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Praia e calçadão: entenda os riscos e os cuidados em atividades ao ar livre

Praia e calçadão: entenda os riscos e os cuidados em atividades ao ar livre

Para especialistas, é possível praticar os exercícios nas ruas desde que isso seja feito de forma responsável, tomando precauções - como, por exemplo, evitar os horários de pico, usar máscaras e manter o distanciamento

Publicado em 18 de julho de 2020 às 09:01

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Homem correndo na praia de máscara
Para especialistas, é possível praticar os exercícios nas ruas desde que isso seja feito de forma responsável. (Shutterstock)

Uma das principais medidas para evitar o novo coronavírus é o isolamento social. Mas após quatro meses de quarentena, muita gente já está frequentando calçadões, praias e parques para fazer atividades físicas. Segundo especialistas, é possível praticar os exercícios nas ruas desde que isso seja feito de forma responsável, tomando precauções - como, por exemplo, evitar os horários de pico, usar máscaras e manter o distanciamento. Entenda os riscos e os cuidados necessários ao decidir sair de casa. 

prefeitura de Vila Velha, por exemplo, já retirou barreiras da ciclovia e liberou o acesso ao Morro do Moreno, flexibilizando o ingresso a esses locais. A cidade lidera o número de casos de Covid-19 em todo o Espírito Santo, com mais de 10 mil notificações.

Sobre o assunto, a epidemiologista Ethel Maciel incia afirmando que o ideal seria que ninguém saísse de casa e permanecesse fazendo exercícios dentro da própria residência. Porém, sabendo que existem pessoas que irão se expor de qualquer forma e aquelas que precisam sair para manter a saúde mental, ela diz que é mais seguro fazer os exercícios ao ar livre do que em uma academia, por exemplo. 

"Pelos riscos, o ideal seria não sair. Mas considerando que a pessoa precise disso, ela deve adotar algumas estratégias como: manter a maior distância possível dos outros, usar a máscara da forma correta (cobrindo o nariz e a boca, sem colocar as mãos no tecido, falar muito ou usar a mesma por muitas horas), evitar locais que não possuem ventilação de ar, eleger horários e dias que não são concorridos, evitar esses exercícios em barras e academias populares ou usar o álcool em gel nos aparelhos e evitar colocar as mãos no rosto", afirmou.  

DISTANCIAMENTO SOCIAL MESMO AO AR LIVRE

Dentre as principais orientações para fazer atividades ao ar livre com segurança, o distanciamento social é um dos mais importantes, segundo o médico infectologista Lauro Ferreira Pinto. Ou seja, não adianta sair de casa sozinho e fazer aglomerações durante os exercícios ao ar livre. Nesse momento, os especialistas pedem que as pessoas deem uma nova rotina aos velhos hábitos. 

Médico infectologista Lauro Ferreira Pinto fala sobre o novo coronavírus no Espírito Santo
Médico infectologista Lauro Ferreira Pinto fala sobre a importância do distanciamento social. (FRED LOUREIRO/SECOM-ES - arquivo)

"Entendo que as pessoas estão exaustas e que a atividade física faz bem à saúde. Mas é preciso escolher os horários de menos movimentação no calçadão, por exemplo, e manter a distância segura. Eu reforço, ainda, a importâncias das máscaras - principalmente em locais fechados, como o transporte público e as academias. Tem gente que se sente desconfortável com as máscaras, então deve priorizar ficar isolado para retirar o utensilio e colocá-lo de volta quando perceber a presença de alguém. Mas jamais deixá-la pendurada, porque aí você acaba contaminando", disse.

O médico completou que é preciso um cuidado a mais com as máscaras, pois se o tecido ficar úmido de suor ou saliva, não irá funcionar. Com isso, a melhor forma é ter uma segunda opção para trocar a máscara ou não usá-las nos exercícios mais pesados, desde que a pessoa esteja sozinha. A indicação vale até mesmo para pessoas que estão no grupo de risco.

"O desafio é desacelerar o efeito platô na curva de contágio, para assim diminuir os números de mortos. Se a pessoa seguir todos esses cuidados para manter o isolamento social até mesmo ao sair - como escolher horários com menos gente na rua, por exemplo, acho que qualquer pessoa pode ir ao calçadão ou à praia, até as do grupo de risco, se ela estiver sentindo-se triste, sozinha... Mas se a pessoa está bem em casa, o ideal é permanecer", alertou. 

CONTAMINAÇÃO PELO AR DURANTE EXERCÍCIOS

Em meio essa discussão, um estudo que aponta um alto risco de contaminação pelo ar durante os exercícios físicos nas ruas tem causado preocupação para alguns especialistas. Pesquisadores da Bélgica e da Holanda realizaram uma simulação computadorizada que recomenda que, dependendo da atividade física ao ar livre, as pessoas mantenham distância de até 20 metros umas das outras durante a pandemia da Covid-19.

Os cientistas fizeram simulações em computador de movimentos de caminhada, corrida e pedalada, concluindo que as gotículas de saliva emitidas pelas pessoas durante esses exercícios ficam no ar logo atrás delas enquanto elas se movimentam. Enquanto uma caminhada aponta risco com distância inferior a cinco metros, esse espaço entre as pessoas deveria ser maior quando trata-se de corrida (10 metros) ou pedalada (20 metros).

Os pesquisadores não analisaram o vírus da Covid-19 em si, mas a forma com que as gotículas de saliva viajam pelo ar. O estudo, porém, não foi publicado em revistas científicas, sendo divulgado apenas pelas universidades responsáveis – a Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda, e a Universidade Católica de Leuven, na Bélgica.

Com tantas incertezas, a epidemiologista Ethel Maciel acredita que é válido seguir uma distancia mais segura que dois metros. Ela também alerta sobre a importância em evitar grupos de atividades físicas. "Sempre será melhor fazer isso sozinho ou com quem mora com você. Quem gosta de beber água de coco, por exemplo, é melhor levar a bebida para casa, onde será possível fazer uma higienização da superfície e sem risco de aglomeração", afirma. 

A pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, em entrevista à TV Gazeta
A pós-doutora em Epidemiologia Ethel Maciel fala sobre os riscos ao sair de casa para praticar atividades. (Reprodução / TV Gazeta)

SAIR OU NÃO SAIR? DECISÃO EXIGE BOM SENSO

Na hora de decidir se irá ou não sair para ir ao calçadão, praia ou parque, o momento atual exige bom senso. O médico cardiologista Henrique Bonaldi explicou que se toda a população entender a importância do distanciamento, será possível realizar a atividade com segurança.

"Como cardiologista, eu sou o mais interessado em que as pessoas se exercitem. Mas como um jogo, as regras mudaram e quem decide onde vamos, quando e como, não somos mais nós e sim o coronavírus. E ele (o vírus) diz que quanto mais encontrarmos pessoas, pior será para a população.  Uma partida de futebol, por exemplo, não é recomendado. Pois além de vários jogadores e reservas, sempre tem alguém da família. Agora é o momento de escolher outras atividades menos danosas, como nadar e andar de bicicleta - sempre sem aglomeração, com distanciamento e máscara", orienta.

O médico completa que o bom senso deve-se valer não apenas na escolha da atividade e medidas de segurança já conhecidas, mas também no local e horário que ela será realizada. Devido estudos que mostram que durante as atividades físicas as gotículas lançadas pelo corpo humano podem ultrapassar dois metros, ele afirma que é mais seguro manter a maior distância possível nesses momentos, além de usar as máscaras - que ele define como uma forma de respeito ao próximo.

"O ideal é escolher lugares e locais diferentes daqueles escolhidos pelos aglomerados. Enquanto o calçadão de Camburi está cheio, não vejo a mesma quantidade de gente na BR 262 e Manguinhos, por exemplo. Enquanto às 7h ou 18h vemos um pico na movimentação, o mesmo não ocorre no meio da tarde ou após às 22h. Quem quer sair para lazer, pode fazer isso uma ou duas vezes na semana, evitando os feriados e fins de semana. Eu vou em uma praia vazia de Manguinhos toda segunda-feira com minhas filhas. Aí as pessoas perguntas: Você? Um médico saindo? Sim, não tem ninguém lá. Aí chega o fim de semana e nos trancamos em casa porque sei que terá aglomeração naquele local. Se houver esse cuidado, a chance de infecção é mínima", diz. 

Crianças de máscara olhando pela janela de casa: quarentena
Na hora de decidir se irá ou não sair para ir ao calçadão, praia ou parque, o momento atual exige bom senso. (L.Julia/Shutterstock)

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