O caso de uma mãe que registrou, em vídeo, a ameaça de estrangular e matar a própria filha de apenas oito meses chocou o Espírito Santo nesta semana. Não bastasse a tortura com um cinto no pescoço da bebê e as ameaças, registradas na segunda-feira (5) em Feu Rosa, na Serra, o episódio terminou de forma ainda mais trágica após a mãe tirar a própria vida na última quarta (7).
O companheiro da mulher e pai da criança falou pela primeira vez sobre o caso, neste sábado (10). Para a reportagem de A Gazeta, ele declarou ainda estar em choque e sofrendo com toda a situação, afirmou que está em luto e sentindo falta da companheira, e negou a versão da família dela de que ele não estava ajudando nas despesas de casa.
O viúvo contou que foi trabalhar em Cachoeiro de Itapemirim há três meses para sustentar a família e que continuava junto da companheira mesmo com a distância.
Segundo o pai, ele nunca deixou de ajudar financeiramente a companheira e os filhos. "Eu pagava o aluguel todo mês, mandava um dinheiro, e além disso deixei com ela o meu ticket alimentação da empresa. Tenho o comprovante de tudo isso. Eu não fui um pai omisso, sempre fiz de tudo pela minha família", afirmou.
"Ao ver o vídeo eu fiquei indignado e automaticamente liguei para ela (a companheira), pedindo para não fazer aquilo, dizendo que ela era só uma criança. E ela me respondia que eu nunca quis a nossa filha, que eu não gostava da criança, o que não é verdade. Então vim para Vitória e pedi pra ela me esperar para a gente resolver, mas quando cheguei já era tarde. Quando fiquei sabendo da morte dela fiquei em choque, desesperado, sem saber o que fazer", disse.
O casal criava três filhos. A bebê de oito meses, um filho de quatro anos e uma criança de 7 anos, sendo que esta possui outro pai. Desde a agressão, os filhos foram levados para a casa da avó materna.
Para A Gazeta, o pai das crianças contou ter registrado um boletim de ocorrência após receber ameaças pelas redes sociais. Ele se queixou de não poder ter ido ao velório da companheira e que, desde então, não tem conseguido trabalhar por estar abalado.
A avó da criança agredida esteve na delegacia na terça-feira (6) e contou para a Polícia que a filha sofria de depressão e que a situação se agravou desde que o companheiro foi trabalhar no Sul do Estado. Na ocasião, ela afirmou que o aluguel dela estava há dois meses atrasado.
O pai das crianças negou que o aluguel estava atrasado e afirmou que ajudava financeiramente a companheira. "Eu não fui omisso a nada. Jamais iria deixar ela e meus filhos passando fome". Ele contou que a mulher de fato sofria de depressão, mas que era uma boa pessoa.
O caso foi revelado após a mãe ser levada para a delegacia na Serra na terça-feira à noite por agredir a filha. No vídeo, enquanto agredia a menina, a mulher ameaçava matá-la na tentativa de chamar a atenção do marido, para que ele enviasse dinheiro para a família.
"Se ele não me ajudar em nada eu vou estrangular ela pra matar ela, tá vendo?", dizia a mãe ao puxar a criança pelo pescoço.
A mãe da criança, que tinha 25 anos, esteve na 3ª Delegacia Regional da Serra, em Laranjeiras, na terça-feira. Ela foi ouvida e liberada, não sendo presa. O corpo dela foi encontrado sem vida na quarta-feira e o Conselho Tutelar do município confirmou que ela tirou a própria vida.
A filha agredida foi levada ao Conselho Tutelar e depois entregue à avó materna. O caso segue sob investigação da Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA).
* Os nomes não foram revelados para proteger a identidade das crianças.
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