Após meses vivenciando a pandemia e todas as limitações impostas pelo novo coronavírus, a chegada da vacina contra a Covid-19 despertou uma nova esperança. No Estado, a campanha de imunização teve início já na noite de segunda-feira (18), um dia após a liberação da vacina Coronavac pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Entretanto, com a chegada da vacina, surgem também as dúvidas, como, por exemplo, se o imunizante impede totalmente a doença, ou se as pessoas vacinadas podem sentir sintomas e transmitir o vírus para terceiros. E, de fato, podem. A informação é confirmada pelo próprio Instituto Butantan, que, em parceria com a Sinovac, desenvolveu o primeiro imunizante a ser disponibilizado no país.
Segundo informações divulgadas pelo instituto, a terceira fase dos estudos clínicos mostrou que a vacina tem eficácia global de 50,38%. Ou seja, há 50,38% de chance se uma pessoa sequer contrair a doença uma vez que seja imunizada.
Se for contaminado, o paciente tem 78% de chances de desenvolver apenas sintomas leves, que sequer necessitam de atendimento médico. E há 100% de chance de não evoluir para um quadro grave a ponto de exigir internação ou mesmo causar o óbito.
Mas o instituto ressalta que quem contrair o vírus ainda poderá transmitir a doença. “As vacinas atuam na prevenção e evitam o contágio, induzindo a criação de anticorpos por parte do sistema imunológico.”
Ou seja, o paciente fica seguro porque o seu corpo possui os anticorpos necessários para combater a doença, mas isso não significa que ela não exista.
O infectologista Carlos Urbano chama atenção para um detalhe importante: não é a vacina que causa a doença. A vacina simplesmente não consegue barrar 100% o vírus. A função principal do imunizante é outra.
Nesse sentido, a recomendação, por enquanto, é para que, ainda que a pessoa já tenha sido imunizada, continue a se prevenir, de modo a não transmitir o vírus a alguém não imunizado, que poderá vir a desenvolver formas mais sérias da doença.
Infectologista e professor de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Paulo Peçanha destaca: não é porque a vacina não impede totalmente que a pessoa vacinada desenvolva algum sintoma que é irrelevante. Pelo contrário.
“A vacina diminui as chances de desenvolver a doença e evita mais ainda sua forma grave. Imagine não termos mais esses 30 óbitos diários [no Estado], como vem ocorrendo. O objetivo maior é acabar com a mortalidade.”
O objetivo secundário, ele explica, é impedir que o agravamento do quadro de sáude do paciente, até mesmo pelos sintomas desenvolvidos. “As pessoas tossindo mais transmitem mais, por exemplo”, destaca.
“Essa é uma razão para as pessoas, mesmo tendo tomado a vacina, continuarem usando máscara, evitando aglomeração até atingirmos um bom percentual da população imunizada”.
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