Apesar dos atrasos nas obras provocados pela pandemia do novo coronavírus, ao menos dez quiosques poderão abrir as portas na Grande Vitória até o verão. Essa é a previsão das concessionárias que tomam conta dos estabelecimentos da Curva da Jurema e Praia de Camburi, em Vitória, e da orla de Itapuã e Itaparica, em Vila Velha.
Em Camburi, após passar por reforma, será reaberto o quiosque 6. No local, onde antes era um restaurante temático de caranguejo, será a churrascaria Sol na Brasa. Já em janeiro, começa a funcionar o quiosque 14, cujo modelo de negócio ainda será definido, mas a diretora da Ecos Eventos, Erica Semião, adianta que poderá ser uma casa de carnes ou bar.
"O quiosque 14 tem a estrutura metálica praticamente pronta e precisa apenas de umas alterações no projeto, como a definição se será uma casa de carnes ou um bar com pegada mais de praia. Já o 6 está sofrendo uma mudança na decoração devido à troca de gestão. Depois disso, vai poder funcionar", conta Erica. Ao todo, a Ecos toma conta de 14 quiosques da praia, resultado de uma licitação feita pela prefeitura da Capital em 2018.
Mas, por outro lado, capixabas e turistas que passarem pela orla durante o verão também vão se deparar com cinco quiosques em reformas e um totalmente fechado, ainda sem projeto definido. O processo para captar empresários interessados em alugar este único ponto sem locatário, segundo a diretora, foi o que mais sofreu impactos por causa da pandemia.
"Se não tivesse surgido a pandemia, ele já estaria pronto. Todos eles. No entanto, tivemos problemas com falta de material, aumento do preço dos produtos necessários para a obra e problemas na aprovação dos projetos. Alguns órgãos competentes ficaram fechados ou só funcionaram com atendimento à distância por meses, então atrasou tudo", explica a diretora.
O cenário não é muito diferente na Curva da Jurema. O empresário Raimundo Nonato, responsável pela concessionária que faz a gestão dos quiosques, a Conexxo, explica que todas as reformas estavam previstas para serem finalizadas no início de dezembro, mas não será possível terminar a tempo.
Dos 16 empreendimentos que ficam na orla, dez estão sob o comando da Conexxo. Desses que pertencem à empresa, além dois já estão funcionando e outros dois sairão do papel: o Épico, um beach bar que será inaugurado em meados de dezembro, e o J3, mais voltado para a linha de esportes e de alimentação saudável, que deve abrir as portas a partir de janeiro.
Quatro quiosques em reformas pela Conexxo só ficarão prontos no ano que vem. Os outros seis estabelecimentos ainda pertencem à prefeitura de Vitória. Segundo Nonato, além de assumir diretamente os que estavam desocupados, a empresa pretende negociar os demais.
"Precisamos da liberação desses quiosques que faltam e, por isso, não dá para lançá-los até o verão. Mesmo se conseguíssemos alguma autorização agora, é muito difícil executar uma obra em dois ou três meses. Não depende só da gente. Por isso os da prefeitura são um planejamento futuro, ou seja, esperamos inaugurar a orla inteira só daqui dois anos", diz o empresário.
Em Vila Velha, seis quiosques serão inaugurados até a segunda quinzena de novembro, de acordo com informações da prefeitura. No total, são 20 estabelecimentos espalhados pela cidade, porém, somente 13 foram licitados no início de 2020 e estão com as obras avançadas. Seis estão com a licitação aberta até dezembro, ainda sem previsão de entrega.
Durante o mês de junho, a secretária de Desenvolvimento Urbano e Mobilidade da cidade, Caroline Jabour, afirmou que os 13 quiosques seriam entregues até o verão, mesmo com os atrasos. Antes de a pandemia atingir o Espírito Santo, a expectativa era de que eles fossem inaugurados em outubro.
É um projeto inovador, com estrutura metálica, amplas cozinhas para uma cocção moderna, banheiros acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida e espaço externo para obras de arte, onde poderão ser colocados murais de artistas capixabas, relembrou Jabour.
Por nota, a prefeitura de Vila Velha informou que os atrasos foram decorrentes de diversos fatores. Entre eles, as férias coletivas de uma empresa que fazia a remoção dos entulhos em março e, ainda, dificuldades na contratação de mão de obra. "A pandemia também provocou a alta de preços em materiais de construção, levando os concessionários a solicitarem alteração quanto a alguns itens de acabamento, de forma a manter a previsão de custos iniciais", alega a nota.
Na Serra, uma fiscalização feita pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU-ES), em março deste ano, exigiu a demolição de alguns quiosques nas praias de Castelândia, Bicanga e Carapebus por terem sido construídos de forma ilegal. Na época, o SPU informou que 24 estabelecimentos seriam embargados e demolidos, mas o cronograma da operação ainda não estava finalizado.
A ação contou com o apoio da Polícia Federal e constatou que os estabelecimentos notificados estavam "irregulares" e não tinham "permissão para ocupar áreas públicas, o que também motivou embargos e multas aos proprietários. A destruição dos quiosques e a retirada dos escombros, de acordo com a SPU-ES, poderia ser feita pelos donos ou pela prefeitura do município.
Questionada pela reportagem sobre a decisão, a prefeitura da Serra respondeu, em nota, que o município não realizará as demolições. "A prefeitura, à época, enviou ofício solicitando avaliação do órgão quanto à possibilidade de suspender a ordem de demolição, para não prejudicar os quiosqueiros. Ainda não houve uma definição", afirmou.
A SPU foi procurada para falar sobre a situação dos quiosques embargados e de outros localizados pela cidade, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Praia de
Camburi, em Vitória
(*) Maria Fernanda Conti é aluna do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob supervisão da editora Joyce Meriguetti.
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