Febre, dores nas articulações, dor atrás dos olhos e manchas avermelhadas pelo corpo. Os sintomas da dengue já são conhecidos pela maioria da população, mas, no Espírito Santo, há uma nova preocupação. Nesta quinta-feira (6), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou o segundo caso de dengue tipo 3 no Estado, considerada de maior gravidade. Mas por que esse tipo da doença é o que mais preocupa?
O infectologista Lauro Ferreira Pinto explica que o sorotipo 3 da dengue não circula no Brasil há muitos anos. Por esse motivo, a população não possui nenhum tipo de imunidade, pois nunca foi exposta ao vírus. Esse fator faz com que mais pessoas estejam suscetíveis à contaminação. “O que tem causado casos de dengue no Espírito Santo nos últimos anos são os sorotipos 1 e 2. A questão essencial é que uma pessoa pode ter a doença por sorotipos diferentes, já que os anticorpos do tipo 1, por exemplo, não protegem contra o tipo 3. E vice-versa. Com a chegada do tipo 3, há chances de termos uma epidemia de grandes proporções”, esclareceu.
Outro fator analisado é o que o especialista chama, resumidamente, de fenômeno de agravamento. Uma pessoa que já foi infectada pelos tipos 1 e 2 têm mais chances de desenvolver a forma mais grave da doença caso seja contaminada pelo tipo 3. “É como se os anticorpos já existentes no organismo facilitassem a infecção pelo novo vírus e aumentassem a chance de desenvolvimento da forma mais grave da doença. É como se fosse uma chavinha que contribuísse para a agressão do vírus.”
De forma simplificada, Lauro Ferreira Pinto afirma que os tipos de dengue — 1, 2, 3 e 4 — são como quatro irmãos com características diferentes. Essas características fazem com que a imunidade adquirida por quem se contamina por um dos tipos não seja capaz de proteger contra os outros. Portanto, uma pessoa pode ser infectada até quatro vezes, uma por cada tipo.
Diante da circulação dos quatro sorotipos no país, o Ministério da Saúde orienta a população a redobrar os cuidados no combate ao Aedes aegypti como: eliminar focos de água parada, utilizar repelentes e instalar telas de proteção.
Luiza Morandi, infectologista da Unimed Sul Capixaba, explica que os sintomas da dengue, independentemente do tipo, são muito parecidos: febre alta, dor no corpo, dor atrás dos olhos, cansaço e manchas na pele. Somente exames realizados em laboratório são capazes de identificar qual é o tipo do vírus presente no sangue de uma pessoa com dengue.
Há quem fique em dúvida se a vacina da dengue protege contra o tipo três. A resposta é: sim. No entanto, ela não impede a pessoa de se contaminar, apenas reduz o risco de desenvolvimento da forma mais grave da doença. "Se a pessoa já tomou a vacina, ela tem mais chance de ter sintomas mais leves caso pegue dengue. Por isso, fica o alerta: mesmo que o mosquito seja o mesmo, o perigo muda conforme o tipo do vírus que está em circulação", destaca a infectologista.
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