O helicóptero que caiu no bairro Riviera da Barra, em Vila Velha, na manhã desta quarta-feira (6) voou dos Estados Unidos até o Espírito Santo. A viagem aconteceu em 2010, quando OctavioSchneider, que era o piloto e morreu no acidente, comprou a aeronave no estado americano da Califórnia para trazê-la para o Brasil.
Amigo de Octavio, o também piloto de helicóptero Felipe Faria contou que ele cruzou o país norte-americano de costa a costa, já que a aeronave foi comprada na Califórnia, na costa Oeste, e foi levada primeiramente para Miami, na Flórida, que fica na costa Leste. Felipe narrou que, no total, a viagem dos EUA ao Espírito Santo durou nove dias de viagem e mais de 60 horas de voo, o que, para Octavio, foi um divertimento.
"A fábrica é na Califórnia, ele comprou o helicóptero lá e atravessou os Estados Unidos, foi pra Miami, na Flórida. Dali, ele sobrevoou o mar do Caribe, depois passou pela Floresta Amazônica até chegar aqui no Espírito Santo. Foram nove dias, 60 horas de voo. Octavio era aventureiro, foi um passeio pra ele essa jornada de trazer o helicóptero pra cá. Foi uma forma de ele aproveitar e conhecer novos lugares", afirmou.
Felipe ainda falou que, mesmo tendo um laço forte de amizade, era difícil conseguir encontrar Octavio. Isso porque, segundo ele, o amigo estava sempre viajando. Ainda assim, quando havia uma oportunidade, os dois aproveitavam para estar juntos.
"Às vezes eu ligava para o Octavio e perguntava onde ele estava e ele falava 'estou na Colômbia', ou 'estou na Alemanha', era até difícil encontrar o Octavio! Ele não parava, era inquieto. Ele gostava muito de voar, a paixão dele era esse helicóptero. A gente se falava sempre, mais por telefone, porque eu moro no Sul do Estado. Mas, toda vez que eu vinha aqui, ligava para ele, a gente almoçava junto. Quando ele ia pra lá, me ligava também. Toda oportunidade que a gente tinha de estar junto, a gente estava", disse, se divertindo com a lembrança do amigo.
A amizade era tamanha que Octavio ainda permitia que Felipe pegasse seu helicóptero emprestado para voar. Felipe, que tem 34 anos, exatamente a metade da idade do amigo, afirmou que eles se conheceram no Aeroclube do Espírito Santo e ele via Octávio como um ídolo, pela experiência de voo que possuía. A idolatria, com o tempo, se transformou em forte amizade.
"Eu sou piloto de helicóptero e, quando me formei, a gente fez alguns voos. À medida que a gente foi se conhecendo melhor, ele foi pegando confiança. Um dia, falei ‘Octavio, estou precisando fazer um voo’ e aí ele falou que toda vez que eu precisasse do helicóptero, poderia pegar no aeroclube. Octavio era um amigão, de coração muito grande", relembrou Felipe, emocionado.
O título desta matéria foi alterado para deixar claro que 2010 foi o ano de compra da aeronave e não o ano do acidente aéreo, que vitimou o piloto Octavio Schneider.
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