Quem anda em carro de aplicativo já percebeu a demora para conseguir uma corrida. Antes, o que era sinônimo de agilidade, agora por muitas vezes se tornou um contratempo. Segundo motoristas, corridas curtas não estão valendo a pena por conta dos altos custos com combustíveis e a falta de reajuste no preço pago pelos aplicativos aos profissionais.
A dona de casa Quésia Merçon é uma das que notou uma grande diferença na hora de solicitar corridas por aplicativo. Segundo ela, períodos em que aguardava no máximo 15 minutos para a chegada de um carro viraram coisa do passado.
“Já esperei meia hora, até quarenta minutos. Antigamente, era coisa de dez ou 15 minutos no máximo. À noite piora. Depois das 21h30, 22h fica ainda mais complicado. Quando você pergunta, os motoristas dizem que estão escolhendo corridas, porque com a gasolina cara eles estão ganhando pouco”, disse.
Se por um lado está cada vez mais difícil fazer essas viagens em trechos curtos e mais baratos, para o motorista, eles dizem que não compensa. O presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo do ES, Luiz Fernando Muller, conta que o que recebem dos passageiros nessas corridas não dá para pagar os custos do carro e do aplicativo.
“É um problema entre as baixas tarifas dos aplicativos e o aumento dos combustíveis. Isso está fazendo com que os motoristas escolham mais as corridas para que não saíam no prejuízo”, disse.
Luiz Fernando usou o exemplo de um motorista que percorre 200 quilômetros por dia e roda 25 dias no mês. Com o combustível caro e a falta de reajuste no valor do serviço, o ganho líquido fica em aproximadamente R$ 700.
“Só em combustível, no GNV, dá em média R$ 64 por dia. Por semana, isso sai de R$ 500 a R$ 600 por semana. Se ele roda esse valor por 25 dias, sobra líquido para o motorista, considerando todos os custos, em torno de R$ 700. É um valor ínfimo para quem trabalha o mês inteiro”, destacou.
Luiz Fernando disse também que a categoria nunca teve reajuste da tarifa que recebe para realizar o serviço.
De acordo com os motoristas, o preço do combustível vem sendo o grande vilão para quem trabalha com aplicativo. O economista Eduardo Araújo explica o motivo do preço ter subido tanto nos últimos tempos no Brasil.
“Quando a gente olha para o preço da gasolina no Brasil, ele segue uma paridade de preço de importação no mercado internacional. Toda vez que a cotação do barril de petróleo sobe, isso gera um reflexo no preço aqui para o consumidor. Do ano passado para cá, a gente teve um aumento da demanda e isso fez com que as pessoas passassem a consumir mais gasolina. De outro lado, essa oferta é controlada pelos países produtores de petróleo. Isso fez com que a gente tivesse um petróleo mais escasso e, essa escassez, acabou sendo traduzida na elevação de preço para o consumidor”, detalhou.
Com informações de Any Cometti, da TV Gazeta
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta