O anúncio de que uma região no bairro Mata da Praia, em Vitória, ganharia status de polo gastronômico pela prefeitura da Capital desagradou os moradores. Eles temem que, se implementado, o polo cause aglomeração e barulho, além de prejudicar o trânsito no local.
A administração municipal contesta, e afirma que a medida vai, ao contrário, permitir uma melhor organização do espaço onde atualmente já há uma concentração de bares e restaurantes.
Em setembro, a prefeitura anunciou a criação de polos gastronômicos em diversos bairros de Vitória. Os locais contemplados são aqueles que têm vocação gastronômica consolidada, como a Curva da Jurema, Rua da Lama e a Rua Sete, por exemplo.
No caso da Mata da Praia, a região em questão engloba o entroncamento entre três avenidas e é bem conhecida pelos boêmios.
“O público que vai ser atraído por esses polos vai acabar com o nosso bairro. Além disso, vamos ficar estrangulados quando houver fechamento de ruas, vamos ficar presos no bairro”, apontou a presidente da Associação de Moradores da Mata da Praia, Maria Lúcia Dellatorre.
Segundo ela, já foram feitas duas reuniões com o secretário de Governo e de Desenvolvimento da Cidade e Habitação, Marcelo de Oliveira. A presidente da associação afirma que, apesar dos pedidos de que o bairro deixe de integrar o decreto que cria os polos gastronômicos na Capital, o secretário se mostrou “irredutível”.
“Primeiro, ele deveria ter mostrado ao bairro para ver se o projeto interessava. Ficamos sabendo pelos jornais. Marcamos uma reunião três dias depois e ele ficou irredutível. Ele fala que vai acontecer, que o polo é bom pra Mata da Praia, mas, para nós, o projeto é horrível”, diz.
Revoltados, eles planejam uma manifestação no bairro nesta terça-feira (19) com faixas e carro de som. "Estamos com 99% da população da Mata da Praia revoltada. Eu quero que tire esse polo daqui. A Mata da Praia não pode fazer parte desse edital”, diz Maria Lúcia.
O secretário afirmou que o posicionamento dos moradores é uma questão de desinformação. Ele diz que foi criada uma "resistência ao nome ‘polo gastronômico’”, mas ressalta que não haverá mudanças físicas ou estruturais no local.
“Não estamos criando, estamos reconhecendo uma região que já funciona como polo gastronômico, que a cidade já reconhece como tal.”
Ainda de acordo com o secretário, o decreto visa organizar o uso daquele espaço, impedindo que atividades venham a ampliar o impacto que já existe. “No decreto de formação fica proibida a presença de ambulantes, food truck, carro de som, etc. A Rua da Lama aconteceu o que aconteceu lá por falta de regulamentação do polo gastronômico”, afirma.
Ele esclareceu ainda que, por se tratar de vias de grande fluxo de veículos, não haverá elevação da pista, nem fechamento para veículos em determinados horários do fim de semana, e tampouco redução do número de vagas de estacionamento na Mata da Praia.
Esses recursos poderão ser utilizados em outros locais, como na Rua Sete, no Centro, por exemplo, onde é uma demanda da comunidade.
O presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo (Sindibares), Ricardo Vervloet, diz que do ponto de vista dos comerciantes a criação do polo gastronômico é vantajosa.
“Tem o benefício urbanístico, tem uma região mais organizada, com recolhimento de lixo, mais segurança, impede a baderna. É benéfico para toda cidade, inclusive para os moradores”, avalia.
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