Professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) decidiram entrar em greve, por tempo indeterminado, e reivindicam melhorias na carreira. A paralisação já conta com a adesão de servidores da própria universidade e também de docentes do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
No Ifes, a comunicação oficial da greve foi feita na última quinta-feira (4) e a paralisação começou nesta terça (9), enquanto na Ufes a assembleia em que os profissionais decidiram aderir ao movimento, que é nacional, foi realizada nesta terça (9), na sede da Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), com suspensão das atividades a partir da próxima segunda (15). Essa proposta recebeu 123 votos contra 65 de outra, que previa a permanência do estado de greve, mas sem data para deflagração do movimento.
Em pauta nacional unificada, os docentes das instituições federais de ensino pedem reajuste de 22,71%, dividido em três parcelas iguais em 2024, 2025 e 2026. Já o governo federal propõe reajuste zero este ano, e dois reajustes de 4,5% em 2025 e 2026.
Os professores também cobram a equiparação dos benefícios e auxílios com os dos servidores do Legislativo e do Judiciário. Segundo a seção sindical do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), os serviços essenciais serão mantidos durante a greve.
Diante do resultado da assembleia realizada nesta terça-feira pela Adufes, a Administração Central da Ufes informa, em nota, que ainda não foi comunicada oficialmente sobre a decisão de paralisação dos professores, em adesão ao movimento nacional da categoria.
No entanto, assim que for oficialmente informada, a Administração Central da Ufes afirma que pretende criar um grupo de trabalho para atuar junto a membros da Adufes, como já vem acontecendo junto aos representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Ufes (Sintufes).
"A Administração Central reconhece a legitimidade do movimento, mas atuará para que, durante a paralisação, o processo seja conduzido de forma a minimizar ao máximo os impactos para estudantes, técnicos e docentes da Universidade, e para a sociedade. Por fim, a Administração Central da Ufes também se coloca à disposição para encaminhar as propostas do movimento às instâncias superiores, buscando alcançar a melhor das soluções para todas as partes", diz em nota.
Já o Ifes destaca, nas redes sociais da instituição, que a mobilização é nacional e tem reivindicações dirigidas ao governo federal.
"O Ifes respeita o direito de greve e reitera à sociedade que a deflagração do movimento grevista é uma decisão coletiva, da categoria profissional, definida em assembleia organizada pela entidade sindical. A adesão à greve corresponde ao posicionamento individual de cada servidor. Logo, a decisão sobre a paralisação ou não das atividades nas unidades e na Reitoria do Ifes não é de competência institucional, e poderá haver diferentes percentuais de adesão ao movimento em cada campus", pontua.
A instituição garante, ainda na nota, que quaisquer prejuízos às atividades letivas e administrativas deverão ser compensados posteriormente.
A construção da greve nacional unificada está mobilizando professores de instituições federais de ensino de todo o país. Além da Ufes e do Ifes, docentes de outras universidades e institutos federais já aprovaram a deflagração de greves, como na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e no Instituto Federal do Sul de Minas Gerais. Pelo menos uma dezena de outras instituições já aprovou indicativo de greve, ainda sem definição de data, que podem ser marcadas em assembleias a serem realizadas ao longo da semana.
O Ministério da Educação (MEC), também em nota, destacou que "vem envidando todos os esforços para buscar alternativas de valorização dos servidores da educação, atento ao diálogo franco e respeitoso com as categorias". A pasta ainda destacou o reajuste concedido pelo governo federal aos servidores públicos, em 2023.
"No ano passado, o governo federal promoveu reajuste de 9% para todos os servidores. Equipes da pasta vêm participando da mesa nacional de negociação e das mesas específicas de técnicos e docentes instituídas pelo MGI [Ministério da Gestão e Inovação dos Serviços Públicos] e, ainda nessa semana, conduzirão reunião da mesa setorial que trata de condições de trabalho".
Servidores das áreas técnicas e administrativas da Ufes entraram em greve no dia 13 do mês passado. Naquela data havia profissionais de ao menos 32 universidades e institutos federais participando do movimento, buscando melhorias nas condições de trabalho e valorização salarial.
Segundo o Sintufes, a principal reivindicação é a reestruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnicos (PCCTAE) e o reajuste salarial de 34,32%, também defendido por outros servidores federais.
Daniel Pompermayer, coordenador de imprensa do Sintufes, afirma que a categoria acumula perdas salariais que já ultrapassam os 53%. Além disso, grevistas também pedem que o orçamento da instituição seja reestabelecido, no mínimo, ao patamar de 2015.
Em nota à reportagem de A Gazeta na ocasião, o Ministério da Gestão, Inovação e Serviços Públicos informou que em 2023, após negociação com as entidades representativas dos servidores federais, concedeu reajuste de 9% para todos os servidores, além do aumento de 43,6% no auxílio-alimentação. Acrescentou que esse foi o primeiro acordo para reajustes fechado entre o governo e servidores em oito anos.
Com informações da Agência Brasil
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