Líder religioso da Igreja do Evangelho Quadrangular situada no bairro Bom Pastor, em Viana, o pastor Ramires Campos Silvano, de 39 anos, foi um dos convidados a participar da solenidade de abertura do projeto "Viana Vacinada" neste domingo (13).
Ramires faz parte do grupo formado por cerca de 21 mil pessoas que vão participar de um estudo que combina vacinação com meia dose (0,25 ml) da Astrazeneca, além de acompanhamento da resposta imune e sequenciamento genético do novo coronavírus.
A estimativa é redução de 60% da incidência de novos casos ao longo de seis meses, a partir de 28 dias após aplicação da segunda dose. Isso também reduziria número de internações e óbitos pela doença.
O pastor é titular do tempo religioso há três anos e seis meses. A igreja conta com 150 membros. Segundo ele, todos os fiéis incluídos na faixa etária proposta pelo projeto serão vacinados. Ramires ressalta que o público também está otimista.
"Esse estudo tem uma importância muito grande, mesmo que meia dose seja aplicada. E por ser evangélico e acreditar em Deus, digo que, com Deus, o pouco se torna muito. Desde quando foi aberto o agendamento, 100% da minha igreja, daquele que estão dentro das condições que o projeto pede, serão vacinados" informou.
Assim como Ramires, também foram imunizados contra a Covid-19, o prefeito de Viana, Wanderson Bueno, o vice-prefeito Fabio Dias, e quatro moradores do município que recebe o projeto pioneiro no Brasil.
A auxiliar administrativa Luciana Silva de Almeida, de 25 anos, moradora do bairro Vila Bethânia, foi uma das voluntárias que receberam a meia dose. Por causa da idade, ela não esperava que fosse vacinada tão cedo.
"Estou satisfeitíssima e muito feliz por fazer parte desse projeto. Sinto uma alegria muito grande. Vejo que as pessoas (da cidade) estão aceitando muito bem a ideia", comemorou a jovem.
Outra vacinada é a especialista em editais, Gabriela Passos Correa, 38 anos, moradora de Vila Bethânia. Para ela, a experiência como voluntária no estudo é uma contribuição para a ciência no Brasil e nos demais países.
"Minha experiência é um misto de esperança e gratidão. A gente está aqui no nosso município, sendo pioneiro nesse projeto, que temos fé em Deus, que vai dar certo. Esse estudo é um projeto de esperança para o Brasil e para o mundo", destacou.
Primeiro vacinado no domingo, o prefeito Wanderson Bueno, de 33 anos, comemorou o fato de Viana receber o estudo. Segundo ele, a expectativa é de que os resultados alcançados com o projeto possam mudar o esquema vacinal do mundo.
Em seu discurso, o governador Renato Casagrande parabenizou os profissionais envolvidos no projeto, falou da importância do fortalecimento da ciência e do Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo, como forma de enfrentamento ao vírus.
"Nós temos mais de 5 bilhões de pessoas no mundo que ainda não têm vacina. Se a gente conseguir os resultados que esperamos aqui, vamos produzir um efeito social e econômico extraordinário para o mundo", defendeu Casagrande.
Nésio Fernandes também destacou que o projeto "Viana Vacinada" pode apontar para outro caminho da vacinação contra o novo coronavírus no Brasil e no mundo. A expectativa dos governos estadual e municipal é vacinar 21 mil pessoas neste domingo (13).
"Acredito que hoje seja um dia de esperança. A qualidade e a profundida dos temas que são abordados neste estudo vão nos mínimos detalhes da imunogenicidade, dos aspectos epidemiológicos do comportamento da pandemia e da demonstração do que é possível quando o SUS é valorizado e mobilizado em boas teses", ressaltou.
Até a noite deste sábado (12), cerca de 21 mil moradores se cadastraram como voluntários no estudo. Na primeira fase, executada sábado, 242 pessoas foram vacinadas. Elas fazem parte de um grupo menor, de 600 pessoas, escolhidas aleatoriamente, convidado para coleta de sangue. O objetivo é avaliar a capacidade que a dose tem de gerar anticorpos.
A expectativa é atingir cerca de 35 mil pessoas que residem ou tenham domicílio eleitoral na cidade, com idade entre 18 e 49 anos, e que ainda não tenham sido vacinadas. O projeto vai analisar a eficácia da aplicação de meia dose da vacina.
Os vacinados com meia dose (0,25ml) da vacina receberão, após 12 semanas, outra meia dose da vacina. A vacina utilizada será Astrazeneca (Oxford/Fiocruz), doada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Se for preciso, o grupo terá dose de reforço.
A coordenadora do projeto científico, a pós-doutora em Reumatologia, Valéria Valim, observou que os estudos relacionados à utilização de meia dose da Astrazeneca apontam redução do número de casos confirmados entre os imunizados.
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