Após a repercussão do caso da menina de 10 anos, que engravidou após ser estuprada em São Mateus, Região Norte do Espírito Santo, muitas dúvidas surgiram sobre o risco que uma gestação ainda na infância pode causar. Por isso, em entrevista à TV Gazeta, o médico especialista em pediatria, Rodrigo Aboudib, explicou os perigos de uma gravidez em uma criança. No caso da menina, o principal suspeito de cometer os estupros e engravidá-la é um tio, que está foragido.
Segundo o médico, existem dois grandes riscos: o físico e o psicológico. No primeiro, Aboudib lista uma série de fatores que podem levar à morte tanto da criança quanto do recém-nascido.
Por essa imaturidade, a gente observa uma possibilidade realmente muito grande, primeiro de óbito para esta criança e, segundo, risco de óbito para o recém-nascido. Então, é uma possibilidade grande do que a gente chama de aborto espontâneo, em razão da faixa etária da mãe. Outra possibilidade grande que a gente vê com frequência é o risco de eclâmpsia para a mãe, o aumento da pressão arterial, levando também a possibilidade de óbito. E, eventualmente, ao nascimento, um feto PIG (pequeno para a idade gestacional) e um parto prematuro também. É uma situação bastante trágica, explicou.
Já no lado psicológico, outros dois fatores são destacados pelo médico: a dificuldade em se criar um vínculo emocional com o filho e a possibilidade do desenvolvimento da depressão pós-parto.
Duas questões chamam a atenção: primeiro, a enorme dificuldade dessa mãe criar um vínculo realmente com o seu filho, e isso levando uma dificuldade do desenvolvimento perfeito, saudável e excelente dessa criança. Segundo, um aumento exponencial do que a gente chama de depressão pós-parto. Então, tanto fisicamente quanto psicologicamente, é um risco para uma faixa etária de 10 anos de idade, destacou.
Questionado sobre os impactos que um aborto, realizado no caso da menina de São Mateus, pode causar em um corpo tão jovem e ainda em formação, o médico destacou uma série de preocupações e um acompanhamento necessário para a criança de agora em diante.
Em contato com a reportagem de A Gazeta, o especialista falou também sobre a possibilidade de gravidez na infância, que se dá após a primeira menstruação, chamada de menarca. Segundo Aboudib, isso varia de criança para criança e varia entre os 9, 10, 11 e 12 anos. No entanto, o médico afirma que isso não quer dizer que a menina está completamente pronta, pelo contrário.
Por exemplo, ela tem a primeira menstruação e a menstruação é uma coisa que vem a cada 28, 30 dias. O ciclo se dá nesse período. Só que, às vezes, nesse primeiro ano, por exemplo, se ela menstruou hoje, às vezes, no próximo mês, ela não menstrua, às vezes, não menstrua no outro de novo, ou menstrua no quarto mês. Então, durante um ano e meio, esse ciclo é irregular. Ela não tem a regularidade do ciclo de uma mulher adulta já, ou com 18 e 19 anos, que tem uma regularidade. E complementou, citando o caso da menina de 10 anos:
O que aconteceu com nessa menina? Ela menstruou, então teoricamente pelo fato de ter menstruado ela já teria condições, mas é um processo que ainda vai se dar de forma gradual, em razão da maturação de todo esse sistema produtivo dela. Em que momento ela pode? Assim que menstruar a primeira vez, teoricamente, pode. Mas será uma gravidez de enorme risco, em razão desse processo não estar de todo maduro, ele estar em maturação, concluiu.
De acordo com o médio, uma gravidez saudável seria após a adolescência, pois a gravidez neste estágio é uma gravidez de risco. Segundo Aboudib, adolescência, neste caso, é considerada até 19 anos. Até 19 anos é definido como gravidez na adolescência, e toda gravidez na adolescência é uma gravidez que tem mais risco, completou.
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