O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) carregando 18 pacientes de Manaus infectados pela Covid-19 pousou no aeroporto Eurico de Aguiar Salles, em Vitória, por volta das 20h25 desta quinta-feira (21). Eles foram levados por ambulâncias do Samu, sob escolta da Polícia Rodoviária Federal, para o Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, que é referência no tratamento de pessoas que contraíram o coronavírus no Estado.
Por volta das 20h40, os pacientes começaram a ser retirados da aeronave para serem colocados nas ambulâncias do Samu. O primeiro paciente chegou ao Hospital Jayme Santos Neves próximo às 20h55.
Na chegada, os pacientes são avaliados por uma equipe da UTI do hospital, que os direciona para o tratamento intensivo, nos casos mais graves, ou enfermarias. A equipe do hospital confirmou também que tanto os leitos de UTI quanto os de enfermarias destinados aos pacientes vindos de Manaus são exclusivamente para atendê-los.
A equipe destinada ao tratamento destes pacientes vindos do Amazonas também será realocada para atender apenas aos manauaras. Próximo das 22h15, a última paciente do primeiro voo chegou ao hospital.
O médico assessor da regulação da Secretaria do Estado de Saúde (Sesa), Mayke Armani, afirmou que um dos pacientes apresentou uma necessidade maior de oxigênio durante o voo, mas a situação foi controlada pelos profissionais que os acompanharam no trajeto.
"A gente teve relato de uma intercorrência durante a viagem, que foi controlada pela equipe assistencial que estava com eles, e foi o primeiro paciente que a gente deu atenção quando acolheu logo na chegada. O paciente começou a ter mais necessidade de oxigênio", disse.
Amani ainda ressaltou que os pacientes deverão ser destinados para as enfermarias para o tratamento da Covid-19, mas que, havendo a necessidade de tratamento intensivo, há disponibilidade nas UTIs.
O médico pontuou que a previsão é de que no máximo 10 dos 36 pacientes acolhidos pelo Estado necessitem de internação em tratamento intensivo. Ele acredita que os pacientes devem ficar no hospital capixaba entre cinco a sete dias.
"Independente dos pacientes mais estáveis virem para a enfermaria, a gente deixou leitos de UTI reservados para acolher todos os pacientes. A princípio, todos os 36 pacientes vão ser acolhidos dentro de leitos de UTI e vão ser observados se têm condições de ir para a enfermaria ou não. Os que precisarem ficar na UTI, continuarão", informou.
Uma outras aeronave da FAB, trazendo mais 18 infectados, saiu da capital do Amazonas às 19h55 e chegará em Vitória na madrugada desta noite de quinta (21) para sexta-feira (22).
Diante do colapso do sistema de saúde no Amazonas, quando pacientes infectados com Covid-19 morreram por falta de oxigênio, o governador Renato Casagrande ofertou, no último dia 14, 30 leitos aos amazonenses. Em vídeo enviado à imprensa, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, garantiu que a medida não vai comprometer o atendimento dos capixabas que precisarem de internação.
"Temos hoje livres no Espírito Santo 150 leitos de UTI para atender pacientes com Covid-19. 20% dessa oferta está sendo garantida nesse gesto de solidariedade. Temos condições plenas de atender qualquer paciente em solo capixaba que também seja atendido pela Covid. Esse gesto de solidariedade não compromete a garantia do acesso, no Espírito Santo, aos pacientes atingidos pela pandemia”, disse Nésio.
Em uma rede social, Nésio Fernandes falou sobre a transferência dos pacientes de Manaus e explicou que todos serão novamente testados na metologia RT-PCR. O secretário ainda fez um alerta sobre a situação vivida no Amazonas e no resto do país.
"A situação no Amazonas ainda é muito crítica. Não existe 'imunidade de rebanho' pela doença como foi pregado ao longo de 2020. A crise em Manaus é expressão da crise do Brasil. A resposta precisa ser nacional. Devemos combater toda manifestação de "estigma" ou de "preconceito" derivado da pandemia. Com a crise sanitária instalada, não nos resta outra opção a não ser responder rapidamente e garantir o acesso ao direto a saúde", ponderou.
Os 36 pacientes de Manaus vão ficar isolados dos demais pacientes dentro do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra. A medida, segundo o médico assessor da subsecretaria de Regulação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Mayke Armani, é uma forma de precaução contra a disseminação de novas cepas do vírus no Estado.
Três novas cepas do novo coronavírus preocupam cientistas atualmente, pois as mutações são consideradas de “alto risco" em razão de sua maior transmissibilidade. Entre elas está uma variante que teve origem no Amazonas.
Chamada de "E484", a variante foi identificada pela primeira vez em turistas japoneses que estiveram recentemente no Amazonas. Segundo especialistas, a variante altera o RDB, o ponto da proteína Spike — que faz a ligação do vírus às células e está relacionada a capacidade de transmissão do SARS-CoV-2.
Até então, não há registros de novas mutações do coronavírus no Espírito Santo, mas o Estado vai reforçar a vigilância para testes que têm resultados "inconclusivos", a fim de identificar a nova variante.
Demandado pela reportagem de A Gazeta, o governo do Amazonas informou que, no total, já foram transportados 179 pacientes para 10 estados. São eles: Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande Norte, Goiás, Alagoas, Espírito Santo, Acre, Pará, e Distrito Federal.
A nota enviada pelo governo amazonense detalha também que os 18 pacientes que já estão em solo capixaba são dez homens e oito mulheres, entre 28 e 59 anos, que estavam internados no Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo, em Manaus. A nota diz ainda que eles assinam um termo de consentimento para a transferência e os parentes recebem diariamente notícias quanto ao estado de saúde com boletins médicos.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta