Ensinar sempre foi o que a professora Maria Theresa Vieira Barbosa fez de melhor desde os 17 anos, mas a pandemia do novo coronavírus a forçou a deixar a sala de aula no final do ano passado. O tempo antes dedicado a educar passou a ficar ocioso, e, incomodada com a situação, a educadora arrumou uma maneira de voltar a fazer a diferença na vida das pessoas.
Aos 44 anos, a professora de História, ao ver a dificuldade que outras pessoas encontravam para agendar a própria vacina contra a Covid-19, resolveu por iniciativa pessoal ajudá-las com o agendamento em bairros mais carentes de Vila Velha, cidade onde se mudou desde que se casou.
"Resido em um prédio em Itaparica e no grupo do condomínio eu vi que alguns moradores estavam se vacinando em bairros como Paul, Cobilândia, Barra do Jucu e outros. Logo concluí que sobravam doses nestas regiões porque as pessoas destas áreas, que são mais carentes, não conseguiam agendar por vários motivos. Seja por não ter um computador em casa, celular sem internet e até falta de documentos. Isso me incomodou e então comecei a fazer contatos para identificar estas pessoas menos favorecidas para colocá-las nas listas", explicou a carioca, que realiza os agendamentos quando é procurada ou identifica alguém com dificuldades para realizar o agendamento.
Para concluir os agendamentos, Maria Theresa coloca os dados pessoais dos moradores em uma planilha e fica atenta as datas para já agendar a segunda dose respectiva. Ela conta com o apoio de uma voluntária especial: a filha Júlia, de 11 anos.
"Como fico em casa a maior parte do tempo em casa agendando, ela pega o celular dela e também me auxilia. Desta forma a gente consegue colocar mais pessoas na fila de vacinação e aumentar a quantidade de imunizados. Felizmente o boca a boca ajudou, grupos de igrejas também nos procuram e mais pessoas estão recebendo a vacina ou ficam mais próximas dela", disse a professora.
A determinação da professora fez com que nem mesmo o taxista que a levou para vacinar na semana passada ficasse sem se imunizar. Na conversa até o local de vacinação, ela perguntou ao profissional se ele já havia sido imunizado. Com a negativa, no táxi mesmo ela pegou os dados e realizou o agendamento em sequência.
"É mais um tipo de gente que não para ou tem tempo. Muitas vezes os horários são conflitantes entre a abertura do agendamento e a disponibilidade da pessoa. Vendo a situação dele (Manoel Gomes da Silva), já providenciei o agendamento dele e também de outros colegas do ponto onde costuma ficar. É assim que sigo fazendo a diferença na vida das pessoas. Se não posso ensinar momentaneamente, ajudo como posso", explicou.
Até o momento, Maria Theresa já conseguiu providenciar a primeira dose para cerca de 200 pessoas. Número que enche de orgulho o filho Gabriel, que mora no Rio de Janeiro e vê de longe a mãe empenhada em ajudar a quem mais necessita no momento.
"É muito engraçado ver isso ocorrendo, pois, sempre a ajudei com qualquer coisa envolvendo computadores e tecnologia, mas agora ela consegue ajudar os outros e já entende bastante de como funciona o sistema de cadastro, de quando ficam disponíveis e tudo mais nesse ímpeto de ajudar as pessoas. Aí não tem como não transbordar de orgulho", contou o designer da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Maria Theresa não se dá por satisfeita apenas agendando. Com o apoio da rede "Amigos do Bem do ES", ela e outros voluntários estão providenciando maneiras de levar estas pessoas aos postos de vacinação, visto que muitos perderam os respectivos empregos, não possuem condições financeiras para o transporte.
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