O casal Gleidson Lopes e Julianna Ritter, empresários do Espírito Santo apontados como suspeitos de comprar remédios para tratamento de câncer roubados de órgãos de saúde em Campinas, no interior de São Paulo, podem responder por receptação, crime contra a saúde pública, peculato e lavagem de dinheiro, conforme divulgado pelo delegado Elton Costa, responsável pela investigação no interior paulista.
De acordo com o delegado, a Polícia Civil do Estado de São Paulo já solicitou a prisão do casal do Espírito Santo, mas aguarda a decisão judicial desde 5 de janeiro.
“Não sabemos onde eles estão. Tecnicamente, ainda não podemos tachá-los como foragidos, mas o advogado já está pedindo a revogação do pedido de prisão”, disse o delegado à reportagem de A Gazeta. Com os crimes apontados pela Polícia Civil de São Paulo, o casal pode cumprir até 45 anos de prisão se receber a pena máxima em cada um deles.
A defesa de Julianna e Gleidson nega que o casal tenha conhecimento sobre as ilegalidades do esquema ocorrido em Campinas.
“Juliana não sabe nada de nada. Gleidson tem uma ONG (na Serra), que, inclusive, não tem relação nenhuma com o esquema. Em algumas oportunidades, Gleidson comprou, sim, remédios pela internet, e ele doava e vendia para pessoas que sabia que precisava”, disse o advogado Danilo Bueno.
Em dezembro de 2023, uma diretora do Departamento Regional de Saúde de Campinas procurou a Polícia Civil de São Paulo para relatar o desaparecimento de 79 caixas de medicamentos da unidade.
O remédio em questão era o Pembrolizumabe 25MG/ML que, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é utilizado no tratamento de diversos tipos de câncer. Na época, o furto totalizou um prejuízo de R$ 1.137.706,65 aos cofres públicos.
Com a investigação, a polícia descobriu que um servidor, identificado como José Carlos dos Santos, era o responsável por desviar os remédios do estoque. Já Gabriela Carvalho, enteada de José Carlos, despachava os medicamentos no aeroporto de Viracopos, em Campinas, com o auxílio do marido Michael Carvalho, apontado como o chefe da organização e responsável por tratar a venda dos remédios.
Após o desvio, os medicamentos, que chegavam até R$ 22 mil por ampola, eram enviados para o Aeroporto de Vitória. De acordo com a apuração do "Fantástico", da TV Globo, como os remédios não tinham nota fiscal, as encomendas eram declaradas como doação, o que não levantava suspeitas das empresas de fiscalização.
Chegando ao Espírito Santo, os remédios roubados eram recebidos por Gleidson Lopes e Julianna Ritter, responsáveis por uma ONG situada na Serra, voltada para apoio a pessoas com dificuldade de locomoção.
Maria do Socorro, esposa de José Carlos, usava suas contas bancárias para movimentar o dinheiro oriundo da venda ilegal. No telefone dela, foram encontrados vários comprovantes de transferência para Julianna Ritter e para a empresa na qual ela é sócia.
José Carlos, Maria do Socorro e Gabriela foram presos pela polícia de São Paulo. Michael não foi encontrado.
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