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Parecer sobre enfermeira do ES que ironizou vacina sai em 60 dias

Parecer sobre enfermeira do ES que ironizou vacina sai em 60 dias

Na última sexta (22), a enfermeira Nathana Ceschim publicou vídeos em que aparece sem máscara no local de trabalho e também  debochando da vacina contra a Covid-19

Publicado em 25 de janeiro de 2021 às 16:39- Atualizado há 4 anos

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Enfermeira do ES debocha de vacina em vídeo
Enfermeira do ES debocha de vacina em vídeo. (Reprodução/Instagram)
Autor - Isaac Ribeiro
Isaac Ribeiro
Repórter de Cotidiano / [email protected]

O parecer que aponta se a enfermeira Nathana Ceschim cometeu infração ética após publicar nas redes sociais, na última sexta-feira (22), vídeos em que aparece sem máscara no local de trabalho e também debochando da vacina contra a Covid-19 deve ser emitido em 60 dias. 

A informação foi confirmada pela presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES), Andressa Barcellos, durante entrevista à rádio CBN Vitória nesta segunda-feira (25).

Nathana atua no Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória. A publicação mostra ela de touca cirúrgica, em frente a um computador da unidade. O hospital não informou em que área a gravação foi feita. No vídeo, ela brinca com um colega, que aparece na porta da sala com touca, luvas e máscara.

Horas antes, a mesma enfermeira publicou um vídeo em que desdenhava da aplicação da vacina Coronavac. Um comprovante exibido na rede social mostra que a imunização dela contra a Covid-19 aconteceu na terça (19), em Vitória.

"Tomei por conta (sic) que eu quero viajar, não para me sentir mais segura. Porque uma vacina que dá 50% de segurança, para mim, não é uma vacina. Tomei foi água", disse no vídeo.

Andressa explicou que será instaurado um processo administrativo com base nas denúncias em razão da conduta da enfermeira. O Conselho vai designar um relator para analisar o material recebido e emitir um parecer. Após a emissão, a matéria será encaminhada para a pauta do plenário do Conselho Regional de Enfermagem.

"O plenário do Coren-ES vai julgar a admissibilidade ou não da infração ética. Sendo confirmado que ela cometeu uma infração ética, o processo vai tramitar. Vai ter o julgamento. Ela terá direito à ampla defesa e ao contraditório. É um processo muito semelhante ao rito processual que estamos acostumados a ver na Justiça", detalhou.

A presidente informou que o julgamento da admissibilidade ou não do processo deve acontecer em, média, dentro de 60 dias. 

"Ela e as testemunhas serão ouvidas. Vai ter o julgamento final, mas ainda vão caber recursos. Em média, um processo ético no Conselho demora de dois anos a dois anos e meio para ser colocado em pauta e julgamento", informou.

Segundo Andressa, a penalidade pode ser uma advertência verbal, multa, censura ou a cassação do registro. "A cassação é a medida mais extrema, mas precisamos levar em consideração os atenuantes, os agravantes e avaliar o contexto. É muito precoce fazer qualquer avaliação", ressaltou.

DENÚNCIAS

Durante a entrevista, a presidente do Coren-ES pediu desculpas pelo episódio e garantiu que o Conselho não ficará omisso diante das declarações da profissional.

"O fato dela estar sem máscara no ambiente de trabalho seria de competência do empregador, mas no momento que ela veicula publicamente, o Conselho precisa se manifestar. E tem a declaração sobre a vacina. Eu, no Whatsapp, recebi mais de 15 denúncias sobre  esses vídeos, mas chegou denúncia por e-mail e na ouvidoria", informou.

Analisando os vídeos, Andressa destacou que Nathana cometeu algumas infrações ao questionar a segurança da vacina. No entendimento da presidente do Coren-ES, ao comentar que estava recebendo água em lugar de um medicamento capaz de impedir a infecção de coronavírus, a enfermeira compromete "o exercício profissional do colega que aplicou a injeção nela."

"Qual profissional, em pleno exercício, ia aplicar água em alguém em meio a uma imunização em plena pandemia? Ela, além de cometer uma infração ética enquanto enfermeira, fazer mal uso da sua liberdade de expressão, ainda questiona o exercício de enfermagem dos diversos profissionais que são imunizadores", observou.

ENFERMEIRA SE PRONUNCIA

Na tarde desta segunda-feira (25), a enfermeira Nathana Ceschim se pronunciou sobre o episódio. Em áudio enviado por WhastApp, ela disse que nos vídeos apenas expressou sua opinião, mas não fez campanha contra a vacina.

"Os meus vídeos foram apenas exercendo o meu direito de liberdade de expressão como um cidadã. Eu fiz um vídeo caseiro, dentro da minha casa, sem expor ninguém, dando apenas o meu ponto de vista. Por quê? Porque, sim, eu acho a vacina importante, mas não acho que seja a salvação do problema. Foi um ponto de vista meu, eu não fiz campanha contra a vacina, não falei paras pessoas não se vacinarem, eu não fiz nada disso. Foi um ponto de vista meu, tanto que eu falo no vídeo, ‘pra mim, essa vacina não tem segurança, eu não tomei ela pra me sentir mais segura’, foi um ponto de vista meu", afirmou.

Sobre o não uso de máscara no local de trabalho, a enfermeira explicou que tirou o Equipamento de Proteção Individual (EPI) após o fim do plantão, próximo das 19h, para tomar água.

"Foi um plantão bastante tumultuado que eu tive, que eu passei o dia todo de máscara e não bebi uma gota d'água. Foi o momento que eu parei em frente do computador, respirei, tirei a máscara para poder tomar um pouco de água e fiz aquela brincadeirinha com o técnico lá da equipe de Enfermagem, que não teve relação em nada com a vacina", afirmou.

Enfermeira do ES debocha de vacina em vídeo
Enfermeira do ES debocha de vacina em vídeo. (Reprodução/Instagram)

SANTA CASA

Em nota, a Santa Casa informou que a falta da máscara no ambiente é uma prática proibida desde o início da pandemia e que todos os colaboradores têm conhecimento sobre essa regra. O hospital ainda disse que “irá tomar as medidas necessárias para garantir a segurança de seus pacientes e a manutenção das normas e condutas fundamentais para o bom atendimento assistencial”.

Sobre a fala da enfermeira sobre a vacina, a Santa Casa esclareceu que, em hipótese alguma, compactua com este tipo de pensamento e que sempre defendeu a ciência. “Não seria agora que mudaria sua postura, em um momento tão difícil que todos estamos enfrentando. Acreditamos sim na vacina e esperamos que, em breve, não só os funcionários, mas toda a sociedade possa ser imunizada”, diz a nota enviada pelo hospital.

Ainda em relação ao caso da enfermeira, "o hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória informa que já tomou todas as medidas cabíveis relacionadas ao assunto e que não mais se manifestará sobre o ocorrido".

Por fim, a Santa Casa de informou que está seguindo o calendário de vacinação da Prefeitura de Vitória, imunizando seus profissionais que atuam na linha de frente, de acordo com as prioridades estabelecidas pelo Plano Nacional de Vacinação.

MP TAMBÉM INVESTIGA

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) também informou que vai investigar o caso e acompanhar a condução do assunto pela Santa Casa e Coren-ES). A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Espírito Santo informou que "lamenta o posicionamento de qualquer profissional da saúde que desacredite da ciência em prol da vida".

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