Reivindicando o retorno dos cobradores para dentro dos coletivos, os rodoviários do Sistema Transcol realizaram um protesto em Vitória durante a tarde desta segunda-feira (4). A manifestação começou por volta das 15h, quando os colaboradores se reuniram na Avenida Vitória, em frente à Fábrica de Ideias, e durou até as 17h30, com os manifestantes reunidos em frente ao Palácio Anchieta, sede do governo estadual, no Centro de Vitória.
Pela manhã, os rodoviários impediram a saída dos ônibus do Transcol da garagem das empresas, causando aglomerações em terminais rodoviários e em pontos de ônibus.
Segundo a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb/ES), 420 mil pessoas que são usuárias do transporte público na Grande Vitória foram afetadas. Houve atrasos e suspensões na maioria das viagens.
Durante a caminhada pela Avenida Vitória em direção ao Centro, os rodoviários ocuparam duas faixas da via com o apoio de um trio elétrico. O deslocamento do grupo foi acompanhado por equipes da Guarda Municipal de Vitória e da Polícia Militar . Uma fila de ônibus foi formada, composta por motoristas apoiadores da manifestação.
Os rodoviários temem o fim da validade da Medida Provisória Federal que garantia a manutenção dos empregos dos cobradores enquanto eles permanecessem afastados durante a pandemia do coronavírus.
O temor da categoria com o fim da MP é de que ocorra demissão em massa, como dito pelo diretor do Sindirodoviários, Wagner Fernandes Vieira. Segundo ele, há um acordo com o Governo do Estado para que os postos de trabalho sejam mantidos.
"Tem um acordo de que depois que acabasse a MP, iriam voltar os cobradores. Sabemos que é para acabar a estabilidade para depois mandá-los embora. Queremos que seja seguido o acordo que o governador assinou", disse.
Por volta das 16h30, a manifestação chegou ao Palácio Anchieta, onde os participantes cobravam um posicionamento do governador Renato Casagrande. Uma fila de ônibus estacionados na Avenida Jerônimo Monteiro se estendeu por quase toda a via no sentido Vila Rubim, ocupando duas faixas e dificultando o trânsito local.
Outros coletivos que vinham no sentido contrário, em direção à Praia do Canto, também estacionaram e ocuparam duas faixas.
Em um momento, dois coletivos ocuparam a terceira faixa, interrompendo totalmente o trânsito na avenida. A Polícia Militar interveio, porém, para que pelo menos uma das vias fosse liberada. A discussão gerou um princípio de confusão entre militares e manifestantes, que logo foi apartado.
Os manifestantes permaneceram por cerca de uma hora em frente ao Palácio Anchieta e, próximo das 17h30, o protesto foi encerrado e o trânsito começou a ser liberado no local.
O presidente interino do Sindirodoviários, José Carlos Sales Cardoso, afirmou que os representantes vão decidir se farão novas manifestações ou paralisações nesta terça-feira (5). Ele garantiu que os ônibus já haviam voltado a circular normalmente na Grande Vitória.
Na manhã desta segunda-feira (4), os rodoviários chegaram a impedir a saída dos ônibus do Transcol da garagem das empresas por conta das cobranças a respeitos do retorno dos cobradores ao trabalho.
O secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Estado, Fábio Damasceno, criticou, em entrevista à TV Gazeta, a paralisação dos ônibus. Segundo Damasceno, o movimento do sindicato dos rodoviários é uma ação "descabida e desproporcional".
"O afastamento dos cobradores foi uma medida de saúde, uma medida necessária, que visa preservar a saúde pública em razão da pandemia, mas também os empregos. Os cobradores ainda tem mais oito meses de estabilidade. Além disso, existe um acordo no Tribunal Regional do Trabalho inédito no país que garante estabilidade de mais 20 meses. Além de progressão, eles fazem cursos. Já temos mais de 300 cobradores que viraram motoristas, existe um plano de demissão voluntária", comenta Damasceno.
O Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) informou, em nota, que a suspensão das atividades dos cobradores e a obrigatoriedade do pagamento eletrônico das passagens no Sistema Transcol se da em função da pandemia do coronavírus, para que seja resguardada a saúde dos funcionários e passageiros, já que as cédulas de papel e moedas podem ser um vetor de transmissão da Covid-19.
O GVBus ressaltou, ainda, que não haverá prejuízos aos colaboradores que, mesmo não cumprindo a jornada de trabalho nos coletivos, seguirão recebendo integralmente os salários e benefícios. O sindicato destacou também que esses trabalhadores possuem garantia provisória no emprego, conforme a Lei n.º 14.020/2020.
Por conta da falta de transporte público, outro setor afetado foi o comércio na Grande Vitória. O representante da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio), José Carlos Bergamin, explicou que, com a paralisação dos coletivos, as vendas foram afetadas, já que tanto funcionários de lojas quanto clientes não saíram de casa.
"Os lojistas esperavam vender, estimular o comércio e a indústria, ainda mais em um período de diminuição da atividade turística em Vitória. Lamentamos começar um ano com expectativas já baixas e acontecer isso. A partir do momento que começam a circular notícias de que não tem ônibus, as pessoas não saem de casa. Isso prejudica a todos, muitos não conseguiram chegar ao serviço, prejudicando o comércio e as vendas. As indústrias também são extremamente afetadas", alegou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta