O Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg), em Vitória, apresentou problemas na rede de energia elétrica nos últimos dias. Mães, pais e até funcionários relataram à reportagem de A Gazeta a falta de luz na unidade de saúde durante o fim de semana. Segundo relatos, crianças precisaram ser transferidas para outros hospitais que não teriam capacidade de realizar o atendimento adequado.
Procurada neste domingo (1), a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa) informou que a unidade de Santa Lúcia do hospital sofreu “piques na rede de energia” e, por isso, o transformador da subestação foi afetado, o que levou à utilização de geradores. Conforme pontuou em nota, a direção do hospital afirmou que os reparos estavam sendo feitos pela equipe de manutenção. O órgão também garantiu que “não houve comprometimento na assistência às crianças”, nem interrupção dos atendimentos. Consultada novamente nesta segunda, a secretaria atualizou a nota, acrescentando que os reparos já haviam sido feitos.
Já a EDP, empresa de distribuição de energia que abastece Vitória, informou que “houve um problema técnico nas instalações elétricas internas do hospital e a manutenção foi realizada pela própria equipe da unidade de saúde” Segundo a nota da empresa, “a situação já está normalizada”.
No entanto, os relatos feitos à reportagem indicam que a situação ainda estaria precária no hospital. Um funcionário, que prefere não se identificar, disse que as crianças estavam sendo enviadas “para lugares que não têm suporte para atender (as necessidades específicas)”.
Uma mãe contou que o Infantil começou a ser evacuado porque os geradores não eram suficientes para garantir o pleno funcionamento de equipamentos hospitalares. Sem energia, os aparelhos de ar-condicionado também deixaram de funcionar, o que causou a retenção de calor nas instalações da unidade.
De acordo com essa mãe, no segundo dia “mandaram evacuar o hospital inteiro” para efetuar a troca dos geradores mais antigos. Ela disse que não saiu, assim como outros pais, porque teve medo de ir para um lugar sem capacidade de atender sua criança, além da falta do “parecer dos médicos” sobre a movimentação.
“Evacuaram o hospital. Foram enviando crianças para onde tinha lugar porque o transformador lá fora estourou e o gerador é velho. O resto do hospital todo estava evacuado. Nas UTIs não tinha criança mais por conta dessa situação”, pontuou.
Outra pessoa do quadro de funcionários do hospital descreveu uma situação semelhante. Segundo ela, as crianças estavam correndo risco de morrer devido à falta de energia elétrica. “O pessoal, os funcionários, todo mundo está aqui dentro chorando, a situação está tensa”, contou ela ainda na sexta-feira (29).
Conforme declarou a fonte, os funcionários passaram a madrugada de quinta para sexta ligando para a Secretaria de Saúde para transferir as crianças para outros hospitais e unidades de saúde. Além disso, de acordo com o relato, um veículo foi até o hospital para garantir o fornecimento de energia diante do mau funcionamento dos geradores internos do hospital.
“A energia ia e voltava. A gente estava vendo a hora que a criança ia parar (falecer) lá. Porque tudo estava sendo manuseado na mão. Eram 30, 40 minutos (sem energia), e o gerador do hospital quebrou. Estava um caos lá”, lembrou ela, já nesta segunda-feira (2).
Questionada sobre a suposta transferência de pacientes, declarou: “Com certeza. Foi criança para a Serra, para outras cidades. Várias crianças foram transferidas. A gente estava com medo de parar tudo lá e não ter como salvar essas crianças. Então nós ficamos caçando vagas (em outros hospitais)”.
Nesta segunda, a reportagem retomou os seguintes questionamentos à Sesa:
A assessoria da Sesa resumiu a situação à seguinte nota: “A direção do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg), em Vitória, informa que sofreu piques na rede de energia entre a última quinta e a manhã de sábado (30), o que causou uma queda de energia da rede elétrica na unidade de Santa Lúcia (Colina), que afetou o transformador da subestação, sendo necessário a utilização de geradores. Os reparos já foram realizados pela equipe de manutenção. A direção esclarece ainda que não houve comprometimento na assistência às crianças da unidade, sem interrupção dos atendimentos."
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