Rachaduras nas paredes, mofo, infiltrações, fiações elétricas expostas e falta de acessibilidade. Esses são alguns problemas que podem ser observados nos prédios do campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória. As más condições em que se encontram algumas edificações frequentadas pela comunidade acadêmica ganharam destaque depois que o curso de Arquitetura precisou suspender as aulas, na última semana, devido à precariedade das instalações no Cemuni III, que ficou com corredores alagados após as chuvas na semana passada.
A reportagem de A Gazeta esteve no campus de Goiabeiras e constatou que o problema se estende a outros prédios utilizados por estudantes, professores e demais servidores. Confira a seguir:
No campus de Goiabeiras, até mesmo o prédio da Reitoria, que abriga a administração central da universidade, tem sofrido com desgastes. O edifício, que conta com três andares, apresenta rachaduras que vão de uma ponta a outra das paredes, entulhos espalhados e goteiras, como pôde se constatado pela reportagem.
No terceiro piso, que abriga a sala do reitor Eustáquio Vinícius de Castro, baldes cheios de água vinda de goteiras existentes no teto ocupam parte do corredor. “Até brincamos que essas goteiras são ‘históricas’, pois já estão aí há muito tempo”, comentou um servidor que trabalha no edifício e preferiu não se identificar.
O edifício Paulo Freire, utilizado para as disciplinas de Educação, é todo decorado com cartazes, quadros e desenhos que promovem a inclusão social. Entretanto, o local não possui ferramentas de acessibilidade. Para chegar ao segundo andar, por exemplo, só é possível por meio de dois lances de escadas, o que dificulta o acesso por cadeirantes e pessoas com deficiência. Além disso, os dois bebedouros do primeiro andar estão quebrados.
“Os bebedouros quebrados foram comprados há menos de um ano e já estão inutilizados por conta de uso indevido. Tem pessoas que usam o bebedouro como pia e, por isso, entopem os ralos com restos de comida e pó de café. Não adianta o novo equipamento já ter sido comprado se não há respeito por parte de quem utiliza o espaço”, lamenta uma das servidoras que trabalha no prédio.
O diretor de Manutenção e Equipamentos do campus Goiabeiras, Francisco Primo, afirma que as plataformas de acessibilidade estão na fase de conclusão do processo licitatório, que deve terminar no final deste ano. “A previsão da reforma da edificação é no primeiro semestre de 2025”, disse o diretor, em entrevista à TV Gazeta.
No CT III, prédio que abriga o curso de Engenharia Mecânica, estudantes e professores deparam-se diariamente com o teto desprotegido, sem forro e com fiações elétricas expostas.
Assim como no edifício Paulo Freire, a licitação está em andamento e deve terminar no fim deste ano. “O que aconteceu é que parte do forro de gesso caiu e, para que ninguém da comunidade sofresse algum acidente, optamos por retirar tudo. Queremos fazer uma reforma completa neste prédio e a previsão também é de início do primeiro semestre do ano que vem”, explica Francisco Primo.
O prédio Cemuni III sofre com mofo, trincas nas paredes, fiação elétrica exposta e, em época de chuvas, com corredores alagados, conforme relatam os alunos que frequentam o local. Diante dessa situação, os professores do curso de Arquitetura optaram por suspender o retorno às aulas, que aconteceria no último dia 21, por “absoluta ausência das condições de trabalho”, como informaram em nota.
Na quinta-feira (24), os estudantes que utilizam o prédio realizaram o ato “Cemuni III pede socorro”. Com a presença de 110 participantes, entre alunos, professores e representantes acadêmicos, foi definida como urgente a organização e o remanejamento das aulas para espaços adequados, a garantia da conclusão da obra e a formação de uma comissão de transparência para facilitar a comunicação entre estudantes e administração da Ufes.
“Entrei no curso há dois anos e, desde então, o prédio apresenta vários problemas”, conta Jonas Delarmelina, representante dos estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Ufes.
Representantes do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) realizaram uma vistoria no prédio e relataram que, apesar de a situação estar precária, os danos não oferecem risco aos estudantes e professores. “Os problemas do Cemuni III não são estruturais e não há risco de desabamento. A reforma certamente não será complexa", afirmou o gerente de atendimento do Crea-ES, José Cola.
Na última terça-feira (22), a Superintendência de Infraestrutura da Ufes disse que há uma obra em andamento no telhado do prédio e as chuvas dos últimos dias acabaram impossibilitando a utilização do espaço. "A SI destaca que está atuando para que o serviço seja concluído o mais breve possível. Segundo a direção do Centro de Artes, as aulas estão sendo remanejadas para outros espaços até que o prédio possa ser novamente ocupado, o que vai ocorrer em novembro", informa a universidade.
Questionada sobre esses problemas, a assessoria da Ufes emitiu nota sobre as reivindicações dos frequentadores do Cemuni III. “Segundo a direção do Centro de Artes, as aulas que ocorriam no prédio Cemuni III foram remanejadas para outros prédios, no mesmo Centro de Ensino”, diz o texto.
A respeito dos demais problemas verificados em outros prédios, o diretor de Manutenção e Equipamentos do campus de Goiabeiras lembrou que eventuais reformas estão sujeitas à capacidade orçamentária da universidade. “A universidade tem uma estrutura física de mais de 100 edificações e não há orçamento para fazer tudo o que é necessário em todos os sentidos e aspectos”, informou Francisco Primo.
Este conteúdo foi produzido por Yasmin Spiegel, aluna do 27° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, e teve a supervisão dos editores do Núcleo de Reportagens Mikaella Campos e Weber Caldas
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