Há exatamente 50 anos, no dia 16 de dezembro de 1972, um grupo de cerca de 42 estudantes subia no palco e ganhava o primeiro diploma de Letras com habilitação em Português e Espanhol da história da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Para celebrar o chamado “Jubileu de ouro” – quando se completa 50 anos desde a formatura –, eles se reuniram no último dia 3 de dezembro, em Vitória, e relembraram os velhos tempos.
Professora aposentada e secretária, Gilza Nery Barcelos, de 73 anos, conversou com o g1 sobre a emoção de rever os colegas de classe. Aproximadamente 13 deles marcaram presença no encontro (com blusa personalizada e tudo).
“A chegada de cada colega era uma explosão de alegria e felicidade. A impressão durante o almoço foi de que estávamos novamente juntos, como se nunca tivéssemos nos afastado. Agradecemos a Deus por esse privilégio”, afirmou.
Segundo ela, esses encontros eram frequentes entre alguns dos amigos, normalmente a cada cinco anos, mas precisaram ser interrompidos por conta da pandemia da Covid-19.
“Os encontros não se iniciaram logo após a formatura, mas, depois do primeiro, sempre marcamos uma data para nos encontrarmos. Tínhamos um marcado para o mês de fevereiro antes da pandemia, que foi cancelado”, afirmou.
Gilza Nery também contou que a turma era bastante unida, o que propiciou uma conexão entre eles, seja dentro da sala de aula, seja fora. O curso teve início em 1969. Até os professores eram incluídos nas brincadeiras e nos vínculos que foram construídos.
“Sempre fomos unidos e alegres – e até um pouco bagunceiros. Mesmo durante o curso, promovíamos festinhas e contávamos com a presença de alguns professores".
Naquela época, segundo a professora, ingressar no ensino superior ainda não era tão acessível, forçando os alunos a conciliar os estudos com o trabalho formal. Alguns deles, inclusive, seguiram outros rumos profissionais fora da Educação
"Todos trabalhavam durante o curso. Alguns não exerciam função na educação e creio que, após o curso, também não o fizeram. A maioria viveu a experiência da sala de aula com todos os desafios e implicações dessa função. A educação era levada mais a sério”, criticou.
Para ela, que chegou a ficar longe da sala de aula por algum tempo, a realidade da Educação se transformou muito dos anos 1970 para cá.
“Afastei-me por muitos anos e, ao voltar, encontrei outra realidade. A qualidade caiu e os resultados, o desempenho dos estudantes, tornaram-se frustrantes”, lamentou Gilza.
Quem também se formou no curso, mas acabou indo para o ramo da odontologia anos depois, foi o dentista e professor Haroldo Deps Almeida, de 72 anos. Devido à união do grupo, ele lembrou dos que se foram e que fizeram falta no encontro do dia 3 de dezembro.
“Éramos 46, mas alguns já partiram. Creio que hoje somos 38. A maioria de nós já passou dos 70 anos de idade. São 50 anos desafiando memórias e a falta dos que já partiram”, afirmou.
Segundo a ex-aluna e professora aposentada Maria da Conceição Aparecida Guedes Pedroni, de 72 anos, a previsão é que os encontros continuem sendo feitos com ainda mais frequência.
“Temos muito orgulho da carreira que seguimos e da nossa contribuição para a educação do nosso estado. Gratidão a Deus e aos grandes mestres que tivemos. Pretendemos continuar com os encontros de café e prosa. É pura alegria lembrar do nosso tempo de universitários”, ressaltou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta