Quem passa pela Beira-Mar, próximo ao Porto de Vitória, já deve ter observado uma pequena plataforma em situação visível de abandono. O pequeno deck, com escada, dava acesso aos antigos catraieiros — condutores de embarcações que faziam a travessia entre Vitória e Vila Velha — para embarque e desembarque dos barcos. Hoje ele se encontra caindo aos pedaços.
Para quem circula na região da orla do Centro da Capital e, por vezes, pára para fotografar ou pescar, a plataforma pode representar risco, na iminência de uma queda. Denúncias de leitores de A Gazeta dão conta que lanchas que transportam portuários fazem paradas no local.
Antigamente, as travessias das catraias (pequenas embarcações conduzidas pelos catraieiros) eram realizadas diariamente, levando passageiros de um lado a outro de Vitória e Vila Velha. Em junho de 2015, essa atividade foi interrompida e os catraieiros não podem mais trabalhar no local, em decorrência das obras do Cais de Atalaia, pertencente ao Porto de Vitória.
De acordo com Aderaldo Francisco Alves, que foi presidente da Associação de Catraieiros, a responsabilidade pela plataforma era da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa). "Enquanto nós estávamos lá, a Codesa fazia manutenção. Depois que tomaram o serviço, abandonaram. E isso é um risco para a população, já que a estrutura é de ferro e qualquer probleminha pode cortar e causar dano", disse.
O catraieiro Geraldo Marçal Mendes, que atuou por 25 anos na profissão, também afirmou que a Codesa construiu a plataforma. "Quem fez a plataforma foi a Codesa. Eram eles os responsáveis pela manutenção do local.
A reportagem de A Gazeta procurou a Codesa desde o início da semana, questionando sobre o estado atual de abandono da plataforma e a previsão de manutenção, mas não obteve nenhuma resposta.
A Prefeitura de Vitória também foi demandada, já que a entrada da plataforma fica na calçada, sem nenhum tipo de interdição ou sinalização, representando perigo para os pedestres que ali buscam abrigo ou param para apreciar a vista.
A PMV, em nota, por meio da Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação (CDTIV) de Vitória informou apenas que "o empreendimento não foi construído pela Prefeitura de Vitória e que, portanto, não pertence à municipalidade".
A Gazeta também procurou a Marinha do Brasil, por meio da Capitania dos Portos do Espírito Santo (CPES), que respondeu por nota afirmando que "realiza a fiscalização no mar aberto e em hidrovias interiores a fim de garantir a segurança da navegação, a salvaguarda da vida humana no mar e a prevenção da poluição hídrica causada por embarcações, plataformas ou suas instalações de apoio".
Também mencionou que "de acordo com a NORMAM-11, da Diretoria de Portos e Costas, cabe à CPES, quando comunicada formalmente pelo responsável pela manutenção de estruturas lindeiras, conceder o parecer para casos de reforma e/ou manutenção de obras realizadas que acarretem em mudanças de traçados/projetos que possam provocar novas interferências com o tráfego aquaviário ou à segurança da navegação".
No entanto, novamente procurada para esclarecer quem é o responsável pela manutenção da plataforma e se algum comunicado foi emitido sobre o estado de conservação do local, a Capitania apenas manteve a mesma nota enviada, sem esclarecer a questão.
Também acionadas mais uma vez, a PMV e a Codesa não deram retorno sobre quem pode ser cobrado por providências na estrutura, sabendo-se que o deck também apresenta acesso em via pública, por meio da calçada. A prefeitura também não se manifestou sobre possível infração de regra de postura municipal por parte de quem responde pelo abandono, nem se já realizou alguma fiscalização no local.
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