Toda viatura policial é, originalmente, um carro comum, destes comprados e retirados em concessionárias, mas para que seja colocada em serviço, os modelos já saem de fábrica configurados nas especificações determinadas em licitação ou no processo de compra. É neste momento que os veículos recebem otimizações no motor, freios, ganham acessórios de segurança, plotagem e blindagem especiais, que os tornam diferentes dos milhares de automóveis que circulam pelas estradas.
No caso da Polícia Rodoviária Federal, os carros são utilizados pelos agentes durante fiscalizações e perseguições de veículos em atitudes suspeitas em trechos das rodovias federais brasileiras. Recentemente, a corporação ganhou um "update" na frota.
Além dos veículos que compõem o quadro, nos últimos meses carros do porte de Range Rover Velar, Porsche Cayenne GTS, Mercedes Benz E300 e ainda BMW 320i - modelos de luxo e esportivos para os padrões brasileiros - foram incorporados. Um destes carrões, inclusive, foi integrado à PRF no Espírito Santo, mais especificamente uma BMW 320i, modelo 2020.
Todas estas máquinas - ao todo foram sete veículos - são oriundas de apreensões realizadas pela Polícia Federal no ano de 2020, no Mato Grosso do Sul, durante o andamento da Operação Status. Os modelos pertenciam a narcotraficantes que levavam uma vida luxuosa no Brasil e também no Paraguai. O uso deles foi permitido em junho, por decisão da Justiça Federal do Estado do Centro Oeste, a pedido da própria PRF. Esta permissão é provisória e a instituição terá que garantir a conservação da frota.
E se na rua um carro deste porte já chama a atenção por onde passa, imagine uma viatura configurada em uma BMW 320i? É quase de maneira automática os olhares se voltarem para o modelo, e acredite, a intenção é justamente esta, porém de forma educativa, além de enfraquecer financeiramente o tráfico, como atesta o chefe de operações da PRF no Estado, Waldir Soares.
"Com certeza é um golpe duríssimo (no narcotráfico). Foram confiscados um Porsche Cayenne, uma Range Rover Velar e outros veículos desta categoria. Eles (traficantes) usam para ostentar. Isso serve de exemplo para todos os narcotraficantes pois estão vendo um carro com uma potência dessa sabendo que foi confiscado do narcotráfico. Isso dá um impacto bastante considerável", explica.
De cara, no para-choque traseiro uma mensagem clara: "este veículo foi confiscado do narcotráfico. Por dentro, em meio aos itens de luxo originais e conforto que o 320i oferece, estão também os que foram adicionados para transformar o carro de rua em viatura. A cor, originalmente branca, deu lugar à plotagem característica da corporação, nas cores azul e amarela. Já na grade frontal e nos vidros dianteiros e traseiros, sistema de giroflex com luzes. Integrado ao painel, um radiocomunicador com alto-falante potente e com diferentes tipos de sirene.
Mesmo equipada com todos estes itens ninguém verá esta viatura em uma perseguição, por exemplo. Obviamente há uma explicação plausível para isso, como o chefe de operações detalhou à reportagem de A Gazeta.
"Em um veículo desses, a manutenção é mais robusta e cara. Então, para colocar todo dia essa viatura na rua ou outra importada e confiscadas do narcotráfico, com certeza gerará custos elevados. Durante acompanhamentos, esses carros podem ser mais sensíveis a buracos, o que pode causar acidentes envolvendo viaturas. A utilização dele se dá em campanhas educativas que realizamos, desfiles e ainda de forma institucional", explica o inspetor.
Para exercer estas ações de risco descritas acima, a PRF no Estado conta com veículos preparados para aguentar o tranco. Entre os modelos à disposição está o SUV Equinox. O carro em questão, não é proveniente de apreensões e já foi integrado à frota nas condições necessárias para o trabalho a ser desempenhado. Por isso mesmo, o modelo conta com blindagem potente, capaz de conter disparos de grosso calibre, garantindo a integridade do policial durante a perseguição.
"Quando vamos escolher um veículo para a frota da PRF é realizada uma comissão que especifica cada detalhe para que o modelo seja melhor aproveitado. É levado em consideração a estabilidade, potência, e o conforto do policial é muito importante porque além de trabalhar equipado com nossos epi's, esse carro precisa ser projetado para que o agente também possa carregar uma arma longa como uma carabina, fuzil, semi-metralhadora. Fora isso, também é solicitado uma blindagem parcial no vidro dianteiro, nas portas laterais e no capô. Ele consegue suportar um disparo de um fuzil calibre 556 até 762, de calibre pesado", explica o inspetor.
Além da BMW 320i, outro supercarro apreendido do narcotráfico na mesma operação esteve no Espírito Santo por um curto período. O Porsche Cayenne GTS também recebeu a plotagem característica da corporação e foi transformada em viatura.
De fato, o modelo impressiona. Somados todos os sete que foram retirados do poder dos criminosos, o valor de mercado deles chega na casa dos R$ 2 milhões, de acordo com a precificação da tabela Fipe. Apenas o Cayenne GTS 2015/2016 está cotado R$ 370 mil. Já o "capixaba" 320i, modelo 2020/20, tem cotação na ordem dos R$ 230 mil.
Os sete modelos apreendidos e incorporados à PRF são: Mercedes-Benz E300, Porsche Cayenne GTS, Land Rover Range Rover Velar, Jeep Grand Cherokee, Toyota Tundra e dois BMW Série 3, um na versão 320i e outro mais esportivo na configuração 330i.
O sedã Classe E 2019 da Mercedes, que na versão E300 vem equipada com um motor 2.0 turbo de 245 cv e 37,7 kgfm de torque e câmbio automático de 9 marchas. No mercado de seminovos, seu preço fica na faixa dos R$ 335 mil segundo a tabela da Fipe.
Este exemplar apreendido está na versão P300 R-Dynamic SE, fabricado no ano de 2019 e vem equipado com motor 2.0 turbo de 300 cv. O SUV traz grade dianteira pintada de preto, rodas diamantadas e suspensão ajustável em altura e o preço desta unidade ano-modelo 2018/2019 fica na casa dos R$ 385 mil.
A picape grande da fabricante japonesa era vendida exclusivamente nos Estados Unidos, onde rivaliza com o Chevrolet Silverado e Ram 1500. Esta versão apreendida se trata de uma Tundra 1794 Edition CrewMax 2014, modelo que veio importada de forma independente, visto que o modelo não chegou a ser comercializado oficialmente no Brasil.
O modelo de fabricação 2015/2016, vem equipado com um potente motor V6 3.6 biturbo de 440 cv e 61,2 kgfm de torque, o suficiente para levar o utilitário de 0 a 100 km/h em 5,1 segundos e atingir a máxima de 262 km/h. O preço médio na tabela Fipe fica em torno de R$ 370 mil.
O carro da Série 3 da montadora alemã está avaliado em aproximadamente R$ 230,5 mil reais e foi fabricado no ano de 2020. O sedã tem motor 2.0 turbo, empurrado por 184 cavalos.
O "irmão" mais potente também da geração Série 3 da BMW é do ano de 2019 e possui a mesma motorização do 320i. O que os diferem é a versão mais esportiva do modelo, capaz de gerar uma potência de 285 cavalos.
O Jeep Grand Cherokee Limited 2012 vem dotado com um motor V6 3.6 de 286 cv. Pela tabela Fipe, o modelo está avaliado em R$ 75,8 mil.
Além do 320i, Equinox, o "Fusquinha Rayovac", a Polícia Rodoviária Federal no Espírito Santo dispõe com outros modelos de carros na frota para os diferentes tipos de ações desempenhadas. A frota institucional da PRF no ES ainda conta com um utilitário Troller e ainda uma icônica Veraneio.
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