A Polícia Civil do Espírito Santo vai fazer a reconstituição do assassinato do músico Guilherme Rocha, de 37 anos, morto com um tiro no ombro e que atravessou o peito dado pelo soldado da Polícia Militar, Lucas Torrezani, de 28 anos, dentro de um condomínio em Jardim Camburi, Vitória. A informação foi confirmada pelo delegado Marcelo Cavalcanti, responsável pela investigação e titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória.
O crime aconteceu no dia 17 de abril. À repórter da TV Gazeta, Daniela Carla, e do site G1, o delegado informou que uma grande área ao redor do local do assassinato será isolada durante a reconstituição, que ainda não tem data para acontecer.
Não foi informado se a área de isolamento vai compreender apenas o condomínio ou ruas nos arredores do edifício. As investigações seguem em andamento, inclusive, para apurar o envolvimento de um amigo do policial militar que aparece em um vídeo de câmeras de segurança com ele e empurra o músico antes do assassinato.
O delegado Marcelo Cavalcanti disse em 18 de abril que vai pedir a prorrogação da prisão temporária do policial militar por mais 30 dias.
“É um crime complexo. Pelas imagens fica claro que a vítima foi executada. Esses fatos todos estão sendo investigados, a conduta dele, dos amigos, a conduta administrativa dele. A investigação está apenas no começo. Estamos agindo rapidamente para dar essa resposta a sociedade”, disse o delegado na ocasião.
Até a publicação desta reportagem, a reportagem não havia obtido contato do PM e de sua defesa.
Sobre o fato de o PM ter sido, inicialmente, liberado pelo delegado de plantão da Delegacia Regional de Vitória , o chefe da DHPP de Vitória, disse que delegado plantonista liberou o militar porque trabalhou apenas com as informações que foram levadas para ele, no caso, a versão do autor, mas seguiu com as investigações.
“A gente trabalha para investigar e prender qualquer acusado de crime desde que tenham elementos que concretizem essa autuação. Se tinha alguma dúvida inicialmente, ela caiu durante o dia. As imagens de videomonitoramento foram determinantes”.
E acrescentou: “É temerário que uma autoridade policial em plantão autue uma pessoa sem que tenha elementos. Ele [o delegado] determinou diligências que foram cumpridas durante o dia e, ao final, o próprio delegado com essas informações representou pela prisão temporária”, disse o delegado Marcelo Cavalcanti, na ocasião.
Após ser liberado, o PM se entregou à polícia acompanhado de um advogado, mas se reservou ao direito de ficar calado. A defesa do policial também solicitou acesso aos elementos que estavam nos autos.
O delegado disse ainda que, ao final das investigações, os envolvidos serão indiciados e o inquérito será apresentado ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que poderá oferecer denúncia à Justiça.
De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar, no dia do crime Lucas Torrezani estava com bebida alcoólica e apresentava “odor etílico ao falar”.
Ainda de acordo com o documento da corporação, militares foram acionados por volta de 3h pela síndica de um condomínio na Avenida Augusto Emílio Estelita Lins. Quando chegaram ao local, o militar estava com a arma nas mãos e Guilherme caído no chão.
O PM contou aos policiais que estava bebendo com amigos perto da entrada do Bloco 1, quando a vítima teria o atacado e tentado desarmá-lo. O militar disse que reagiu e atirou uma vez com sua pistola .40 no vizinho. O tiro atingiu o ombro esquerdo da vítima e atravessou o peito do homem, e ainda atingiu um carro que estava próximo.
De acordo com o site da Transparência do governo estadual, o militar que matou o vizinho entrou na Polícia Militar em 2020.
Nas imagens divulgadas pela Polícia Civil (veja o vídeo acima) é possível ver que Guilherme passa por uma porta e para na frente de Lucas com as mãos viradas para trás. Neste momento, é possível ver que Lucas tira uma arma da cintura. Um rapaz que estava sentado se levanta e fica ao lado de Lucas, os dois de frente para Guilherme.
As imagens mostram ainda que Lucas bateu com a arma em direção ao rosto de Guilherme, momento em que Guilherme parece tentar segurar a arma e é empurrado pelo rapaz que estava em pé ao lado de Lucas.
Logo em seguida, Guilherme já aparece cambaleando, em direção a parede e cai no chão. Lucas se aproxima dele com a arma, olha para Guilherme caído e toma mais um gole da bebida que estava no copo enquanto assiste à vítima morrer.
Com informações do g1 ES
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