A cada uma hora, ao menos três pessoas sofrem amputação de membros inferiores no Brasil, segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Nos últimos dez anos, mais de 245 mil brasileiros tiveram que amputar membros inferiores. O cálculo aponta que, em média, 66 pacientes passam pela cirurgia por dia. Pensando em contribuir para a reabilitação desse público, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) estão desenvolvendo uma prótese de perna robótica, com joelho e pé.
O dispositivo pode ajudar quem passou por amputação transfemoral (ou de coxa, como é conhecida) em atividades rotineiras, como caminhar e subir escadas, melhorando a vida do usuário. A iniciativa é coordenada pelo professor Rafhael Andrade, do Departamento de Engenharia Mecânica da Ufes, que gerencia o LabGuará, laboratório com pesquisas na área de robótica e biomecânica.
Em entrevista à CBN Vitória, o professor afirmou que, no Brasil, a maioria das amputações é de membro inferior. "Boa parte delas é acima do nível do joelho. O tipo de prótese que a pessoa vai utilizar vai depender do tipo de amputação. A pessoa que perdeu a perna acima do joelho vai precisar de uma prótese de joelho e uma de pé. Cada prótese dessa é comercializada hoje de forma independente, e o protético vai colocar em conjunto todos os elementos necessários para colocar a prótese da pessoa", explicou.
O professor detalhou que, hoje em dia, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece gratuitamente prótese para pessoas, que podem ser trocadas a cada dois anos.
Com o dispositivo, pessoas amputadas poderiam recuperar a chamada "biomecânica" do movimento, realizando atividades do dia a dia com mais facilidade.
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Ele afirmou que, atualmente, a prótese de joelho produzida no laboratório já está pronta e funcionando bem. A prótese de pé está sendo montada para, no futuro, ser integrada à do joelho. "Aí vamos conseguir integrar uma prótese de perna completa, com sensores."
O professor explicou que uma prótese como essa que eles estão desenvolvendo custa cerca de 100 mil dólares nos Estados Unidos. "Se formos levar para o Brasil, com impostos, fica R$ 1 milhão uma perna, complicado demais. Nosso objetivo em desenvolver a tecnologia dentro da universidade é conseguir baratear o custo."
Segundo ele, há no Brasil o chamado crédito de acessibilidade, do Governo Federal. "Ele permite um financiamento de até R$ 30 mil para pessoas com deficiência adquirirem dispositivos de tecnologia assistiva, então nosso objetivo nesse momento é tentar chegar nesse valor de R$ 30 mil para possibilitar isso chegar às pessoas que precisam", ressaltou.
*Com informações de Fernanda Queiroz, da CBN Vitória
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