A procuradora-geral de Justiça do Espírito Santo, Luciana Andrade, fez questão de acompanhar o início do julgamento do assassinato da médica Milena Gottardi, que começou na manhã desta segunda-feira (23), no Fórum Criminal de Vitória. Segundo ela, o caso de Milena lembra o de milhares de outras mulheres que sofrem violência doméstica dos companheiros.
Luciana, que é chefe do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), alertou que é preciso estar atento para enxergar relações tóxicas e comentou sobre o caso Milena: "Quem ama não mata, quem ama protege".
Andrade acompanhou o primeiro depoimento do julgamento, feito por Aline Fraga, amiga de Milena Gottardi. No Tribunal, a depoente disse que Hilário Frasson, ex-policial civil e ex-marido de Milena, tinha um comportamento obsessivo e abusivo não só com a médica, mas também com as filhas. Ele é acusado pela Promotoria de ser o mandante do crime.
Em entrevista para A Gazeta, a procuradora-geral de Justiça destacou que este é um "caso simbólico", que pode ser um modelo para que as pessoas revejam suas atitudes com seus parceiros.
"A gente precisa enxergar essas relações tóxicas, que acabam sendo invisíveis, porque a gente não enxerga, até como uma forma de apoiar Milena. Ela tentou, procurou a Justiça e fez o que estava ao alcance dela para proteger a ela e as filhas. A gente precisa refletir muito, são anos de um modelo equivocado de sociedade e de família que precisamos mudar", apontou Andrade.
A procuradora-geral de Justiça também elogiou o trabalho dos promotores e da acusação, com as provas colhidas para a condenação de Hilário e de outros cinco réus acusados de participarem do crime. Ela rechaçou o apelo feito pela defesa do ex-policial que apontou que o acusado não estava tendo acesso às filhas.
"Se ele não está tendo contato com as filhas, é unicamente pela responsabilidade dele. Se ele não tivesse matado a Milena, a mãe das crianças estaria com as filhas e ele poderia ter contato com as filhas de forma civilizada junto com a ex-mulher. Se hoje ele está no banco dos réus, foi porque ele escolheu matar e não amar. Porque quem ama não mata, quem ama protege. Quem ama é responsável, inclusive pelas próprias filhas", disse Luciana Andrade.
O julgamento do caso Milena Gottardi deve se estender ao longo da semana. Seis pessoas são acusadas de envolvimento no feminicídio, ocorrido no dia 14 de setembro de 2017.
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