Picado por uma cobra na Praia da Costa no domingo (26), o estudante Gabriel Brunelli Costa revelou como tudo aconteceu e por que resolveu pegar o animal na mão. Aproveitando o primeiro domingo de verão, ele jogava bola com amigos quando a namorada saiu da água, avistou a serpente e começou a gritar. "A cobra ficou tomando capote, tentava subir e a maré arrastava. Uma hora, ela chegou muito perto da areia", conta o rapaz.
Com o movimento do mar e a tentativa de pegar a serpente pela cabeça, o jovem de 24 anos acabou picado. "Ela deu um bote muito rápido e fincou os dentes na minha mão. Eu mesmo abri a boca dela e a levei até os guarda-vidas, mas foi nítido que eles não sabiam ao certo o que fazer, assim como eu", confessa.
Naquele momento, por volta das 14h30, ele ouviu dos profissionais que poderia deixar a serpente na restinga e assim o fez, considerando que lá seria o habitat natural dela. Um vídeo feito por um banhista que presenciou a cena mostra o animal se rastejando em uma área de areia com pequenas vegetações. Confira:
Mãe de um amigo de Gabriel , a dona de casa Patrícia Vitor Tomazini estava na praia e ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não conseguiu ajuda porque, segundo ela, ouviu como resposta que não havia ambulância disponível naquela hora. "Ele passou mal, teve náuseas e ficou tonto", lembra.
Acompanhado de amigos, o estudante foi levado por um deles de carro ao Pronto Atendimento (PA) da Glória, também em Vila Velha, onde ele tomou soro e ficou cerca de três horas em observação até receber alta. "Fizeram um exame de sangue em mim e não havia indício de veneno", conta Gabriel.
Diante da negativa de envenenamento, ele questionou o médico por que teria passado mal. A resposta dada pelo profissional foi um conjunto de fatores. "Eu estava de jejum desde as 7h e minha glicemia estava muito baixa. Soma-se a isso o calor e, principalmente, a alta adrenalina. Cheguei a ficar enjoado e a ter um pequeno lapso de memória", revela.
Assustada com o ocorrido, Patrícia — que é uma "tia de consideração" para Gabriel — revela que ele tem um ímpeto de ser o "Tarzan na vida real" e que o episódio gerou um grande "burburinho" na Praia da Costa. Ela também confessa que tem verdadeiro pavor de cobra (nome que ela sequer citou durante a entrevista para A Gazeta).
Presente durante todo o ocorrido, ela também reclama do atendimento prestado pelos guarda-vidas da região. "Eles não sabem agir nesse tipo de situação ou nos direcionar. As pessoas não estão dando a devida atenção para esses casos. Ontem foi o Gabriel, mas e se fosse uma criança?", questiona.
Por meio do vídeo gravado por testemunhas na Praia da Costa, o biólogo Daniel Motta explica que a serpente é da espécie Helicops Carinicaudus, popularmente conhecida como cobra d'água. De acordo com o especialista, ela é comum em litorais e não é venenosa.
Ele também esclarece que o episódio registrado em Vila Velha não se trata de um ataque, mas de uma defesa por parte do animal, que se sentiu ameaçado. A orientação, vale reforçar, é nunca manipular ou mexer em qualquer animal silvestre.
Em nota, a Prefeitura de Vila Velha afirma que os guarda-vidas prestaram atendimento e orientação após o ocorrido e que estes acionaram o Corpo de Bombeiros, que enviou uma ambulância, que não teria sido aguardada pela vítima. Durante todo o tempo, um deles também esteve com o rapaz.
"A Coordenação de Salvamar informa que os profissionais não têm treinamento para manipular qualquer tipo de animal e que, nessas situações, apenas orientam aos banhistas que se afastem. O protocolo é acionar os serviços de referência, como a Polícia Ambiental e o Samu, quando necessário", esclarece.
A reportagem de A Gazeta demandou a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), responsável pelo Samu, sobre o relato de não atendimento por falta de ambulâncias disponíveis. O texto será atualizado quando houver retorno.
A Prefeitura de Vila Velha orienta que os banhistas não manipulem animais silvestres e que acionem guarda-vidas ou qualquer autoridade policial. "O serviço de resgate pode ser solicitado por meio da Ouvidoria Municipal (162) ou direto no Ciodes (190), para a Polícia Militar Ambiental", finaliza.
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