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Por que viação em Vitória vem tendo dificuldades em pagar rodoviários?

Por que viação em Vitória vem tendo dificuldades em pagar rodoviários?

Desde abril, foram registradas pelo menos quatro paralisações dos rodoviários da Viação Tabuazeiro – uma das três empresas que operam linhas do sistema municipal de Vitória. A última paralisação começou na terça-feira (22) e ainda não terminou

Publicado em 24 de setembro de 2020 às 14:07

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De um lado, rodoviários de braços cruzados com salários e tíquetes-alimentação atrasados. Do outro, uma empresa de ônibus que sofre com as consequências da pandemia do novo coronavírus e não consegue honrar os seus compromissos. No meio disso tudo, o passageiro de Vitória, que enfrenta um transporte público cheio com menos ônibus em circulação.

Paralisação dos funcionários da Viação Tabuazeiro por falta de pagamento.\
Paralisação dos funcionários da Viação Tabuazeiro por falta de pagamento.\. (Vitor Jubini)

Assim vem sendo a realidade do usuário do transporte público municipal de Vitória desde que a crise na Viação Tabuazeiro se tornou mais evidente. A empresa é uma das três que operam linhas do sistema municipal de transporte coletivo na Capital, os chamados "verdinhos".

Desde abril, foram registradas pelo menos quatro paralisações dos rodoviários da Tabuazeiro – a última delas começou na terça-feira (22) e ainda não terminou.

O motivo é sempre o mesmo: salários, adiantamentos e tíquetes-alimentação que não são pagos em dia. No início da pandemia, quando a circulação de pessoas era bem mais restrita na Grande Vitória, as empresas de ônibus registraram uma redução de 80% no número de passageiros. Essa, inclusive, foi a principal justificativa usada pela empresa na primeira dessa série de paralisações, que ocorreu em abril e durou quase um mês.

Na ocasião, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Setpes) informou que as viações estavam com arrecadação de apenas 20% do faturamento, o que inviabilizava o pagamento de todas as despesas para a operação das frotas. E acrescentou ainda que as empresas municipais de transporte coletivo não recebem subsídio da prefeitura, ou seja, a arrecadação ocorre com a venda de passagens. O problema não é restrito a Vitória – em Vila Velha, a Viação Sanremo citou a pandemia ao abrir um plano de demissão voluntária dos rodoviários.

A crise foi agravada pela pandemia, mas não começou nos últimos meses. Essas empresas municipais já sofrem, muitas vezes, com a concorrência direta do Sistema Transcol, que chega a ter linhas com trajetos semelhantes aos chamados "ônibus verdinhos". A diferença entre os dois sistemas é que, no Transcol, as empresas recebem subsídio do governo do Estado, o que ajuda a equilibrar as contas.

Uma solução apontada para resolver a crise no sistema municipal é a integração dos ônibus de Vitória e Vila Velha ao sistema Transcol. Mas esse processo, que antes estava previsto para ser consolidado no primeiro semestre de 2020, foi atrasado pela pandemia.

"Não adianta nada fazer a integração e ter mais empresas quebrando, mais empresas sem sustentabilidade. A gente precisava recuar um pouco para entender como vai ficar o processo de pandemia, como vai ser a retomada desse novo transporte, como será a retomada dos passageiros para depois voltar a análise da integração, mas é obvio que a integração precisa ser feita e é uma necessidade", explicou o secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, em entrevista para A Gazeta em julho deste ano.

Outra alternativa – apresentada por rodoviários – foi uma lei, aprovada na Câmara de Vereadores, que autoriza a Prefeitura de Vitória a subsidiar o transporte público municipal durante a pandemia. Como o prefeito Luciano Rezende não vetou nem sancionou o projeto dentro do prazo, a lei foi promulgada pela Câmara.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Vitória disse que fez várias ações para garantir a operação e a manutenção do sistema, como proposta de isenção do Imposto Sobre Serviços (ISS), parcelamento de dívidas das empresas com o município e até antecipação de crédito de mais de meio milhão de reais relativos aos vales-transporte dos servidores. Por fim, garantiu que, semanalmente, desde o início da pandemia, faz avaliações e ajustes de linhas e horários dos ônibus das empresas como mais uma alternativa para manter a frota em circulação.

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Na manhã desta sexta-feira (25), a secretária de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória (Setran), Ana Elisa Nahas, embora não diga que a pasta descartou essa possibilidade de pagar subsídios às empresas, afirmou que é preciso ter "responsabilidade com o dinheiro público" .

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