Na casa da vendedora Raquel Brito da Silva, do berço ao enxoval, tudo já está pronto para a chegada de João Pedro, mas a ida para casa precisou ser adiada. Ele nasceu no último dia 7, no Hospital Rio Doce, em Linhares, no Norte do Espírito Santo, e, desde então, está internado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin). A realidade do pequeno é a mesma de outros bebês que precisam lutar pela vida logo nos primeiros dias após o nascimento.
Segundo apuração da TV Gazeta Norte, a Utin do Hospital Rio Doce é referência no atendimento neonatal e atende, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), recém-nascidos de até 30 dias de Linhares e de cidades vizinhas. Somente no ano passado, quase 150 bebês ficaram internados na unidade. Ajudar os pequenos guerreiros exige um esforço coletivo: dos pais e da equipe médica.
À reportagem, a mãe de João Pedro diz que precisa se desdobrar para dar conta dos afazeres de casa e acompanhar a rotina do filho no hospital. O bebê nasceu com uma dificuldade para se alimentar, e o organismo dele não aceita o leite materno e não mantém outros alimentos o suficiente para ele poder se desenvolver.
“O parto foi tranquilo, mas ele nasceu com essa síndrome rara. Ele ainda vai passar por exames para ter um diagnóstico certo. Eles estão acompanhando e dando a alimentação adequada”, conta Raquel.
Além da preocupação com o filho, Raquel desabafa que também lidar com a carga mental da internação.
Assim como Raquel, outras mulheres também viraram “mães de Utin” quando os bebês precisaram passar os primeiros dias de vida nos leitos de hospital. Samara Silva Sampaio acompanha a filha Priscila, que tem apenas um mês de vida. A pequena nasceu antes da data prevista para o parto e agora precisa ficar internada para ganhar peso.
A rotina é difícil, já que o tempo de recuperação dos recém-nascidos geralmente ultrapassa trinta dias. Com o fim das restrições da pandemia da Covid-19 no Espírito Santo, pais e mães dos bebês podem acompanhar os filhos durante todo o dia e dormirem no hospital.
Esse carinho dos papais lado a lado faz a diferença, mas outros pontos também são essenciais para que tudo corra da melhor forma. Das incubadoras e aparelhos de monitoramento até a luz do ambiente, que precisa ser mais escura, tudo é preparado para ajudar no andamento do tratamento.
“Todo esse cuidado faz parte do tratamento do paciente de Utin. Manter o ambiente sempre agradável em relação à temperatura e à luz, além de fazer o mínimo de barulho possível. Tudo isso influencia no tratamento do bebê. É um atendimento multifuncional e humanizado", explica a enfermeira coordenadora materno-infantil da Utin do Hospital Rio Doce, Flávia Cordeiro Barbosa.
Para que tudo isso funcione, são 50 profissionais atuando na Utin do hospital, dando suporte tanto para os bebês, quanto para as mães. “Temos o serviço social, que está diariamente com essas mães. Temos fonoaudiólogas que fazem um trabalho com os bebês, auxiliam no processo de amamentação. Temos o serviço de psicologia para apoio emocional, para as mães que desejam receber esse acompanhamento”, relata a enfermeira.
Para as mães, o momento difícil ganha conforto pelas mãos dos profissionais. “Vemos o cuidado, o zelo e o carinho como falam com os nossos filhos. Brincando e dizendo que são ‘titias’. Então, nos sentimos bem, em casa, sabendo que ele está aqui em boas mãos”, conta a mãe de João Pedro, Raquel Brito da Silva.
A ajuda profissional é um grande suporte para a evolução dos pequenos, como da fisioterapeuta Roberta Ferreguetti, que auxilia no processo de reabilitação dos bebês. Diariamente ela encara a Utin com carinho e vontade de ajudar. “A Utin é um local de amor. Às vezes as mães estão passando por um momento difícil, precisando de um abraço, de um sorriso. E estamos aqui por elas, além das técnicas, do profissional, estamos aqui como seres humanos também”, diz a fisioterapeuta.
A Utin do Hospital Rio Doce conta com dez leitos disponíveis para os recém-nascidos e outros nove leitos de apoio, que são intermediários na unidade e destinados aos bebês que saem da UTI neonatal, mas ainda precisam de cuidados médicos.
Mas, apesar de todo o suporte que recebem, o que as mamães realmente querem é poder levar os filhos para casa. “ Eu espero sair daqui com ele nos meus braços. Em casa, já está tudo preparado. Não foi como planejamos, mas foi a vontade de Deus”, finaliza Raquel, não vendo a hora de levar João Pedro para casa.
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