Uma pesquisa revelou a existência de espécies de anfíbios que são encontradas apenas na Unidade de Conservação Ambiental Monumento Natural Estadual Serra das Torres (Monast), área de Mata Atlântica que fica entre os municípios de Atílio Vivácqua, Muqui e Mimoso do Sul, na Região Sul do Espírito Santo. Entre os exemplares, há uma espécie de microrrã, chamada Euparkerella robusta, que só ocorre no Monast.
A pesquisa, intitulada “Anfíbios do Monumento Natural Serra das Torres: um reservatório da biodiversidade da Mata Atlântica no Sudeste do Brasil”, foi publicada na revista científica Biota Neotrópica, do Instituto Virtual da Biodiversidade no último dia 30 de junho. O objetivo era criar um inventário da fauna de anfíbios do Monast e, ao todo, foram registradas 54 espécies.
As outras espécies que, no Espírito Santo, são encontradas apenas no Monast são o Sapo-Folha (Zachaenus parvulus), a Perereca-Macaco (Phasmahyla lisbella), o Sapo-Pulga (Brachycephalus didactylus) e a Luetkenotyphlus fredi, que é uma Cecília – tipo de anfíbio sem patas. Estes exemplares também são encontrados no Rio de Janeiro.
A bióloga e pesquisadora Jane de Oliveira, autora do arquivo, explicou que algumas destas espécies são encontradas apenas no Monast. Outras delas, segundo ela, possuem exemplares registrados em outros estados do Brasil, porém, no Espírito Santo, também são encontradas apenas na área da Unidade de Conservação. Esses animais, segundo a pesquisadora, são indicadores de qualidade do ambiente.
"Temos espécies que só ocorrem no Monast, como uma microrrãzinha, a Euparkerella robusta. Temos também três espécies que, embora ocorram em outros estados, só são encontradas atualmente no Espírito Santo, nos limites do Monast. Eles são animais muito sensíveis a alterações e diante de pequenas mudanças nos ecossistemas, podem desaparecer. Quando encontramos uma floresta preservando tantas espécies e, muitas delas endêmicas e raras, sabemos que a floresta está boa”, disse.
Jane ainda destacou que, por se tratarem de espécies que podem desaparecer facilmente com qualquer mudança de qualidade do ambiente, como desmatamentos ou até alterações na água, é importantíssimo que a preservação do Monast seja mantida.
“Hoje temos um bom quadro no Monast, mas tudo pode ser modificado rapidamente. Está tudo conectado: não são só sapinhos morrendo, é a floresta mostrando que tem algo errado”, informou.
O artigo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de Jane no Monast ao longo do ano de 2018, mas a relação da pesquisadora com a região começou antes da área se tornar uma unidade de conservação ambiental. Ela fez parte do estudo para criação do Monast, onde também fez as pesquisas de mestrado em 2009 e 2010, voltando em 2018 como pós-doutoranda.
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