Na tentativa de fechar lacunas sobre a dinâmica do assassinato de quatro jovens em uma ilha, equipes policiais e da perícia da Polícia Civil trabalharam na Ilha Doutor Américo de Oliveira, na Baía de Vitória, na tarde desta quinta-feira (1º). Os trabalhos foram realizados das 13h40 até as 16 horas.
O crime aconteceu na noite de segunda-feira (28). Estavam juntos os amigos Wesley Rodrigues de Souza, 29 anos, Yuri Carlos de Souza, 23, e Vitor da Silva Alves, 19 corpos que permaneceram na ilha além de Pablo Ricardo Lima, 21, que recebeu ajuda de um parente, mas já deu entrada sem vida no Pronto Atendimento de São Pedro, em Vitória. Além deles, um jovem ficou ferido e foi levado ao hospital e um rapaz conseguiu escapar, mesmo atingido no pé.
No dia do crime, antes da retirada dos corpos, peritos estiveram no local acompanhados de investigadores. Porém, o delegado Marcelo Cavalcanti, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, decidiu por uma nova perícia, já que a realizada na segunda-feira foi feita à noite, com pouca iluminação no local. Nesta quinta-feira, o delegado retornou à ilha acompanhado da delegada-adjunta Larissa Lacerda, além de dois peritos, investigadores e também da equipe K-9 do DHPP, formada pelo cão Zack e o policial André.
Uma das dúvidas a ser esclarecida foi por onde os autores acessaram a ilha e como foi a abordagem às vítimas. Foi constatado que os criminosos chegaram de barco pelo lado da ilha de quem vem da margem de Porto de Santana, em Cariacica.
Quatro assassinos desembarcaram e percorrem um caminho entre a vegetação da ilha até chegar à prainha onde estavam os seis amigos, vindos de Santo Antônio. Enquanto isso, um deles seguiu de barco contornando a ilha para chegar até a praia em que estavam as vítimas. Desse modo, o grupo foi cercado por cinco homens armados, que a polícia já conseguiu identificar.
A Polícia Civil destaca que a população tem um papel importante nas investigações e pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, o disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.
A chacina de quatro jovens na Ilha Doutor Américo Oliveira, na Baia de Vitória, é o atual quebra-cabeça da Polícia Civil. Além de localizar os autores, a motivação do crime é outro ponto que deve ser desvendado pelos levantamentos policiais. Inicialmente, a linha de apuração já trata as mortes como o resultado de uma briga entre facções criminosas que atuam no Espírito Santo.
"Não tenho dúvidas de que cinco pessoas participaram do crime. As investigações apontam que os autores eram do tráfico do Morro do Quiabo, em Cariacica, e que possuem ligação com uma organização criminosa que atua na Grande Vitória. A princípio, consideramos que os assassinos acreditavam que esse grupo de amigos estivesse ligado ao PCV, mas mataram um monte de gente inocente", descreveu Marcelo Cavalcanti, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória.
A sigla PCV, citada pelo delegado, é referente ao Primeiro Comando de Vitória, facção que tem sua base no Bairro da Penha, em Vitória, e ramificações em diversas cidades do Espírito Santo. A facção conta com força armada conhecida como Trem-Bala, criando ou tomando pontos de venda de drogas, além de manter relações comerciais de drogas com os traficantes aliados dessas localidades.
Já a organização criminosa em que o tráfico do Morro do Quiabo tem aliança, à qual o delegado se refere, seria a chamada Associação Família Capixaba (AFC). De acordo com fontes policiais ouvidas pela reportagem de A Gazeta, a Família Capixaba é, atualmente, uma facção criminosa que tenta fazer frente ao PCV e possui como base o bairro Mucuri, em Cariacica.
Quatro pessoas foram assassinadas na Ilha Dr. Américo de Oliveira, que fica na Baía de Vitória, na região de Santo Antônio, na tarde da última segunda-feira (28). Moradores da região afirmam ter ouvido mais de 30 disparos por volta das 17h, quando equipes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros foram acionadas.
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, três pessoas foram encontradas mortas no local. Outro rapaz que estava na ilha, Pablo Ricardo Lima, 21 anos, foi levado para o Pronto Atendimento de São Pedro, mas já chegou ao local sem vida. Quem fez o resgate foi o próprio tio da vítima, que ouviu os tiros e foi de barco até a ilha.
Um jovem que também estava com o grupo na ilha foi baleado por dois tiros nas costas e também deu entrada no Pronto Atendimento de São Pedro, após ser socorrido por outro colega que também escapou. A vítima baleada foi transferida, posteriormente, para o Hospital São Lucas. O sobrevivente afirma que estava pescando no local e não viu quem efetuou os disparos.
No dia dos crimes, para chegar até o local, o Corpo de Bombeiros utilizou um bote, já que não há acesso terrestre para a Ilha do Américo, como é conhecida pelos moradores da região. A Polícia Militar utilizou um helicóptero para auxiliar as equipes em terra.
Segundo informações preliminares da Polícia Militar, a motivação dos crimes seria guerra de gangues. Dois grupos rivais, um de Cariacica e outro de Vitória, teriam entrado em confronto, o que teria causado as mortes. A equipe da perícia da Polícia Civil chegou ao local do crime por volta das 19h35 da segunda-feira (28). Também esteve no local, a equipe do plantão do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
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