Entender o comportamento da Covid-19 é um processo que está ocorrendo à medida que a doença avança. Com menos de um ano do primeiro registro de circulação do novo coronavírus, há muitas dúvidas que ainda serão esclarecidas pela ciência. Outras questões, porém, estão mais relacionadas ao indivíduo do que à doença. É o que justifica, por exemplo, pessoas que dividem o ambiente familiar e nem todas serem contagiadas.
Não é raro o registro de casais em que apenas um dos cônjuges é infectado pelo coronavírus, ou de pais e filhos em que um dos familiares não é contaminado. Há várias possibilidades, mas nenhuma resposta definitiva.
A infectologista Rúbia Miossi pontua que, do que se conhece do coronavírus, é certo que, ao conversar com uma pessoa infectada, numa distância inferior a 1,5 metro e sem o uso de máscara, por um período de 15 minutos, é alta a incidência de transmissão do agente infeccioso.
"Então, falam assim: 'mas eu beijo meu marido, a gente dorme junto, é mais que conversar. Por que, então, eu não peguei?' A resposta não está simplesmente na característica do vírus, mas da pessoa", argumenta.
Rúbia Miossi observa que ainda não está descrito, nas publicações científicas relacionadas à Covid-19, o porquê dessa situação. Se é o fato de a pessoa que não se infectou ter anticorpos, ou seja, não é suscetível à doença porque já desenvolveu proteção por outros meios; ou se é porque o doente tem uma carga viral baixa que não é suficiente para contaminar o outro; ou ainda se o infectado percebeu os sintomas a tempo e, a partir de então, adotou medidas de distanciamento e proteção com o uso de máscaras. "Tudo é possível, nada comprovado", frisa a infectologista.
E essa é um condição que não está restrita aos casos de Covid-19. Rúbia Miossi diz que há casos de pessoas que são soropositivas e que não contaminaram o parceiro, mesmo mantendo relação sexual sem proteção antes de saber que estavam infectados pelo HIV. "São coisas dentro da biologia do ser humano que, de fato, a gente desconhece", afirma.
Apesar das situações em que a transmissão não ocorre, como nos contextos familiares, a médica reforça que ainda não é possível indicar quem vai estar ou não imune à infecção. Dessa maneira, o distanciamento e o uso de máscara continuam fundamentais tanto para a proteção individual quanto coletiva.
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