Nas últimas semanas, uma triste cena tem se repetido na costa capixaba: baleias-jubarte encalhadas (e mortas) por aqui. Teve filhote encontrado na Praia de Carapebus, Serra, no dia 7 deste mês, uma maior já na areia em Jacaraípe, mesmo município, neste sábado (13), e um filhote, em Linhares, na Praia de Pontal do Ipiranga.
De acordo com os dados do Instituto Baleia Jubarte, do início do ano até esta segunda-feira (15), cinco baleias-jubarte encalharam no litoral do Estado, fazendo o Espírito Santo ocupar o quarto lugar do ranking nacional. No topo está a Bahia, com 13 registros em 2022.
Vale ressaltar que nesta época do ano é o auge da passagem dos cetáceos pela costa capixaba, onde se alimentam e rumam em direção ao Santuário da Baleia Jubarte, na região de Abrolhos, na Bahia. A presença delas por aqui, inclusive, é muito procurada por turistas que embarcam em direção ao alto mar para presenciar o espetáculo proporcionado pelas jubartes em saltos espetaculares.
Mas afinal, por que tantas baleias encalham e morrem aqui no Estado?
"Temos um ano excepcional com muitas baleias vivas. Uma parte dessa população acaba vindo a óbito e chega no nosso litoral. Essa semana apareceu uma série de encalhes, mas a gente acredita que isso é muito mais relacionado às circunstâncias do tempo e vento, que empurram esses animais que morrem à praia, do que um aumento da mortandade", explicou Eduardo Camargo, presidente do Projeto Baleia Jubarte, em entrevista à TV Gazeta.
Segundo o coordenador executivo do Projeto Amigos da Jubarte, Thiago Ferrari, atualmente cerca de 25 mil baleias-jubarte vêm reproduzir nas águas quentes brasileiras. O número foi aumentando a cada ano: no final da década de 80, segundo ele, eram apenas 800 animais, por conta da caça indiscriminada.
"No momento, o número de baleias encalhadas é coerente com o tamanho da população de baleia-jubarte. A gente tem que acompanhar até o final da temporada (que vai de junho até novembro, quando elas vêm se reproduzir) para analisar melhor", ponderou o especialista.
Ele ainda apontou que o aparecimento de carcaças nas últimas semanas pode ser explicado pelos ventos.
"A maioria das carcaças não chega às praias. Quando as baleias morrem, geralmente elas afundam ou são levadas ao oceano pelo vento, então a gente nem fica sabendo dessa morte. Aqui no Estado, quando sopra o vento Sul, isso favorece a carcaça ser empurrada para as praias. Na semana passada esse vento Sul soprou por aqui."
Thiago explicou que só é possível descobrir a causa da morte dos animais depois que a necropsia é feita. Infelizmente, nem toda a carcaça está em condições de ser submetida ao exame, por conta do estado de decomposição.
"A principal causa da morte normalmente está em causas naturais. As baleias mais velhas às vezes morrem por doença, às vezes filhotes se perdem das mães e como são frágeis acabam encalhando", declarou o especialista.
Apesar das causas naturais serem maioria, outras questões podem influenciar na morte desses animais:
Quando embarcações colidem com as baleias. Normalmente o fato acontece com barcos menores e mais rápidos, como lanchas.
Como as baleias-jubarte não se alimentam no Brasil, elas não correm tanto risco de ingerir algum alimento contaminado, mas há a poluição acústica, como o tráfego de muitas embarcações em um mesmo local, que podem acabar atrapalhando a comunicação dos animais.
Presas em redes, elas morrem de fome ou afogadas, por não conseguirem subir à superfície.
Algumas empresas petroquímicas usam esse método para fazer a leitura do solo. Uma espécie de pistola atira como se fosse um jato de ar do navio, que percorre o oceano até o solo. Se algum animal estiver passando pelo local nesse momento, ele pode ficar atordoado.
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