Conhecido pela atuação em causas sociais, o padre Kelder Brandão, vigário episcopal para Ação Social, Política e Ecumênica da da Arquidiocese de Vitória, enfrentou os problemas que muitos capixabas têm vivido no Estado. Em carta aberta direcionada a uma cooperativa médica, o clérigo narrou uma longa jornada para conseguir realizar a testagem para a Covid-19. Ele, que apresentava sintomas gripais, havia sido orientado pelo médico, na última terça-feira (18), a fazer um teste rápido.
O início de 2022 tem sido de grandes filas e horas de espera para quem procura um teste de Covid-19 na Grande Vitória. Em reportagem recente publicada por A Gazeta, há registros de espera de até sete horas na fila para a testagem nas redes pública e particular.
O padre contou que, por volta de 9h40 da última quarta-feira (19), chegou ao pronto-socorro de um hospital particular localizado na Avenida Leitão da Silva, em Vitória. No local, recebeu uma senha e esteve em meio a aproximadamente 150 pessoas. Segundo ele, o espaço de espera era pequeno e aglomerado, sem assentos para todos.
Apenas após quatro horas o paciente foi encaminhado à sala de triagem. Após esta etapa, foi direcionado a uma tenda, onde aguardou por 40 minutos para atendimento com um clínico geral. Brandão, após a consulta de aproximadamente 10 minutos, foi encaminhado à sala de coleta do exame.
Contando todo o trâmite enfrentado, o padre apenas deixou a unidade privada de saúde por volta das 16h, ou seja, foram mais de 6h desde o momento em que Kelder deu entrada.
À reportagem, o padre desabafou dizendo que se sentiu impotente e desrespeitado. "Se não somos usuários do sistema público, e vamos a um atendimento privado, achando que teremos uma atenção mais humanizada, nos surpreendemos passando por isso. O que mais me deixou preocupado é a coletividade. Não era só a minha saúde individual, mas o enfrentamento a uma pandemia", disse.
Na carta, o sacerdote menciona: "Saí do Pronto Atendimento, às 16 horas, convicto de que se cheguei pela manhã com suspeita de infecção, estava saindo de lá contaminado, tamanha exposição à carga viral".
"Durante todo o dia, fiquei pensando: se o atendimento dessa empresa com expertise em saúde é desse jeito, com 06 horas e meia de espera para fazer um teste, que vai demorar três dias para sair o resultado, cujo contato com os profissionais da empresa não durou mais do que 20 minutos, imagino o que seria o atendimento em uma empresa não qualificada. Cheguei à conclusão de que pior que a pandemia é o cinismo e a ganância de algumas pessoas que administram as instituições de saúde", finalizou o padre na carta.
Procurada pela reportagem, a Unimed Vitória informou que tem observado um aumento contínuo na procura de pessoas com sintomas gripais em seu Pronto Atendimento.
"A unidade colocou equipes extras e aumentou a área de atendimento para os pacientes. Todas as medidas estão sendo tomadas para que os impactos dessa procura sejam reduzidos. Recomenda-se que as pessoas procurem o Pronto Atendimento para avaliação médica apenas em casos de febre alta persistente sem alívio por antitérmicos, falta de ar, fraqueza intensa ou sonolência excessiva. Vale reforçar que a população deve continuar respeitando os protocolos de segurança e saúde, como o uso de máscaras e álcool 70, para conter o agravamento das síndromes respiratórias", disse, em nota.
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