.

Mas Rúbia destaca que o isolamento social continua sendo importante porque ainda não há vacina nem remédio que possa tratar a doença de maneira eficaz.

Aspas de citação

É importante manter o distanciamento porque esta é uma doença infecciosa. A pessoa pode não estar sentindo nada, mas está na fase de incubação do vírus e, neste caso, já é possível haver a transmissão

Rúbia Miossi
Infectologista
Aspas de citação

O professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e infectologista Crispim Cerutti Junior também lembra que o mesmo vírus pode apresentar sintomas diferentes da doença. Por isso, a recomendação do médico é de que o uso de máscara seja mantido entre todas as pessoas.

“O uso da proteção diminui as partículas virais no ambiente. A transmissão da doença pelos assintomáticos é possível, mas ainda não sabemos a quantidade. Por isso, os cuidados devem ser mantidos”, ressalta.

Em sua conta do Twitter, o professor do Insper Thomas Conti, explica a diferença entre sintomáticos e assintomáticos, que foram classificados em três categorias: sintomáticos são os que apresentam sintomas; pré-sintomáticos, que ainda não apresentaram sintomas, mas vão apresentar; e assintomáticos que têm o vírus sem apresentar sintomas. Os médicos consideram ainda uma outra classificação, dos oligossintomáticos, pessoas que apresentaram sintomas discretos, como garganta arranha e nariz escorrendo de forma leve.

ENTENDA A DIFERENÇA

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais