Tal pai, tal filha... o famoso ditado pode facilmente ter sido inspirado na história dos obstetras capixabas Juliana Couto e Hélcio Couto, filha e pai. Os dois estenderam os laços familiares para os centros cirúrgicos. A dupla, que atua junta há 17 anos, já ajudou a colocar no mundo dezenas de bebês, inclusive da terceira geração da família deles. Juntos, eles fizeram os partos de Fernanda, outra filha de Hélcio, e trouxeram ao mundo duas representantes da terceira geração da família deles. Na ocasião do primeiro, ainda em 2010, Juliana ainda era estudante.
Apesar de parecer confuso, a história de pai e filha é curiosa. Tudo começou em um centro obstétrico em fevereiro de 1986, quando Hélcio fez o parto da esposa, Anidracir, ocasião em que nasceu Juliana, a filha caçula. Vinte e quatro anos depois – em 2010 – Juliana, já na faculdade de Medicina, "mudou de lado". Ela e o pai fizeram o parto para o nascimento de Maria Luísa, filha de Fernanda, irmã da então futura médica, e assim nasceu mais um membro da família Couto.
Uma "nova" integrante da terceira geração veio em 2013, também com a ajuda da tia e do avô – Valentina, filha de Fernanda. Apesar de ter seguido uma vida profissional diferente, o Direito, a advogada acabou envolvida no mundo da Medicina da própria família quando engravidou.
A parceira em momentos familiares compartilhados dentro do hospital se consolidou em 2018, quando Juliana teve um filho. A já obstetra formada (de quem o pai fez o parto) 'trocou de lugar' com as pacientes, e foi para a mesa de cirurgia para o parto do primogênito dela, o Lorenzo, agora pelas mãos do vovô.
“Eu demorei a engravidar, mas sempre falamos que seria com ele. Engravidei e meu pai fez o parto, como foi um tempo até eu ficar grávida, isso tornou mais especial ainda o momento do parto com ele. Meu pai ajudou a trazer ao mundo o meu bem mais precioso, que é meu filho”, explicou a médica, que deu à luz Lorenzo, hoje com cinco anos.
Nesse tempo, a dupla já contabilizava vários partos. A ligação paternal e profissional faz para Juliana, que os partos sejam sempre momentos leves e de troca de experiência.
“É uma benção ter tido essa oportunidade, até me emociono quando falo sobre isso. Digo que Deus esteve ao meu lado quando trouxe minhas filhas, pois tinha muitos sentimentos. O parto da Ju foi mais complicado porque teve pico hipertensivo e tive que tirar ele mais cedo, com 32 semanas, e ficou 29 dias na Utin. Foi bravo e o coração apertou mais”, contou o médico capixaba.
Assim, ao longo de 38 anos, pai e filha cresceram juntos, não só ao aumentar laços familiares, ou por trocarem pinças e tesouras cirúrgicas, mas também conhecimento.
“É incrível ter ajudado a formar a nossa família, e outras também, fazemos vários partos juntos e cobrimos um ao outro. Ele me dá todo o conhecimento que tem dos 40 anos de médico e eu o atualizo com o que tem de novo. Confesso que meu coração fica cheio de alegria quando ele está ao meu lado, partejando comigo”, afirmou Juliana.
Outras gerações passaram pelas mãos dos especialistas em medicina obstetrícia também dentro das clínicas de atendimento. Rebecca Bertholini, 29 anos, é uma delas, quando, em 1995, a mãe entrou na sala de parto e com ajuda de Hélcio, saiu com a filha nos braços.
E há uma semana, o mesmo caminho foi feito por Rebecca. Após acompanhamento médico por nove meses com Juliana, ele deu à luz ao filho Luan com a presença da profissional que a auxiliou durante a gestação. Além disso, em um ‘extra’, o médico que fez o nascimento dela, também estava presente.
“Nós sempre nos chamamos para fazer partos. Nesse caso foi especial. Eu me senti muito grato por tudo porque no meu consultório eu atendo as filhas das minhas pacientes e é muita confiança nos médicos”, contou Hélcio.
A admiração mútua passa para quem convive com eles, mesmo que por poucos meses. "Acho muito bonito, pois ele passou para ela tudo que sabe e aprende com ela também. Eu senti que a relação é bem de troca de experiência. Foi gratificante o meu parto porque o Dr. Hélcio foi o médico que acompanhou meu nascimento e o da minha irmã Laura, que hoje tem 10 anos", falou Bertholini.
Agora, uma nova emoção chega em poucas semanas. Pai e filha vão realizar o nascimento da quarta geração ao realizar o parto da neta de uma paciente que teve a mãe e avô atendidas por Hélcio.
Ainda criança, andando com o pai pelas ruas de Vitória, em passeios e diversas situações onde estava em companhia de Hélcio, a gratidão das pessoas pelo pai em qualquer lugar que estivessem impactou Juliana.
A partir daí a ‘Ju’, como é chamada carinhosamente pelo pai, se via como médica obstetra. O pai até tentou intervir, indicando outras especialidades, como cirurgia plástica. Porém, a paixão pela obstetrícia bateu mais forte no coração.
“Eu sempre achei a obstetrícia uma especialidade emocionante por trazer vidas ao mundo. É muito emocionante ter meu pai na sala de parto me auxiliando. É uma troca, experiência sem medidas.Quando escolhi ser médica, tive como inspiração a trajetória de vida dele”, reforçou Juliana.
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