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Polícia descarta contaminação em óleo ingerido por advogado que morreu no ES

Polícia descarta contaminação em óleo ingerido por advogado que morreu no ES

Homem morreu no último dia 13, em um hospital de Colatina. Era investigada a possibilidade dele ser vítima do falso óleo de semente de abóbora que provocou morte de casal da Serra

Publicado em 31 de agosto de 2021 às 21:26

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Esposa de advogado encaminhou produto para a Polícia Civil
Produto foi periciado pela para a Polícia Civil do ES. (Divulgação )

Após laudo pericial, a Polícia Civil do Espírito Santo descartou a contaminação pelo dietilenoglicol — substância tóxica — no óleo de semente de abóbora ingerido pelo advogado Manoel Pevidor Dias, de 65 anos. Ele morreu no último dia 13, após ficar internado por meses em um hospital particular de Colatina, no Noroeste do Estado. Era investigada a possibilidade de o advogado ser vítima do falso óleo que provocou a morte de um casal da Serra no início deste ano.

A suspeita de contaminação surgiu após a polícia encontrar o nome de Manoel na lista de compradores do fornecedor que vendeu o produto contaminado para o casal — a mercadoria continha a substância dietilenoglicol. O advogado morava na cidade mineira de Aimorés, que fica na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo, por isso foi internado em um hospital particular de Colatina.

Por nota, a Polícia Civil informou que tomou ciência sobre a internação do homem no início de julho e que, na ocasião, foi solicitado laudo pericial do produto ingerido pela vítima devido à suspeita de que o quadro clínico poderia ser em decorrência da ingestão do óleo de semente de abóbora. A embalagem da mercadoria comprada pelo advogado é do mesmo fabricante que vendeu o falso óleo para o casal.

O frasco com o restante do produto foi encaminhado para a análise da Polícia Civil do Espírito Santo e o resultado apontou que o produto não estava contaminado. “Após a análise pericial, foi descartada a contaminação do conteúdo do frasco por dietilenoglicol, sendo descartada a possibilidade de óbito provocado pela ingestão do óleo”, afirmou a polícia, em nota.

A reportagem tentou contato com a família do advogado Manoel Pevidor Dias na tarde desta terça-feira (31), mas as ligações não foram atendidas. 

No dia em que a Polícia Civil informou haver encerrado o inquérito sobre a morte do casal na Serra, a corporação adiantou que o site em que o óleo era vendido foi contatado para informar se mais pessoas compraram o produto e, consequentemente, fazer a identificação de outros possíveis intoxicados com dietilenoglicol. A substância é a mesma que contaminou lotes da Cervejaria Backer, em Minas Gerais, e matou dez pessoas em 2019.

CASAL MORTO NA SERRA

No dia 6 de julho deste ano, a Polícia Civil informou que concluiu o inquérito que investigou a morte do casal Rosineide Dorneles Mendes Oliveiras e Willis Penna de Oliveira, da Serra. A mulher morreu em 15 de fevereiro e o companheiro foi a óbito em 16 de março deste ano, após ambos consumirem o produto denominado “óleo de semente de abóbora”, vendido para todo o Brasil pela internet. O material foi o que a artesã e o cozinheiro passaram a consumir diariamente, na quantidade de uma colher por dia, mas o que eles ingeriram não continha nada do prometido, segundo perícia da Polícia Civil.

Rosineide Dorneles Mendes e o cozinheiro Willis Pena de Oliveira, que morreram na Serra
Rosineide Dorneles Mendes e o cozinheiro Willis Pena de Oliveira, que morreram na Serra. (Reprodução/ Facebook)

Segundo a investigação, o casal usou o produto por cerca de 14 dias e parou apenas quando começou a sentir os primeiros sintomas, como náuseas, dores de cabeça e vômitos. Inicialmente, ambos buscaram atendimento médico, mas foram liberados porque os sintomas foram classificados como leves. Somente na terceira ida a um pronto-atendimento, com o quadro já agravado e com insuficiência renal identificada, marido e mulher foram internados no Hospital Estadual Dório Silva, na Serra, em estado grave. Exames laboratoriais e cadavéricos feitos nos corpos atestaram que o casal ingeriu dietilenoglicol.

Após meses de investigação, que contou com a colaboração da Polícia Civil dos estados do Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, a polícia concluiu o inquérito e efetuou a prisão do responsável pela fabricação do produto vendido como óleo de semente de abóbora. A prisão ocorreu na cidade paulista de São Bernardo do Campo, em uma casa improvisada como laboratório, onde o fabricante produzia livremente o composto.

Ele foi preso em flagrante no dia 25 de maio e cumpre prisão preventiva. Além do falso óleo de semente de abóbora, no laboratório clandestino eram feitos cosméticos sem qualquer tipo de controle, desta forma é provável que tenha ocorrido uma contaminação por produtos diferentes ou até mesmo a rotulagem equivocada do que estava sendo envasado.

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Um litro do produto era vendido por mais de R$ 600 reais em sites de compra e venda na internet. (Divulgação/Polícia Civil)

"Nesta mesma empresa, o responsável desenvolvia outras atividades, como cosméticos. Então ele tinha uma série de produtos que também eram vendidos pela internet. A gente acredita que ele possa ter misturados os ingredientes ou cometido um erro na hora de rotular e acabou vendendo uma substância por outra. A produção era completamente artesanal e ele não tinha formação alguma na área. Simplesmente achou que poderia envasar e vender", disse, na época, o delegado Rodrigo Rosa, do 12º Distrito Policial, que comandou as investigações.

CONCENTRAÇÃO E CONTAMINAÇÃO

Ainda durante a coletiva realizada para divulgar a conclusão do inquérito sobre a morte do casal, a perita Daniela de Paula, as primeiras análises do produto recolhido na casa do casal da Serra descartou a possibilidade de ser um óleo vegetal. Com isso, os trabalhos foram direcionados a identificar qual era a substância que causou a morte do casal. Foram encontradas duas substâncias nesse suposto óleo de semente de abóbora: a glicerina e o dietilenoglicol.

Para atestar se era realmente o mesmo composto que contaminou o lote de cervejas, a perícia técnica da Polícia Civil mineira foi solicitada para enviarem os parâmetros da substância. Feita a análise, foi comprovado e constatado o dietilenoglicol no produto comprado por Rosineide e Willis.

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Na sede da empresa, o produto que matou o casal era porcionado e envasado em frascos vendidos na internet. (Divulgação/Polícia Civil)

Com a substância identificada, a perícia investigou a quantidade presente nas amostras. Para surpresa até mesmo dos peritos e legistas, a concentração estava muito acima da permitida pela legislação vigente no país.

"A partir daí foi desenvolvida uma técnica para que a gente pudesse quantificar a quantidade deste produto em questão. Na glicerina, é permitido ter até 0,10% de dietilenoglicol na composição, nestes casos para o uso oral. Foi identificada a quantidade de 13% de dietilenoglicol na formulação. A glicerina em si também é um medicamento e usada em alguns xaropes de paracetamol e outros. Em resumo, é como se em 100 ml's de glicerina, encontramos 13 ml's de dietilenoglicol", detalhou Daniela de Paula.

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