A versão anterior da reportagem errou ao informar que Lucas Torrezani havia sido demitido da Polícia Militar. Ele segue ativo na corporação, recebendo salário, conforme dados do Portal da Transparência. A informação correta é que a Corregedoria da PM decidiu, em 20 de setembro, pela demissão dele, mas a ação depende de homologação do Comando Geral da corporação, o que ainda não ocorreu. O título e o texto foram corrigidos.
O policial militar Lucas Torrezani de Oliveira acusado de atirar e matar o músico Guilherme Rocha, de 37 anos, após a vítima reclamar do som alto no condomínio em que os dois moravam no bairro Jardim Camburi, em Vitória, vai a júri popular por decisão do juiz Carlos Henrique Rios do Amaral Filho.
A decisão, emitida nesta quarta-feira (18), foi tomada a partir de denúncia apresentada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e nas investigações realizadas. O texto destaca que “a prova pericial (Reprodução Simulada, Laudo de Exame de Arma de Fogo, Laudo de Exame de Local de Homicídio, Laudo de Exame de Imagens de Videomonitoramento), aliada a prova testemunhal produzida em Juízo, apontam os indícios de autoria e materialidade atribuída ao acusado".
Lucas vai responder por homicídio qualificado, sem possibilidade de recorrer em liberdade. Nas palavras do Ministério Público, citadas na decisão do juiz Carlos Henrique, “o crime foi praticado por motivo fútil, na medida em que os denunciados não concordaram com a abordagem da vítima solicitando o fim da ‘festinha’ deles, e de forma banal ceifaram sua vida. O crime ainda foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, uma vez que a mesma estava desarmada, e foi empurrada, deixando-a vulnerável, impossibilitando qualquer chance de defesa, bem como os denunciados estavam em superioridade numérica.”
Ainda não há data para o julgamento. A reportagem tenta localizar a defesa do PM e o canal segue aberto para manifestações.
Na mesma decisão que definiu a ida de Lucas ao júri popular, Jordan Ribeiro de Oliveira, amigo do PM, que estava no local do crime e, em meio à discussão que antecedeu a morte, empurrou o músico, foi impronunciado, com o entendimento de que não há provas de que ele planejava contribuir para a morte da vítima.
O caso aconteceu na madrugada do dia 17 de abril de 2023, dentro de um condomínio em Jardim Camburi, Vitória. Quando os policiais chegaram ao local, o soldado estava com a arma nas mãos e a vítima, caída no chão.
Em uma primeira versão, Lucas Torrezani contou que estava bebendo com os amigos quando Guilherme teria o atacado. Ele disse que reagiu e atirou uma vez. A síndica do condomínio onde os dois moravam contou que, ao contrário do que disse o militar, a vítima não reagiu e nem tentou desarmar o soldado.
Horas após o crime, após análise do delegado de plantão, Lucas foi liberado para responder o processo em liberdade. Ele foi ouvido e liberado após a autoridade entender que "não haviam elementos suficientes para lavrar auto de prisão em flagrante".
Durante o dia, ao longo da investigação, foi verificado que o caso não era de legítima defesa. A Polícia Civil, então, fez o pedido de prisão. No dia 18 de abril, ele se entregou às autoridades policiais.
Em junho de 2023, a Justiça aceitou a denúncia contra Lucas Torrezani de Oliveira. Na mesma ocasião, um amigo dele, que estava na festa, também virou réu. Segundo a decisão da juíza Lívia Regina Savergnini Bissoli Lage, da 1ª Vara Criminal de Vitória, Jordan Ribeiro de Oliveira teria empurrado o músico durante a discussão, o que fez com que ele perdesse o equilíbrio e caísse. Já no chão, Guilherme foi baleado. O processo contra Jordan será arquivado após decisão desta quarta-feira (18).
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