O governo federal apresentou na manhã desta quarta-feira (16) o Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. O documento prevê quatro fases de vacinação para grupos prioritários. As três primeiras devem imunizar 49,65 milhões de pessoas.
Não há data definida para início da aplicação dos imunizantes, mas o governo, no entanto, prevê que a campanha será iniciada cinco dias após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar o uso emergencial do medicamento.
Na etapa inicial, a ideia é usar doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, que será fabricada pela Fiocruz, além de aplicar a vacina da Pfizer em profissionais de saúde de capitais e regiões metropolitanas que atuaram na pandemia. A ideia é receber 2 milhões de doses da Pfizer no primeiro trimestre de 2021.
Na nova versão do plano apresentada nesta quarta-feira (16), o governo passa a afirmar que está negociando a compra da Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantan. O órgão é ligado ao governo paulista, comandado por João Doria (PSDB), adversário político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Até então, o governo federal estava resistente em incluir a vacina no plano nacional do vacinação.
O plano está dividido em dez eixos, que incluem descrições sobre a população-alvo para a vacinação; detalhamento das vacinas já adquiridas pelo governo e as que estão em processo de pesquisa; a operacionalização da imunização; o esquema logístico de distribuição das vacinas pelo país; e as estratégias de comunicação para uma campanha nacional.
A capixaba Ethel Maciel, que é pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), participa do grupo técnico formado por pesquisadores e cientistas encarregados de auxiliarem o Ministério da Saúde na elaboração do plano nacional de vacinação contra a Covid-19.
Integrante de um grupo formado por 36 especialistas, ela anunciou que a primeira versão do plano, divulgada no sábado (12), não havia sido apresentada a eles. Eles destacaram, inclusive, que alguns pontos do planejamento para a imunização contra o coronavírus não refletiam o posicionamento do grupo.
"Eles tiraram os nossos nomes, fizeram agradecimentos genéricos às sociedades científicas que participaram, o que eu acho mais correto porque eu recebi isso (esse plano) da imprensa, não recebi deles", pontuou Ethel. A epidemiologista destacou também que algumas recomendações do grupo para vacinação das populações vulneráveis, além dos indígenas, foram contempladas. "Ainda que não tenha o período em que serão vacinados, agora (esses grupos) constam no plano. Incluíram pessoas com deficiências. Então isso é bom", pontua.
O governador Renato Casagrande (PSB) esteve na cerimônia de lançamento realizada no Palácio do Planalto, em Brasília. Ele disse que o governo do Estado está preparado para auxiliar na aplicação do plano.
O Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, apresentado pelo governo, prevê quatro grupos prioritários que somam 50 milhões de pessoas, o que vai demandar 108,3 milhões de doses de vacina, já incluindo 5% de perdas, uma vez que cada pessoa deve tomar duas doses em um intervalo de 14 dias entre a primeira e a segunda injeção.
Grupo formado por trabalhadores da saúde (5,88 milhões), pessoas de 80 anos ou mais (4,26 milhões), pessoas de 75 a 79 anos (3,48 milhões) e indígenas com idade acima de 18 anos (410 mil).
Formada por pessoas de 70 a 74 anos (5,17 milhões), de 65 a 69 anos (7,08 milhões) e de 60 a 64 anos (9,09 milhões).
A previsão é vacinar 12,66 milhões de pessoas acima dos 18 anos que tenham as seguintes comorbidades: hipertensão de difícil controle, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, indivíduos transplantados de órgão sólido, anemia falciforme, câncer e obesidade grave (IMC maior ou igual a 40).
Deverão ser vacinados professores do nível básico ao superior (2,34 milhões), forças de segurança e salvamento (850 mil) e funcionários do sistema prisional (144 mil). O Ministério da Saúde pondera, no documento, que os grupos previstos ainda são preliminares e poderão ser alterados.
Até esta quarta-feira (16), nenhuma vacina havia sido aprovada pela Anvisa. Segundo o plano, o governo federal já garantiu 300 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 por meio de três acordos:
O plano destaca que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até o dia 10 de dezembro, existiam 52 vacinas contra a Covid-19 candidatas em fase de pesquisa clínica e 162 candidatas em fase pré-clínica de pesquisa.
Das vacinas candidatas em estudos clínicos, há 13 em ensaios clínicos fase 3 para avaliação de eficácia e segurança, a última etapa antes da aprovação pelas agências reguladoras e posterior imunização da população.
Os profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) serão capacitados para operacionalizar a campanha. Também será montado um esquema de recebimento, armazenamento, expedição e distribuição dos insumos (vacina, seringas e agulhas).
O principal complexo logístico será a partir do aeroporto internacional de Guarulhos (SP), na sede da empresa VTC Logística, que tem contrato com o Ministério da Saúde. Há também estruturas menores em Brasília, Rio de Janeiro e Recife.
Além de acordos com companhias aéreas, também está prevista a entrega da carga embalada por modal rodoviário para Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e outras unidades da federação que fiquem em até 1.400 quilômetros de raio dos centros de distribuição.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta