Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) conseguiu transformar restos de pé de laranja em energia limpa. O estudo, divulgado nesta sexta-feira (10), reuniu excedentes de madeira da planta e fabricou uma massa sólida – chamada de 'briquete' – para ser submetida a testes. Os resultados foram animadores, na avaliação dos cientistas.
A investigação iniciou no município de Jerônimo Monteiro, no Sul do Espírito Santo, destaque na produção de laranja. Segundo o autor da pesquisa, Luciano Dias, a ideia do reaproveitamento surgiu após notar que, ao fim dos ciclos produtivos da planta, muitos resíduos eram gerados. Dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) mostram que, somente no ano de 2021, a produção do fruto foi de 2.700 toneladas em terras capixabas.
Os trabalhos foram desenvolvidos por pesquisadores do programa de pós-graduação em Engenharia Química da Ufes, em colaboração com o Laboratório de Energia da Biomassa (LEB) do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira.
Para testar a eficácia energética do material, os pesquisadores produziram quatro tipos de briquetes. Dois compostos utilizando inteiramente o resíduo do tronco da laranjeira, e os outros dois com a adição de 10% da casca do tronco. Foram utilizadas duas pressões de compactação, 10 e 12 megapascal (MPa), totalizando quatro tipos de briquetes.
Durante os testes, a composição com 100% do tronco e pressão de 10 MPa obteve o melhor desempenho em relação aos outros tipos – ou seja, teve maior poder de combustão. As análises químicas e físicas mostraram resultados semelhantes ao eucalipto, que é a principal biomassa utilizada para o aproveitamento energético.
A conclusão dos testes mostrou um caminho para a implementação da biomassa da laranjeira como fonte de energia de forma parcial para atender as demandas de setores dos centros urbanos. De acordo com Luciano Dias, apesar dessa descoberta, a implementação dessa matriz energética não será fácil.
“Estamos acostumados ao uso do gás de cozinha para preparação dos alimentos e da energia elétrica para iluminar as nossas casas, ou seja, nosso cotidiano não tem a presença da biomassa como opção energética e isto está atrelado ao desenvolvimento natural de uma sociedade”, explica o pesquisador.
Para a efetiva implementação da bioenergia, o autor defende a ampliação dos estudos na área para contribuir com essa realidade.
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