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Pai de bebê torturada na Serra desabafa: "Estou sofrendo muito"

Pai de bebê torturada na Serra desabafa: "Estou sofrendo muito"

Pai da criança falou pela primeira vez sobre o caso que chocou o Espírito Santo. Ele afirmou que a companheira era uma boa pessoa, mas sofria com as crises de depressão

Publicado em 10 de julho de 2021 às 18:01

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Menina de oito meses que foi agredida pela mãe estava no colo da avó na Delegacia Regional da Serra
Menina de oito meses que foi agredida pela mãe estava no colo da avó na Delegacia Regional da Serra. (Reprodução/TV Gazeta)

O caso de uma mãe que registrou, em vídeo, a ameaça de estrangular e matar a própria filha de apenas oito meses chocou o Espírito Santo nesta semana. Não bastasse a tortura com um cinto no pescoço da bebê e as ameaças, registradas na segunda-feira (5) em Feu Rosa, na Serra, o episódio terminou de forma ainda mais trágica após a mãe tirar a própria vida na última quarta (7).

O companheiro da mulher e pai da criança falou pela primeira vez sobre o caso, neste sábado (10). Para a reportagem de A Gazeta, ele declarou ainda estar em choque e sofrendo com toda a situação, afirmou que está em luto e sentindo falta da companheira, e negou a versão da família dela de que ele não estava ajudando nas despesas de casa.

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Eu estou sofrendo muito. Ainda estou em choque, abalado, de luto. Se tem uma pessoa que está sofrendo com isso tudo sou eu, que não vou mais poder ver minha mulher, que era o amor da minha vida. Ela é a mãe dos meus filhos e iríamos completar oito anos juntos

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Pai da criança torturada
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O viúvo contou que foi trabalhar em Cachoeiro de Itapemirim há três meses para sustentar a família e que continuava junto da companheira mesmo com a distância. 

Segundo o pai, ele nunca deixou de ajudar financeiramente a companheira e os filhos. "Eu pagava o aluguel todo mês, mandava um dinheiro, e além disso deixei com ela o meu ticket alimentação da empresa. Tenho o comprovante de tudo isso. Eu não fui um pai omisso, sempre fiz de tudo pela minha família", afirmou.

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Nós não nos separamos. Quando tudo isso aconteceu eu estava trabalhando. Após receber o vídeo eu vim para Vitória para resolver a situação, mas quando cheguei recebi a notícia que ela foi encontrada morta. Entrei em desespero

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"Ao ver o vídeo eu fiquei indignado e automaticamente liguei para ela (a companheira), pedindo para não fazer aquilo, dizendo que ela era só uma criança. E ela me respondia que eu nunca quis a nossa filha, que eu não gostava da criança, o que não é verdade. Então vim para Vitória e pedi pra ela me esperar para a gente resolver, mas quando cheguei já era tarde. Quando fiquei sabendo da morte dela fiquei em choque, desesperado, sem saber o que fazer", disse.

O casal criava três filhos. A bebê de oito meses, um filho de quatro anos e uma criança de 7 anos, sendo que esta possui outro pai. Desde a agressão, os filhos foram levados para a casa da avó materna.

Para A Gazeta, o pai das crianças contou ter registrado um boletim de ocorrência após receber ameaças pelas redes sociais. Ele se queixou de não poder ter ido ao velório da companheira e que, desde então, não tem conseguido trabalhar por estar abalado.

"ELA ERA UMA PESSOA BOA"

A avó da criança agredida esteve na delegacia na terça-feira (6) e contou para a Polícia que a filha sofria de depressão e que a situação se agravou desde que o companheiro foi trabalhar no Sul do Estado. Na ocasião, ela afirmou que o aluguel dela estava há dois meses atrasado.

O pai das crianças negou que o aluguel estava atrasado e afirmou que ajudava financeiramente a companheira. "Eu não fui omisso a nada. Jamais iria deixar ela e meus filhos passando fome". Ele contou que a mulher de fato sofria de depressão, mas que era uma boa pessoa.

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Ela era uma boa pessoa. Muito amorosa, trabalhadora. Mas sempre quando tinha esses ataques de depressão e ansiedade ficava agressiva. De uma hora para outra ela surtava e ficava transtornada. Mas não era uma pessoa ruim. Eu sinto muito por ela ter chegado a esse momento de desespero e ter feito isso

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RELEMBRE O CASO

O caso foi revelado após a mãe ser levada para a delegacia na Serra na terça-feira à noite por agredir a filha. No vídeo, enquanto agredia a menina, a mulher ameaçava matá-la na tentativa de chamar a atenção do marido, para que ele enviasse dinheiro para a família. 

"Se ele não me ajudar em nada eu vou estrangular ela pra matar ela, tá vendo?", dizia a mãe ao puxar a criança pelo pescoço.

A mãe da criança, que tinha 25 anos, esteve na 3ª Delegacia Regional da Serra, em Laranjeiras, na terça-feira. Ela foi ouvida e liberada, não sendo presa. O corpo dela foi encontrado sem vida na quarta-feira e o Conselho Tutelar do município confirmou que ela tirou a própria vida.

A filha agredida foi levada ao Conselho Tutelar e depois entregue à avó materna. O caso segue sob investigação da Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA).

* Os nomes não foram revelados para proteger a identidade das crianças.

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