Uma espécie rara de perereca foi fotografada no interior do Espírito Santo, no município de Santa Teresa. E o motivo do ineditismo desse animal também é curioso: o exemplar é da espécie Phasmahyla exilis e possui a habilidade de mudar de cor quando se sente ameaçada por algum predador.
Alexander Mônico, biólogo e doutorando em Ecologia no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), explicou que essa espécie é praticamente exclusiva do Espírito Santo porque é um animal extremamente dependente de um ambiente bem conservado para sobreviver e encontra esse habitat em regiões de Mata Atlântica.
"Ela é praticamente exclusiva do Espírito Santo. Os registros que nós temos ficam centralizados na região entre Santa Teresa e Domingos Martins, até a reserva biológica de Duas Bocas, em Cariacica, todos os registros que nós temos estão dentro dessa extensão. Então é um bicho bem capixaba, é uma espécie exclusiva de Mata Atlântica e estritamente florestal, então depende de um ambiente conservado e próximo a pequenos riachos no interior de mata, onde colocam os ovos, que precisam ser de água bem limpa", explicou Alexander.
O biólogo contou que a condição de mudança de cor da perereca é bastante curiosa. O fato que chamou a atenção é a mudança de cor do verde para o vermelho de forma bem rápida, inclusive em exemplares mais jovens do animal. Alexander disse que isso é um aviso para que predadores não comam o animal, já que ela pode ser venenosa. Ele ressaltou, porém, que o bicho não faz nenhum mal para seres humanos na natureza.
"A gente sabe que anfíbios mudam de cor em alguns contextos sociais em que estiverem envolvidos. Mas o fato que nos chamou muito a atenção é que os jovens dessa espécie mudavam de coloração muito rápido. A gente tratou isso como sendo uma mudança de cor apozemática, que tem a função de espantar o predador devido a cor. Isso é um alerta do bicho para dizer 'não se alimente de mim, eu sou venenoso', mas é importante deixar claro que ela não apresenta riscos aos seres humanos", afirmou.
Esse foi o primeiro registro de mudança de coloração feito no Brasil entre anfíbios, segundo Alexander. A pesquisa da espécie, inclusive, rendeu uma publicação na Herpetology Notes, revista internacional voltada para estudos acerca de anfíbios e répteis. O biólogo contou que o trabalho de registro do animal foi feito por um grupo de estudantes de todo o Brasil, coordenado por Alexander, e foi sediado na Estação Biológica de Santa Lúcia, em Santa Teresa.
"É a primeira vez que isso é registrado entre os anfíbios do Brasil. Para esse grupo de pererecas, é a primeira vez que isso é registrado. É um fato bastante interessante para o Espírito Santo, porque o trabalho da pesquisa foi publicado em uma revista internacional, então tem um prestígio. Foi feito por um grupo de alunos que coordenei, que produziram o trabalho", finalizou.
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